Se era noite para recorde, foi o Santa Clara que o bateu (crónica)
Muitas dificuldades para o Sporting entrar na área do Santa Clara (IMAGO)

Sporting-Santa Clara, 0-1 Se era noite para recorde, foi o Santa Clara que o bateu (crónica)

NACIONAL30.11.202423:30

Açorianos venceram pela primeira vez em Alvalade e os leões voltaram a perder e a perder pontos em casa, não ultrapassando a marca que vinha de 1990/1991: 11 vitórias a abrir a Liga.

Os recordes são como quase as bruxas. Podemos não lhes ligar muito, mas que eles existem, existem. Importante para este Sporting, quase decisivo, era ganhar a este sensacional Santa Clara (4.º classificado após um terço de Liga) para afastar fantasmas que apareceram após a goleada sofrida frente ao Arsenal. Ao mesmo tempo, vencendo, os leões deixavam FC Porto a nove pontos (menos um jogo) e Benfica a 11 (menos dois).

Depois, sim, poderiam pensar nos recordes. E os leões tinham este sábado dois em mente: o de melhor entrada num campeonato e o de maior série de jogos sem perder para a Liga. Ambos estavam na mão de João Pereira e dos seus jogadores. Bastava um triunfo, por magrinho que fosse, e caía o primeiro que fora estabelecido em 1990 e revalidado em 2024; bastava não perder e caía o segundo, que vinha de 2020/2021 e também de 2023/2024 +2024/2025.

O Santa Clara, porém, não estava para aí virado. Ganhou e ganhou bem e nenhum dos pretendidos recordes do Sporting caiu. E a eles juntou-se ainda a quebra de bela sequência de 53 jornadas do Sporting sempre a marcar na Liga. Tudo, meus caros, devido a grande exibição da equipa de Vasco Matos. Defendeu muito bem e atacou quanto e quando conseguiu. Conseguiu um golaço de Vinícius e ainda perdeu uma oportunidade soberaníssima por intermédio de Daniel Borges na construção da sua primeira vitória em Alvalade.

Os justos festejos dos jogadores do Santa Clara (IMAGO)

Já se escreveu que o Santa Clara ganhou e ganhou bem. E a exibição do Sporting, se não rondou o zero, andou muito perto. A primeira verdadeira oportunidade de golo apareceu apenas ao minuto 69, num belo cruzamento de Harder a que a cabeça de Gyokeres correspondeu com um desvio, quase milimetricamente, ao lado do poste esquerdo.

Os leões tiveram muito mais bola para jogar, sim, mas quase sempre não entendeu o que era preciso fazer para chegar com perigo junto da baliza dos açorianos. O centro da defesa, sobretudo Diomande e Matheus Reis, sentiu imensas dificuldades para deter os atacantes do Santa Clara, sempre que estes ultrapassavam a linha de meio-campo.

Depois, numa equipa recheadíssima de talento (Quenda, Catamo, Trincão, Edwards, Gyokeres, mais tarde Maxi Araújo e Harder) foram escassos os momentos em que a baliza de Gabriel Batista esteve em perigo. Remates perigosos enquadrados…. zerinho, o que diz bem da qualidade exibicional dos açorianos.

João Pereira trocou cinco jogadores relativamente ao onze que perdeu com o Arsenal (Israel por Kovacevic, St. Juste por Debast, Gonçalo Inácio por Matheus Reis, Morita por Daniel Bragança e Maxi Araújo por Catamo), mas nada correu bem. Falhas defensivas e quase nulas falhas atacantes, porque apenas houve duas oportunidades de golo para os leões. Depois, a acrescentar a tudo isto, o Sporting teve a capacidade mental para, como fizera em Braga, por exemplo, na anterior jornada da Liga, galvanizar-se a si e aos adeptos. Hjulmand foi uma sombra de si próprio, tal como quase todos os restantes jogadores leoninos, excluindo talvez Catamo. Quenda, outro exemplo, foi quase zero. Nem rasgo, nem talento.

O mais fácil agora é apontar o dedo à saída de Ruben Amorim e à entrada de João Pereira. É prematuro fazer essa análise e essa comparação, mesmo com duas derrotas seguidas. A verdade, porém, é que este Sporting foi uma sombra daquilo que já fez esta época e daquilo que fez na época passada. Foi um Sporting igual à primeira parte do jogo de Braga. Quando o treinador era Ruben Amorim.