ENTREVISTA A BOLA «Schmidt? No fim da época, os sinais já eram de fim de ciclo»
João Henriques concorda que o técnico alemão poderia ter saído mais cedo do Benfica
– No caso do Benfica, Schmidt ficou tempo demais?
– Quando a época passada acaba, os sinais eram dum fim de ciclo de encantamento, porque a exigência dos três grandes é a de se ter de ganhar sempre. Quando não se ganha, há sempre contestação. Eu também cometi erros de comunicação e, às vezes, um ligeiro erro, quando não é bem interpretado, quando não é bem passada a ideia, torna-se gigante, que foi muito o que aconteceu com o Roger Schmidt. Houve o ano do encantamento de ser campeão, e no ano em que as coisas não estão a correr bem, eis que há uma frase marcante que depois resultou naquela contestação toda, que foi mandar para casa as pessoas que estavam a assobiar. Se calhar a ideia não era bem assim, mas depois quando é passada da forma como é… E, culturalmente, nós somos muito mais sangue-quente no sul da Europa, ele é um treinador alemão, tem uma cultura diferente, uma forma diferente de encarar as coisas com alta frieza e isso não é interpretado assim pelas pessoas.
– Bruno Lage foi uma boa opção?
– É um treinador da casa que já conhece o ambiente e que puxou novamente os adeptos para apoiarem a equipa num momento em que esta estava muito em baixo. Isso fez toda a diferença para o Benfica voltar a parecer melhor equipa. Há poucos meses, não tinha hipótese nenhuma… O adepto quer ganhar, é muito emocional, isso é o que os profissionais, tanto jogadores como treinadores, têm de entender, que as pessoas vão pela paixão, vão pelo espetáculo, vão para defender o clube, e olham para o resultado e ponto final, parágrafo; tudo o resto é acessório. Nós temos de perceber essa parte emocional e oxalá que nunca deixe de acontecer.