«Schjelderup mostrou que o Benfica não precisa de Di María»

NACIONAL19.01.202521:00

António Simões considera que o norueguês escreveu uma nova verdade sobre a equipa encarnada. Defende que o problema de Bruno Lage, agora, «é a abundância» e lança desafio aos jogadores para o jogo com o Barcelona

Di María é o melhor marcador do Benfica e poderá regressar à equipa na terça-feira, com o Barcelona, na UEFA Champions League, Schjelderup é o jogador da moda e vai, seguramente, ser escolha inicial para o duelo europeu do Estádio da Luz. Um extremo que muito diz aos benfiquistas foi, pois, escolha de A BOLA para falar dos donos dos lados direito e esquerdo do ataque benfiquista.

«São jogadores distintos, muito pouco têm a ver com o outro, um nasceu extremo, para jogar de um lado ou de outro [Di María]. A questão do esquerdino a jogar do lado direito é algo recente, quem criou isso foram os treinadores de andebol, onde começámos a ver isso foi no andebol, os treinadores de futebol criaram muto pouco, os treinadores das modalidades criaram muito. Onde vemos o bloqueio? No basquetebol. E o voleibol foi o jogo que mais combinações criou. Os treinadores de futebol aprenderam com os treinadores das outras modalidades», começa por explicar António Simões.

«São, como disse, distintos, um nasceu para jogar por fora, Di María, que antes de jogar na direita jogava no lado esquerdo, como o típico extremo. Hoje, com a possibilidade de vir para dentro, os extremos tornaram-se goleadores também, antigamente eram decisores. No caso de Di María, é as duas coisas», reforçou.

A voz autorizada de António Simões, campeão europeu pelo Benfica em 1961/62, também aprova Schjelderup: «O miúdo é avançado, pode fazer esquerda, direita ou centro, jogando nas costas do ponta de lança. É um avançado puro, daqueles que não se pode puxar muito para trás. Não é um pensador de jogo, mas é irreverente, muito móvel, aparece com facilidade no espaço, gosta de driblar e tem um centro de gravidade ótimo, quando dribla mantém a bola junto dele, tocam na bola, mas é difícil tirá-la. É um avançado que ajuda imenso a solicitar o passe, movimenta-se, obriga a receber, é ótimo para quem joga no meio-campo, na zona de serviço. São distintos e, por isso mesmo, são compatíveis.»

Di María falhou o jogo com o Famalicão por lesão, mas o Benfica venceu com segurança (4-0), contando com a contribuição de Schjlederup. «Só sabemos as coisas quando elas acontecem. Não estando Di María, as pessoas perguntavam-se quem iria criar oportunidades, servir, marcar. Estava toda a gente a ficar preocupada, mas o miúdo apareceu, sem medo, atrevido. Não é o substituto de Di María, jogam os dois, ele conseguiu fazer com que pessoas não ficassem preocupadas e mostrar que a equipa não depende de Di María, que não precisa de Di María. Havia um certo receio no caso de Di María se lesionar. Quem faria o trabalho dele? Ninguém faz o trabalho de Di María, Schjelderup fez o seu próprio trabalho, levantou-se um problema diferente e encontrou-se diferente solução», explicou o magriço, que supõe agora um enigma diferente na cabeça do treinador do Benfica: «Bruno Lage foi pondo jogadores por necessidade e encontrou a abundância e agora tem problema de abundância em vez de um problema de necessidade. Agora o problema não é quem vai jogar, mas quem vai ele tirar da equipa.»

Por fim, o Barcelona, o duelo de grandes da Península Ibérica, com grande importância para as contas da fase de liga da UEFA Champions League: «É preciso não estar apenas preocupado com o que o adversário joga, mas com aquilo que eu próprio posso jogar. Jogo bem porque não deixo jogar o adversário ou jogo bem porque sei fazer o meu jogo?», questiona António Simões, que deixa desafio aos jogadores do Benfica: «Imaginem este grande desafio, jogar contra um grande clube e uma grande equipa e o desafio é superarem-se. É um grande desafio na cabeça dos jogadores, é fantástico, jogar contra o Barcelona, mas o desafio é pensar que jogam no Benfica e têm dimensão para jogar contra este Barcelona, pois estão também a jogar num grande clube. O desafio é meter isso na cabeça. Os grandes jogadores são para os grandes jogos.»