Villas-Boas tomou posição que Rui Costa e Varandas já tinham tomado. Mas não há milagres...
A quatro pontos do líder Sporting, a um do vice-líder Benfica, o FC Porto continua na corrida pelo título, apesar da derrota, este domingo, em Barcelos, com o Gil Vicente — terceira seguida em todas as competições, segunda no campeonato. E no entanto... A contestação subia de tom, e percebe-se. O problema não é o FC Porto estar fora da corrida. O grande problema é que este FC Porto, a cada jogo que passava, mais deixava a impressão de não ter capacidade para correr.
Sim, o FC Porto está na corrida pelo título, a quatro pontos do Sporting e a um do Benfica. Mas só está a quatro do Sporting porque Alvalade passou profunda crise com João Pereira no banco, que Frederico Varandas resolveu relativamente depressa com nova troca de treinador; e só está a um do Benfica porque os encarnados deixaram fugir cinco pontos nas quatro primeiras jornadas da Liga (mais tarde também tiveram duas derrotas seguidas, com Sporting e SC Braga, e as coisas também não parecem perfeitas, neste momento, para as bandas da Luz), problema também resolvido rapidamente por Rui Costa com o despedimento de Roger Schmidt.
Atendendo a isso, atendendo ao período negro que o FC Porto atravessa (só uma vitória nos últimos oito jogos fora de casa), não surpreendeu que André Villas-Boas tomasse medida radical como as de Rui Costa e Varandas e afastasse Vítor Bruno. Mas nem o treinador era a fonte de todos os males do dragão, nem, por consequência, os portistas podem esperar que uma chicotada psicológica resolva mais que a parte psicológica — e se calhar nem isso.
Dragões comunicam a saída do treinador, que tinha contrato até 2026. Assim que foi conhecida a decisão, várias dezenas de adeptos presentes no exterior do Estádio do Dragão responderam com aplausos e cânticos de apoio ao emblema azul e branco. Próximo jogo é na quinta-feira, diante do Olympiakos, e há duas hipóteses em cima da mesa
Será o novo treinador capaz de resolver o descontrolo emocional de Samu, expulso em fúria em Barcelos, no final do jogo, depois de em Moreira de Cónegos, há menos de dois meses, ter acabado em lágrimas com a eliminação na Taça de Portugal? Será um técnico diferente impermeável a consecutivos erros de uma série de jogadores (claro, pode não pôr Otávio a jogar, mas se Tiago Djaló ou Zé Pedro fossem a solução não teriam saído da equipa, porque já foram titulares esta temporada)? Provavelmente não. Este FC Porto tem bons jogadores, mas tem outros que, num ano normal e não de vacas tão magras, dificilmente teriam lugar no plantel.
Vítor Bruno não perdeu pontos em casa no campeonato. Por outro lado, dos cinco primeiros da Liga, só recebeu o SC Braga. Não se notava evolução na equipa, pelo contrário, por isso a decisão de afastar o treinador é lógica. Dos três candidatos ao título, o FC Porto parecia o mais frágil. Simplesmente, acho que essa perceção não mudará com novo treinador...