Sabe onde Pedro Gonçalves rende mais? (não é onde está à espera...)

Facto inédito desde a chegada do português a Alvalade. Marca e assiste mais como médio do que como avançado... Consegue manter rendimento mesmo estando mais longe da baliza

Pedro Gonçalves chegou a Alvalade rotulado de médio. De qualidade. Após uma época de grande nível em Famalicão. Um 8 que não se destacava pela potência ou velocidade. Primava pela inteligência, mais refinado, com capacidade de passe e de atacar o espaço, criatividade e uma versatilidade preponderante. Qualidades que, na ideia de jogo criada por Rúben Amorim, lhe pareceu curto para essa posição. Ofereceu-lhe, então, uma missão mais abrangente, de muito maior notoriedade, em zonas de decisão. No trio ofensivo, por norma pelo corredor esquerdo ou direito. Um tiro, que, já sabemos, foi certeiro. Pedro Gonçalves, no ano de estreia, sagrou-se campeão e… goleador do campeonato: 23 golos em 37 jogos. Brilhante. 

A partir daqui, salvo algumas exceções por problemas de castigos ou lesões no miolo, Pedro Gonçalves transformou-se num avançado… goleador. E quantas vezes ouvimos: «Pedro Gonçalves? Quanto mais perto da baliza, melhor…». Muitas, certamente. Pois foi ali que conquistou o estatuto de um dos jogadores mais influentes da era Amorim. Com rendimento impressionante. Golos e assistências sempre nos dois dígitos. Num Sporting que, à exceção desta época, viveu quase sempre órfão de verdadeiro goleador, uma referência no ataque. Essa necessidade foi aguçando o engenho de Pedro Gonçalves. Nunca perdendo aquela aura de uma espécie de médio de recurso, em part-time, sempre que faltava alguém numa zona povoada com figuras como Palhinha, João Mário, Matheus Nunes ou Ugarte. Mas era na frente que Pedro Gonçalves vestia o fato de super-herói, de elemento decisivo. 

Pois bem, tudo isso parece ter mudado. Com uma ideia de jogo trabalhada em muito numa referência ofensiva, do intocável Gyokeres, que teve um impacto ao nível das grandes estrelas, Pedro Gonçalves passou a trabalhar mais na sombra. E a ausência de alternativas do setor intermediário, no qual Morita e Hjulmand têm estatuto de titulares, ofereceu a Pedro Gonçalves um papel (ainda) mais decisivo na zona central. Tanto que, olhando para os números do português esta época, são mesmo superiores nessa zona. É a primeira vez que isto acontece desde 2020/2021. 

Esta temporada, como avançado, somou quatro golos e três assistências, mas como médio leva seis golos e ofereceu cinco. Com a saída de Morita para a Taça Asiática foi Pedro Gonçalves (como quase sempre...) a tapar o buraco. Mas desta vez, contrário de épocas anteriores, com uma influência muito maior. Mais do que o próprio japonês (1 golo, três assistências). Mesmo com Morita e Koba Koindredi prestes a chegar, Pedro Gonçalves é, neste momento, o médio mais influente...

Um dos mais azarados...

Existem muitas outras particularidades na época de Pedro Gonçalves. Cerca de seis meses onde tem alternado entre o ataque e o meio-campo (muitas vezes dentro do próprio jogo). Numa análise estatística – dados recolhidos pela Liga – o médio está no topo dos jogadores mais... azarados da prova. Pois ninguém rematou mais vezes aos ferros na competição: cinco no total.

Mesmo tendo essa versatilidade como arma, Pedro Gonçalves também ocupa lugares cimeiros entre os jogadores com mais tentativas de golo: 27. Está na 5.º posição neste ranking que, curiosamente, é liderado por... Gyokeres, sueco que soma 32 tentativas, seguido de Rafa (Benfica), Banza (SC Braga) e Mújica (Arouca).