Rui Águas: «Antigamente um FC Porto-Benfica era expulsões, pancadaria, confusão...»

Rui Águas: «Antigamente um FC Porto-Benfica era expulsões, pancadaria, confusão...»

FUTEBOL22.10.202323:19

O mítico avançado português falou sobre a transferência entre clubes rivais, a pressão da comparação com o seu pai e revela o melhor jogador com quem partilhou balneário

Rui Águas, célebre goleador português nas décadas de 80 e 90, foi o mais recente convidado do Final Cut. No podcast, o antigo jogador abordou vários temas, numa conversa descontraída onde fez algumas revelações curiosas.

A carreira do avançado está repleta de momentos marcantes, sendo talvez o mais marcante o hat-trick marcado ao FC Porto a 4 de janeiro de 1987. «Foi o momento mais feliz, em termos de campeonato nacional. Esse jogo marca também a minha afirmação absoluta em relação ao meu pai e àquilo que sempre carreguei nos ombros» diz o antigo jogador, confessando que o paralelismo com o pai foi sempre um legado pesado. «Porque perdia sempre para o meu pai, porque sabia a dimensão que ele tinha», resume. A lenda do Benfica salienta ainda a pressão de «querer fazer uma carreira e, continuamente, não ser tão valorizado como se fosse só uma pessoa e não uma família». 

O bis contra o Steaua Bucareste é também recordado com carinho, pelo que a vitória representou. «Nessa altura proporcionou-se a possibilidade de disputar uma final que o Benfica não jogava há muito tempo» comenta, abordando de seguida a final disputada em Estugarda, contra o PSV, que o Benfica viria a perder. Rui Águas não guarda ressentimentos nem inventa desculpas: «O troféu ficou bem entregue, o PSV era melhor equipa que nós. Batemo-nos como pudemos. Eu lesionei-me na segunda parte e, sem Diamantino, estávamos carentes de talento».

Benfica e Steaua Bucareste entram em campo, Taça dos Campeões Europeus, Roménia 1988. Foto: ASF/PRESS PHOTO AGENCY

Transferência polémica

O final da temporada viu o filho pródigo a transferir-se para o rival do Norte. Rui Águas não se arrepende, mas confessa que, por vezes, se questiona sobre a decisão. Deixa muitos elogios à Cidade Invicta, cidade que o acolheu: «Não é conversa, no Norte do país as pessoas recebem-te de uma forma diferente, ajudam de uma maneira diferente, e as pessoas fizeram questão de me fazer sentir bem, mesmo num sítio onde supostamente não devia estar». 

Menos acolhedor foi o balneário numa primeira instância. «Cheguei como um jogador rival, o balneário estranhou, talvez o dinheiro também tenha feito a diferença, não sei…». O histórico do futebol português acrescenta que «naquela altura o jogo era muito violento, era criado um ambiente que felizmente hoje não se cria tanto. Dentro do campo, sem VAR e com árbitros que não eram propriamente bons, o jogo era mais lutado que jogado. Um jogo Benfica Porto na altura era expulsões, pancadaria, confusão… hoje as coisas estão mais ordenadas, felizmente. Mas acabei por me integrar e fiz o meu caminho».

A propósito da sua breve estadia nos Dragões, Rui Águas nomeia Madjer como o melhor jogador com quem partilhou balneário, «um jogador incrível, um talento como nunca tinha percebido que podia existir». 

Rabah Madjer, antigo futebolista do Porto. Foto: ASF/PAULO SANTOS

Quando desafiado a nomear o central mais difícil com quem travou batalhas, aponta para Pedro Venâncio, defesa do Sporting. O antigo goleador do Benfica diz que jogou «numa época em que a maioria dos considerados bons centrais era quem dava mais pancada no adversário», e que admirou muito Venâncio, pois apesar das lesões que o assolaram, «teve sempre um ritmo muito bom e uma postura que lhe permitia ser bom central e roubar bolas sem dar tanta pancada».