Lionel Messi é o primeiro jogador a ganhar a Bola de Ouro sem estar a jogar na Europa. No entanto, já houve outros sete que ganharam o prémio sem jogarem numa das principais ligas europeias – e Eusébio é, claro, um deles
A 67ª edição da Bola de Ouro será recordada como a noite em que Messi cimentou o seu legado. Após conquistar o Mundial, venceu a sua 8ª Bola de Ouro e recebeu-a agora enquanto jogador do Inter Miami, ainda que o período de avaliação diga respeito ao Paris-Saint Germain.
O facto de o argentino ser o primeiro jogador a receber o prémio jogando fora da Europa só é possível devido a duas regras.
Esta segunda-feira será marcada pela entrega do prémio ao melhor jogador do mundo na época 2022/23. Mas como é eleito o vencedor do prémio individual mais prestigiante do futebol?
Quando foi criada, a Bola de Ouro só era entregue a jogadores nascidos na Europa e que aí jogavam. Tal mudou em 1995, quando qualquer jogador que atuasse na Europa passou a poder, também, ser nomeado. Apenas em 2007 é que a lista de possíveis vencedores se alargou à escala mundial.
Deste modo, é normal que a grande maioria dos vencedores na história da Bola de Ouro jogasse numa das 5 principais ligas europeias – que historicamente foram a Liga Inglesa, Alemã, Italiana, Espanhola e Francesa. No entanto, para além de Messi, outros sete nomes foram considerados como o melhor jogador do mundo enquanto atuavam numa liga periférica.
É preciso ter em conta, em todo o caso, que alguns dos vencedores representam épocas douradas de alguns emblemas europeus, e num período da histórica entre a clivagem entre campeonatos não era tão acentuada.
Eusébio e Cruyff são os mais conhecidos vencedores fora das ‘Big-5’
Eusébio tornou-se no primeiro de três portugueses a vencer a Bola de Ouro (seguindo-se Luís Figo e Cristiano Ronaldo) em 1965, um ano em que ganhou o campeonato português e foi o melhor marcador da (então) Taça dos Campeões Europeus, competição na qual ajudou o Benfica a chegar à final, perdida para o Inter.
De resto, em 1965, Eusébio marcou 48 golos em 39 jogos e, na Bola de Ouro, bateu a concorrência de dois jogadores do Inter (Giacinto Facchetti e Luis Suárez).
Johann Cruyff, um homem com uma influência indelével no futebol, venceu a sua primeira Bola de Ouro em 1971 quando atuava na Holanda, com a camisola do Ajax.
Nesse ano, venceu o primeiro de três títulos europeus consecutivos. Curiosamente, não conquistou o campeonato holandês (algo que fez por 11 vezes enquanto jogador), mas venceu a taça local. Cruyff venceria outras duas Bolas de Ouro quando já atuava pelo Barcelona.
Os outros cinco jogadores que ganharam a Bola de Ouro vieram de um contexto mais a leste na geografia do futebol europeu.
O primeiro foi Josef Masopust em 1962 (quando ficou à frente de Eusébio). O médio checoslovaco venceu o campeonato local nesse ano pelo Dukla de Praga e, acima de tudo, levou a Checoslováquia até à final do Mundial, jogado no Chile. Até marcou na final, mas acabou por perdê-la para o Brasil (3-1).
No ano seguinte, Lev Yashin tornou-se no primeiro, e até hoje único, guarda-redes a vencer a Bola de Ouro, quando jogava na Liga da URSS pelo Dínamo Moscovo – o único clube que conheceu durante toda a carreira.
Conhecido como a Aranha Negra, conquistou neste ano o campeonato local e é homenageado todos os anos pela France Football com um prémio em seu nome, atribuído ao melhor guarda-redes do mundo.
A revista francesa também vai eleger a melhor jogadora, o melhor guarda-redes e o melhor jogador sub-21 do mundo
Em 1967 foi a vez do magiar Flórián Albert vencer a Bola de Ouro – atuava no Ferencváros e venceu a Liga Húngara nesse ano.
O avançado teve várias épocas de destaque – esteve na melhor equipa do Europeu de 1964 e foi o melhor marcador da Liga dos Campeões em 1966, mas só no ano seguinte é que chegou ao pódio da Bola de Ouro, ficando à frente de Bobby Charlton.
Campeão do mundo pela Inglaterra em 1966 faleceu aos 86 anos
Os últimos dois vencedores da Bola de Ouro a jogarem fora das principais ligas europeias conquistaram o prémio quando atuavam pelo mesmo clube, o Dínamo de Kiev, onde foram colegas de equipa e tiveram o mesmo treinador – Valeriy Lobanovskyi.
O primeiro foi Oleg Blokhin, em 1975, ano em que venceu a Liga da URSS, a Taça das Taças (marcou um golo na final, frente ao Ferencváros) e a Supertaça Europeia, tendo feito os únicos três golos da final frente ao Bayern de Munique. Neste ano, o avançado bateu a concorrência de Franz Beckenbauer e de Johan Cruyff.
O segundo foi Igor Belanov, em 1986. Nesse ano, o avançado ganhou três troféus a nível de clubes: a Liga e a Supertaça da URSS, e a Taça das Taças, tendo sido o melhor marcador desta competição.