Problema identificado: Schmidt quer mais bola na Champions
Roger Schmidt, treinador do Benfica (Pedro Loureiro/Avants Sports/IMAGO)

Problema identificado: Schmidt quer mais bola na Champions

NACIONAL06.11.202322:31

Técnico alemão tem fórmula para tentar compensar o que não houve

Quem tem mais bola está mais perto das vitórias. Todos o sabem, mas nem todos conseguem aplicar a velha máxima e este tem sido um problema do Benfica na Liga dos Campeões. Frente à Real Sociedad, amanhã, em San Sebastián, Roger Schmidt pretende virar a página. «Queremos mudar as coisas na Champions, somos o Benfica», disse o técnico das águias, após a partida em Chaves, que a equipa venceu por 2-0. 

As fragilidades estão identificadas e a alteração da tática para o 3x4x3 foi uma forma de o alemão tentar corrigir fragilidades. Na primeira final que terá pela frente se ainda quiser sonhar com a passagem aos oitavos de final da Champions, o Benfica, que detém o pior ataque da competição (0 golos, tal como o Milan), defrontará apenas a melhor defesa (1 golo, sofrido, a par do Barcelona). 

Mas isto é uma consequência. Porque na origem, no comparativo entre as duas equipas, está a capacidade de mandar no jogo. No jogo da primeira volta da fase de grupos, na Luz, que os bascos venceram por 1-0, a maior diferença esteve aqui: a Real teve 62 por centode posse de bola, criou quase o dobro dos ataques (54 contra 29) e fez muito mais passes (582 contra 350). Não por acaso, os encarnados foram obrigados a correr mais que o adversário (mais três quilómetros).

Comparativo das duas equipas na Champions

Golos marcados 
Real Sociedad
Benfica
Golos sofridos 
Real Sociedad
Benfica
Tentativas de golo 
Real Sociedad38
Benfica34
Média de posse de bola 
Real Sociedad53,3%
Benfica49,3%
Ataques 
Real Sociedad137
Benfica124
Recuperações 
Real Sociedad132
Benfica121
Mais livres 
Real Sociedad38
Benfica51
Mais cruzamentos 
Real Sociedad43
Benfica46
Mais defesas 
Real Sociedad5
Benfica10
Distância percorrida 
Real Sociedad350,6 Km (116,87 km por jogo)
Benfica351,44 km (117,15 km por jogo)

Fonte: UEFA

Entre as 32 equipas em prova, as águias têm uma média de posse de bola abaixo dos 50 por cento (49,3%) e são das que menos atacam. Isto poderia ser compensado com uma elevada taxa de acerto na finalização, mas também não é isso que sucede. Comparativamente com os bascos, os campeões nacionais têm apenas menos quatro tentativas de golo ao fim de três jornadas da fase de grupos, fizeram mais cruzamentos e até tiveram muito mais livres (51 contra 38). E no global também correram mais (117,15 km por jogo vs. 116,87 km). Em suma, as águias de Schmidt confrontam-se com uma questão de controlo, critério e equilíbrio.

Foi em 3x4x3 que o Benfica conseguiu, pela primeira vez esta época, terminar dois jogos consecutivos sem sofrer golos

Quanto a este último fundamento, o treinador acredita que a equipa melhorou com a alteração tática. Não por acaso, o Benfica terminou dois jogos consecutivos sem sofrer golos pela primeira vez esta época (2-0 em Arouca e 2-0 em Chaves). 

Frente a frente dos dois melhores marcadores nas respetivas ligas

Seguir-se-á agora a busca pelo maior controlo e critério. A aposta em quatro centrocampistas de raiz para preencher a linha média tem tudo para continuar, resta apenas saber se o tridente de ataque não irá sofrer alguma mexida. Porque apesar de ainda ser cedo para chegar a conclusões, o jogo de Chaves expôs uma diferença relativamente ao jogo anterior fora de casa, para a Liga: frente ao Estoril, os remates do Benfica nasceram maioritariamente da zona central e do lado direito, enquanto em Trás-os-Montes houve maior diversidade (63% pelo meio, 19% pela esquerda e 13% pela direita).  Sinais de alguma mudança que carecem de confirmação em Espanha.