Quem tem mais bola está mais perto das vitórias. Todos o sabem, mas nem todos conseguem aplicar a velha máxima e este tem sido um problema do Benfica na Liga dos Campeões. Frente à Real Sociedad, amanhã, em San Sebastián, Roger Schmidt pretende virar a página. «Queremos mudar as coisas na Champions, somos o Benfica», disse o técnico das águias, após a partida em Chaves, que a equipa venceu por 2-0. As fragilidades estão identificadas e a alteração da tática para o 3x4x3 foi uma forma de o alemão tentar corrigir fragilidades. Na primeira final que terá pela frente se ainda quiser sonhar com a passagem aos oitavos de final da Champions, o Benfica, que detém o pior ataque da competição (0 golos, tal como o Milan), defrontará apenas a melhor defesa (1 golo, sofrido, a par do Barcelona). Mas isto é uma consequência. Porque na origem, no comparativo entre as duas equipas, está a capacidade de mandar no jogo. No jogo da primeira volta da fase de grupos, na Luz, que os bascos venceram por 1-0, a maior diferença esteve aqui: a Real teve 62 por centode posse de bola, criou quase o dobro dos ataques (54 contra 29) e fez muito mais passes (582 contra 350). Não por acaso, os encarnados foram obrigados a correr mais que o adversário (mais três quilómetros). Comparativo das duas equipas na ChampionsGolos marcados Real Sociedad4 Benfica0 Golos sofridos Real Sociedad1 Benfica4 Tentativas de golo Real Sociedad38Benfica34Média de posse de bola Real Sociedad53,3%Benfica49,3%Ataques Real Sociedad137Benfica124Recuperações Real Sociedad132Benfica121Mais livres Real Sociedad38Benfica51Mais cruzamentos Real Sociedad43Benfica46Mais defesas Real Sociedad5Benfica10Distância percorrida Real Sociedad350,6 Km (116,87 km por jogo)Benfica351,44 km (117,15 km por jogo)Fonte: UEFA Entre as 32 equipas em prova, as águias têm uma média de posse de bola abaixo dos 50 por cento (49,3%) e são das que menos atacam. Isto poderia ser compensado com uma elevada taxa de acerto na finalização, mas também não é isso que sucede. Comparativamente com os bascos, os campeões nacionais têm apenas menos quatro tentativas de golo ao fim de três jornadas da fase de grupos, fizeram mais cruzamentos e até tiveram muito mais livres (51 contra 38). E no global também correram mais (117,15 km por jogo vs. 116,87 km). Em suma, as águias de Schmidt confrontam-se com uma questão de controlo, critério e equilíbrio. Foi em 3x4x3 que o Benfica conseguiu, pela primeira vez esta época, terminar dois jogos consecutivos sem sofrer golos Quanto a este último fundamento, o treinador acredita que a equipa melhorou com a alteração tática. Não por acaso, o Benfica terminou dois jogos consecutivos sem sofrer golos pela primeira vez esta época (2-0 em Arouca e 2-0 em Chaves). Frente a frente dos dois melhores marcadores nas respetivas ligas Seguir-se-á agora a busca pelo maior controlo e critério. A aposta em quatro centrocampistas de raiz para preencher a linha média tem tudo para continuar, resta apenas saber se o tridente de ataque não irá sofrer alguma mexida. Porque apesar de ainda ser cedo para chegar a conclusões, o jogo de Chaves expôs uma diferença relativamente ao jogo anterior fora de casa, para a Liga: frente ao Estoril, os remates do Benfica nasceram maioritariamente da zona central e do lado direito, enquanto em Trás-os-Montes houve maior diversidade (63% pelo meio, 19% pela esquerda e 13% pela direita). Sinais de alguma mudança que carecem de confirmação em Espanha.