«Povo de São Tomé e Príncipe é mesmo o melhor do Mundo»
Ricardo Monsanto com Dona Filó, que lhe prepara as melhores iguarias no Filomar, São Tomé.

ENTREVISTA A BOLA «Povo de São Tomé e Príncipe é mesmo o melhor do Mundo»

INTERNACIONAL02.01.202515:00

Nesta parte da entrevista de Ricardo Monsanto ao programa Mãe África, de A BOLA, selecionador de São Tomé e Príncipe emociona-se e revela que já pediu a nacionalidade

- O que é que gosta mais em São Tomé e Príncipe?

 - [sorriso largo] Gosto da comida. Eu como pouco peixe em Portugal, mas como muito e bom em São Tomé. Há um restaurante, para mim, fantástico, que é o Filomar. Tem uma escadaria enorme, exigente de subir em termos físicos, mas depois temos praia a perder de vista e uma comida divinal... Adoro o que chamam barriga de peixe andala. No fundo, espadarte. E gosto do peixe vermelho. E da forma como temperam a comida. E da banana. Há mais de cem tipos, substitui muitas vezes batata, confecionada de todas as formas possíveis. Há também uma fruta que eu nem conhecia: a jaca. É do tamanho de uma melancia, mas depois de aberta saem gomos... Uma fruta tão deliciosa que não tem explicação. De resto, toda a fruta sabe a fruta, não estamos a ser enganados. 

- Percebo que é grande fã de comida… E a natureza?

 - Variada e lindíssima. Gosto das praias de São Tomé, mas todo o país é muito bonito, com um clima tropical. Está sempre quente. E quando o são-tomense diz que passa frio, para nós portugueses significa que ainda podemos andar em mangas de camisa… [risos] Eles não sabem o que é frio…

- Preciso que me confirme uma coisa: o povo de São Tomé e Príncipe é tão bom como aparenta ser e como são todos os que conheço em Portugal?

 - [brilho nos olhos, voz a embargar-se] São as melhores pessoas do Mundo. O são-tomense, criado no país, é de uma educação e humildade extremas. Basta ver como eles trabalham, como eles falam, como eles negoceiam. E é transversal. No meu caso, não interessa se estou a falar com o presidente da Federação, com um dirigente, com um jogador, com o técnico de equipamentos ou com um simples cidadão na rua.  São humildes, educados e muito assertivos. Transparentes. As coisas não são camufladas. As coisas são como elas são e nós aceitamos com humildade e como obra de Deus. Não há mentiras. Hoje sinto que sou uma pessoa melhor graças ao convívio e lições de vida que aprendo todos os dias com os são-tomenses. 

 

-  Qualquer dia também é cidadão são-tomense…

- Já que fala nisso, posso revelar que estou a tratar da papelada para ter a nacionalidade de São Tomé, não falta muito para os seis anos exigidos por lei. Não que isso me vá trazer benefícios especiais, já que enquanto cidadão português eu usufruo, em São Tomé, de praticamente todos os direitos que um são-tomense. Faço-o por ser um motivo de grande orgulho.

 

- A família também gosta de São Tomé e Príncipe?

- Eu tenho uma filha de 16 anos e que se apaixonou tanto por São Tomé e Príncipe que planeia fazer voluntariado quando acabar o 12.º ano. E até convenceu uma amiga para ir com ela. E tenho um filho de apenas quatro anos cuja gravidez soube na véspera de ir pela primeira vez a São Tomé… O cordão umbilical estava criado… São Tomé e Príncipe será mesmo para sempre.