Penáltis nas compensações são prova de vida do Arouca
A festa do Arouca no Bessa (foto: MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA)

Boavista-Arouca, 1-3 Penáltis nas compensações são prova de vida do Arouca

NACIONAL04.01.202523:12

Boavista ainda chegou ao 1-1, por Salvador Agra na raça e na alma, mas a jogar com dez na segunda parte, não resistiu a duas grandes penalidades (45+7' e 90+5') e à força de Yalcin no 3-1 aos 90+8'. Nuvens negras no Bessa

Quando faltar a inspiração, que não falte a atitude. A frase é de Rui Borges, treinador do Sporting, mas aplica-se na perfeição ao jogo que opôs os dois últimos classificados da Liga Portugal, um duelo de aflitos marcado por uma tremenda... aflição futebolística, mas que, por conta de uma série de lances fora de horas e quase caídos do céu, acabou por sorrir ao Arouca.

À qualidade duvidosa das iniciativas, aos inúmeros passes falhados, aos duelos perdidos e à falta de ideias e genialidade responderam Boavista e arouquenses com raça e com alma, intensidade na pressão e sangue, suor e lágrimas numa tentativa clara de deixarem neste arranque de 2025 uma prova de vida que lhes permitisse mostrar ao mundo que ainda respiram.

Venceram os visitantes, vislumbrando assim uma luz ao fundo de um túnel, no qual os axadrezados se vêm cada vez mais em profunda escuridão. E venceram por conta de duas grandes penalidades, ambas no tempo de compensação da primeira e da segunda partes, convertidos com sucesso por Jason e Yalcin, que ainda teria forças para o 3-1, mesmo à beira do apito final.

Pelo meio, foi do lado axadrezado que surgiu o maior grito de revolta, quando a jogar toda a segunda parte com dez, teve em Salvador Agra o guardião da alma, do instinto de sobrevivência e dos últimos restos de lume da esperança.

O experiente e intenso jogador aproveitou do melhor modo um erro tremendo de Mantl, disparando para o 1-1 — um golo com significado ainda mais especial, por tratar-se do primeiro e único que a pantera conseguiu de bola corrida em casa, em toda a primeira volta da Liga (tinha apenas um, mas de penálti, apontado por Reisinho, aos 90+5' do jogo da 13.ª ronda com o Farense).

Agigantava-se o Boavista, acreditavam os adeptos e os jogadores davam tudo no relvado, mesmo tudo. Um 'tudo' que, porém, não foi suficiente. Pior, no risco crescente que a equipa ia correndo apoiou-se o Arouca para se reerguer das cinzas.

Fontán, aos 73', atirou para o fundo das redes axadrezadas, mas... estava fora de jogo por 4 centímetros. A decisão anunciada pelo árbitro foi celebrada como um golo pelos adeptos no Bessa.

O jogo corria a passos largos para o seu final e acreditava-se que o empate seria o resultado. Até que chegava um sério aviso dos visitantes: aos 90+1', Trezza disparou com perigo para estrondosa defesa de César. Era o mote para o que se seguiria: mais um penálti e 2-1 para o Arouca, que ainda chegaria ao 3-1, por conta da força de Yalcin.