Rebrov, antigo ponta de lança e atual selecionador da Ucrânia, esteve em Lisboa e falou em exclusivo a A BOLA sobre a afirmação do guarda-redes
Quando a 21 de setembro, no dia seguinte ao jogo entre Benfica e Salzburgo (0-2), da primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, as facas estavam afiadas para 'cortar e ferir' Anatoliy Trubin, cuja exibição, no segundo jogo dele a titular pelo Benfica fez duvidar provavelmente até os mais crentes adeptos da contratação do guarda-redes ucraniano, ainda Odysseas Vlachodimos estava na Luz, o selecionador da Ucrânia, Serhiy Rebrov, em declarações a ABOLA, metia água na fervura das críticas.
Serhiy Rebrov, selecionador da Ucrânia, questiona se o guarda-redes do Benfica errou mesmo contra o Salzburgo; em declarações a A BOLA, conta que o jovem tem «personalidade forte» e saberá conviver com a pressão
Talvez, hoje, passados três meses, as palavras do treinador, 49 anos, façam mais sentido. Rebrov assinalou, então, que Trubin ainda estava no início no Benfica, que é muito difícil mudar de clube, que precisava de tempo. E descansou os benfiquistas: «É um guarda-redes de seleção, talentoso e por algum motivo assinou pelo Benfica. Tem forte personalidade, trabalho no duro e estou convencido de que vai ajudar muito o Benfica. Esse episódio não pode mudar o futuro dele no Benfica. Desejo-lhe sorte.»
Rebrov voltou a atender um telefonema de ABOLA. Recordava-se bem do que tinha dito e percebeu depressa ao que íamos. «Sim, vi o jogo [do Benfica com o SC Braga] e como ele foi importante para o Benfica com as suas defesas», começou por dizer o treinador ucraniano, que aproveita a conversa para fazer uma revelação: «Estive em Lisboa há pouco tempo.» E, em Portugal, teve a oportunidade de constatar duas coisas: que Trubin gosta de cá estar e de que no Benfica gostam que ele esteja por cá. «Falei com algumas pessoas [do clube] e percebi que estão muito contentes com ele», partilha Rebrov.
A confiança de sempre
Para Rebrov, a exibição no jogo com o Salzburgo, no qual cometeu um penálti aos 15’, dois minutos depois de António Silva ter sido expulso, nunca mudaria a opinião que tem de Trubin. Nem o mesmo acontecerá depois das defesas que garantiram o triunfo encarnado no Minho. «Nunca se trata só de um jogo», sublinha o antigo avançado, nada impressionado com aquilo que fez Trubin, afinal sempre confiou e continuará a confiar em Trubin. «Este último jogo não altera o que penso dele», reforça.
Merece o que está a viver
Trubin, conta Rebrov, «está muito feliz e a gostar muito de jogar no Benfica». O selecionador ucraniano sente que «todos gostam dele» e Trubin considera esse «reconhecimento» de companheiros, treinadores, estrutura do futebol e adeptos. E, por outro lado, em Portugal, vinca Rebrov, «Trubin está num país em que todos gostam de futebol e os estádios estão cheios».
«É um bom rapaz, trabalhador e merece o que está a viver e jogar num grande clube como o Benfica», dispara Rebrov, que, porém, deixa escapar um aviso, depois de questionado sobre o que sente um avançado quando pela frente tem um guarda-redes como Trubin. «Olhe, eu não me importava com quem estava na baliza [risos]. O mais importante é pensar nele, no que tem de fazer para melhorar e elevar o nível, estabelecer e lutar por objetivos. Quando não se está ao nível da equipa, não há hipótese de ter sucesso. Mas ele sabe isso, trabalha no duro», argumenta.
O tempo só o ajudará a melhorar, a progredir e a ganhar mais confiança
Por agora, no entanto, também Rebrov está satisfeito com a felicidade do compatriota e acredita que o melhor ainda está para vir quando recorda que Trubin «só agora chegou ao Benfica e já está a ser muito importante para a equipa». «O tempo só o ajudará a melhorar, a progredir e a ganhar mais confiança», observa.
Corrida ao Europeu
Anatoliy Trubin estreou-se na seleção nacional, então treinada por Andriy Shevchenko, a 31 de março de 2021, num jogo de qualificação para o Mundial-2022, com o Cazaquistão. Soma 10 presenças pela seleção principal e foi titular nos últimos três jogos, depois de se consolidar como titular do Benfica.
A Ucrânia está ainda na luta pela qualificação para o Euro-2024, depois de ter acabado a fase de grupos no terceiro lugar do grupo C, atrás de Inglaterra e Itália. Jogará o play-off de apuramento com a Bósnia, em Zenica, a 21 de março. Se vencer, encontrará o vencedor do duelo entre Israel e Islândia, a 25 de março. Se a Ucrânia se qualificar para a competição, entrará no grupo E, com Bélgica, Eslováquia e Roménia.