ENTREVISTA A BOLA Pereira da Costa: «Vamos à UEFA mostrar que estamos numa nova era de gestão»

NACIONAL24.04.202409:56

Há a preocupação sobre o incumprimento do fair-play financeiro

— O FC Porto terá quebrado as regras do fair-play financeiro e Fernando Gomes terá conseguido que essa comunicação fosse adiada por parte da UEFA para depois das eleições. Isso preocupa-o?

— No caso de ganharmos estas eleições, gostávamos de receber o clube e a SAD com disponibilidades financeiras para cumprir aquilo que são as obrigações de curto prazo: pagamentos de salários. Aquilo que esta situação da UEFA manifesta, é que o FC Porto não estava nessa situação e daí o incumprimento. Este incumprimento não vem por regras de capitais próprios, vem regras de incumprimentos de prazo com parceiros, trabalhadores, estamos em falar de salários, impostos, segurança social, dívidas a clubes e à própria UEFA. Não pode haver atrasos. Houve atrasos em outubro, janeiro, até que ponto a situação do FC Porto não vai gerar mais atrasos no futuro. Portanto, havendo sanção, vai haver mais um custo adicional, temos de pagar essa multa. E depois haverá uma pena suspensão de três anos, o que significa que ao mínimo deslize podemos ter a UEFA a cair-nos em cima e essa pena suspensa poderia traduzir-se na impossibilidade de competição por um ano. Isso seria mais um rombo, uma situação de enorme gravidade. Portanto, são mais sinais de extrema preocupação. Temos confiança da nossa capacidade de resolver esse problema. Uma das primeiras coisas que faremos será deslocar-nos à UEFA para apresentarmos um plano concreto e mostrarmos que somos cumpridores e queremos cumprir as regras impostas em termos de sustentabilidade financeira e acreditamos que mostrando que estamos numa nova era em termos de gestão no FC Porto, a UEFA pode dar-nos um pouco mais de margem de manobra. É algo que vai ter de ser muitíssimo bem gerido. Não queremos cair numa situação limite de outra vez de, outra vez por incumprimento, ficarmos fora da UEFA. Seria gravíssimo.

— Como tencionam encontrar financiamento para o Centro de Alto Rendimento? E já agora, como vão resolver a questão da Academia na Maia?

— Teremos de analisar os contratos, ver em que situação estamos em termos de compromisso contratual e atuaremos com a maior responsabilidade. O André já referiu que irá analisar as duas alternativas, nós passámos do zero para o oitenta, de não termos Academia para termos dois projetos. Vamos analisar qual a melhor solução para o FC Porto, tendo em conta os parâmetros de que queremos a Academia pronta. Já estávamos muito atrasados em relação aos nossos rivais e não queremos estar mais anos à espera desta infraestrutura tão básica e relevante. Mas a dimensão do custo não deixa de ser relevante. Nós apresentamos as nossas estimativas de 30 a 35 milhões tudo englobado, o projeto da Maia não temos valores. Foi um número chutado pelo arquiteto, que apresentou o número de 40 milhões. Mas isso não incluiu seguramente os terrenos, a movimentação de terrenos de 7 milhões de euros, na componente de terrenos aos privados não sabemos o preço. Há muita falta de informação. Gostávamos de ter o melhor projeto do Mundo, a melhor Cidade Desportiva, mas dado o quadro financeiro temos de decidir com a máxima responsabilidade.

— Sente que se não fosse a Operação Pretoriano, André Villas-Boas teria conseguido levar a campanha avante até ao fim?

— Acho que sim. O André é uma pessoa muito obstinada e, mesmo enfrentando os mais duros desafios, ele já demonstrou que está preparado para isto e as pessoas que o acompanham também, imbuídas no mesmo espírito de missão. Se os sócios acreditarem em nós aqui estaremos para resolver os problemas. São inúmeras as dificuldades que vamos ter de enfrentar, o FC Porto atravessa uma situação complexa, situação-limite. Não se trata de um trabalho minimamente comparável ao que tinha antes, numa empresa mais sólida e robusta, mas posso garantir a todos os associados do FC Porto que vou por o meu empenho e competência a ajudar o clube neste momento difícil. Vou dar o máximo para atingirmos os nossos objetivos.