Pedro Roma recorda como Artur Jorge salvou a Académica da descida de divisão
Técnico chegou à Briosa com a época 2002/2023 em andamento e conseguiu garantir a permanência na elite; antigo guarda-redes dos estudantes fala da importância do 'mister' na concretização desse objetivo; «era um senhor», elogia
Corria a época 2002/2003 quando Artur Jorge regressou a Coimbra, mais de 30 anos depois de por lá ter passado enquanto jogador. A Académica estava, nessa altura, em posição de descida ao segundo escalão nacional, e já depois da saída de João Alves era Vítor Alves que fazia a transição até à chegada de um novo treinador. A escolha da Direção academista recaiu em Artur Jorge e o objetivo era claro: garantir a permanência na elite.
E essa meta foi alcançada. Artur Jorge estreou-se no banco da Briosa a 5 de janeiro de 2003, jogava-se, então, a 16.ª jornada desse campeonato - penúltima da primeira volta -, e os indicadores começaram desde logo a ser positivos: vitória sobre o Varzim (2-1).
Daí para a frente, os capas negras encetaram uma excelente recuperação e acabaram mesmo por garantir a manutenção. Dessa equipa fazia parte um nome que será eternamente um dos históricos da Académica: Pedro Roma.
Hoje, mais de 20 anos depois, o antigo guarda-redes não esconde guardar de Artur Jorge as melhores recordações. No dia do desaparecimento do técnico, Pedro Roma abre o coração a A BOLA e fala de um «histórico do futebol português».«
«Falar de Artur Jorge é falar de um histórico do futebol português. Um treinador com uma carreira repleta e cujo currículo fala por si», começou por dizer.
E por entre os feitos alcançados pelo técnico ao longo do seu percurso, consta a tal época em que treinou a Académica, tendo sido absolutamente decisivo para evitar a despromoção da Briosa: «Era uma altura complicada para o clube, uma vez que estávamos numa situação de possível descida de divisão, mas a chegada do mister Artur Jorge deu-nos grande alento e tranquilidade, acima de tudo pela pessoa que era.»
Mas qual foi, afinal, o segredo? «Chegou ao balneário com um discurso extremamente positivo e transmitiu enorme crença aos jogadores. Recordo a sua personalidade e a forma como soube liderar o grupo. Entrou com a época em andamento, numa fase extremamente difícil para nós, mas conseguiu guiar-nos ao nosso principal objetivo, que era a manutenção. Alcançámos essa meta já fase final do campeonato, nas últimas jornadas, e foi uma alegria para todos, tanto no clube como na cidade», recorda Pedro Roma.
O antigo guarda-redes dos estudantes não poupa nos elogios a Artur Jorge e reforçou a importância da sua chegada ao clube. «Era um histórico, já com um currículo enorme e o balneário sentiu bastante a presença de uma figura icónica. Artur Jorge era um senhor e essa forma de estar traduziu-se na segurança que nos transmitiu, na confiança que nos deu e, dessa forma, conseguimos atingir os nossos objetivos», concluiu Pedro Roma, que também passou parte da sua formação na Académica e que depois representou a formação principal da Briosa durante quase 20 anos. Um histórico dos capas negras.