Países Baixos-Áustria: a minha filosofia é melhor que a tua
Países Baixos encontram-se em primeiro do Grupo D. Foto: IMAGO/dts Nachrichtenagentur

ANTEVISÃO Países Baixos-Áustria: a minha filosofia é melhor que a tua

Ambas as seleções ainda podem chegar ao primeiro lugar do grupo; empate pode bastar para seguirem para os oitavos

O mundo vai ter direito ao choque de duas das mais proeminentes filosofias de futebol quando Países Baixos e Áustria se defrontarem esta terça-feira, às 17 horas, no Estádio Olímpico de Berlim.

De um lado, Ronald Koeman, discípulo de Johan Cruyff, vai tentar impor a sua interpretação do Futebol Total – futebol de posse e de construção a partir da linha defensiva, com a equipa compacta, ainda que o treinador neerlandês sempre tenha sido mais pragmático em relação aos princípios, estando disposto a adaptá-los se uma equipa se revelasse incapaz de os adotar imediatamente. Do outro lado, Ralf Rangnick, arquiteto original do Gegenpressing – futebol de pressão alta, vertical e dinâmico.

Barcelona venceu a primeira Liga dos Campeões em 1992, contra o Sampdoria. Johan Cruyff era o treinador, Koeman marcou o golo da vitória. Foto: IMAGO/Colorsport

Será a 20.ª vez que os dois países se defrontarão (nove vitórias para os neerlandeses, seis para os austríacos, quatro empates), mas apenas a segunda vez em contexto de campeonato europeu: a primeira, no Euro 2020, acabou em vitória por 2-0 para os Países Baixos. Memphis Depay e Denzel Dumfries foram os autores dos golos.

Estádio Olímpico de Berlim, arena do jogo. Foto: IMAGO / Gonzales Photo

Países Baixos

A seleção neerlandesa entra neste jogo como líder do Grupo D, após ter derrotado a Polónia por 2-1 e empatado a zeros contra a França. A equipa da terra das tulipas regista apenas uma derrota em 2024 — contra a Alemanha, num jogo de preparação —, somando quatro vitórias e um empate.

Na antevisão à partida, Stefan de Vrij recusou a ideia de que os Países Baixos tenham vantagem por já terem vencido um Europeu: «Não creio que termos ganho o Campeonato da Europa em 1988 nos dê uma vantagem psicológica, não espero que a Áustria perca o sono por causa disso.»

O defesa falou da evolução de Ronald Koeman: «Como pessoa não mudou muito, mas como treinador fez enormes progressos. Especialmente na forma como comunica com os seus jogadores, tanto a nível individual como quando fala com toda a equipa.»

Onze provável: Bart Verbruggen; Denzel Dumfries, Virgil Van Dijk, Stefan de Vrij, Nathan Aké; Joey Veerman, Tijjani Reijnders, Jerdy Schouten; Xavi Simons, Memphis Depay, Cody Gakpo.

A figura: Virgil Van Dijk. Esteio na defesa da seleção e do Liverpool, o central tem sido um dos melhores na sua posição nos últimos anos. Se à frente Depay, Xavi Simons e Gakpo podem fazer a diferença e marcar um golo a qualquer momento, atrás é Van Dijk quem comando a linha defensiva e empresta a sua experiência para que haja uma maior solidez defensiva.

O que disse Ronald Koeman, selecionador dos Países Baixos: «Sabemos que vai ser um jogo difícil. Não se pode subestimar a Áustria, especialmente na forma como nos pressiona, por isso temos de estar muito concentrados e focados quando tivermos a posse de bola. Não estou necessariamente a pensar em pôr em campo uma equipa diferente [da que jogou contra a França], mas há uma série de pontos a focar devido à natureza do nosso adversário. Concentrámo-nos nisso nos treinos. Teremos de lidar bem com a posse de bola e também saber quando jogar a bola longa para sair da pressão que eles nos farão.»

Ronald Koeman treina a seleção 'laranja' pela segunda vez na carreira. Foto: IMAGO/AOP.Press

Áustria

A seleção austríaca ainda sonha com a passagem aos oitavos em primeiro ou segundo lugar, mas sabe que um empate pode bastar para ser um dos melhores terceiros classificados. O conjunto orientado por Ralf Rangnick perdeu apenas um jogo este ano — contra a França, nesta fase de grupos —, tendo vencido quatro encontros (incluindo contra a Polónia, na fase de grupos, por 3-1) e empatado outro.

Na antevisão, Marko Arnautovic revelou que esta está a ser a sua experiência preferida num campeonato europeu: «O meu primeiro Euro (2016) não foi muito divertido devido aos resultados. No segundo fui afetado pelo Covid. Este está a ser muito divertido. No acampamento da equipa, nos treinos, nos jogos, é muito divertido trabalhar com esta equipa. O ideal seria uma vitória amanhã [hoje]. Depois disso, veremos o que acontece.»

O avançado começou a carreira no Twente, pelo que admite sentir algo extra ao enfrentar os Países Baixos: «É um jogo especial para mim. Pode dizer-se que se tornou a minha segunda casa, depois de me ter mudado para lá ainda jovem. Aprendi muito sobre o país e o seu povo. Por isso, é certamente um jogo especial.»

Onze provável: Patrick Pentz; Stefan Posch, Gernot Trauner, Philipp Lienhart, Phillipp Mwene; Nicolas Seiwald, Florian Grillitsch; Chris Baumgartner, Konrad Laimer, Marcel Sabitzer; Marko Arnautovic.

A figura: Marcel Sabitzer. Apesar de não ter corrido de feição a experiência no Bayern Munique nem o empréstimo ao Manchester United, o polivalente médio austríaco voltou ao Dortmund e foi uma das figuras de destaque, empurrando a equipa até à final da Liga dos Campeões.

O que disse Ralf Rangnick, selecionador da Áustria: «Vamos defrontar um adversário com quase tanta qualidade individual como a França, apenas um pouco menos porque é um país mais pequeno. Eles têm muita qualidade internacional e queremos ter a certeza de que temos fases em que controlamos o jogo. Precisamos de um desempenho intenso e físico para podermos mostrar aquilo de que somos realmente capazes. Sinto que os Países Baixos têm jogado da mesma forma desde os tempos de Cruyff. Muita largura e muita altura em campo. Ganhar a segunda bola será crucial amanhã.»

Ralf Rangnick recusou o cargo de treinador do Bayern para continuar no comando da Áustria. Foto: IMAGO/Gonzales Photo