«Os adeptos têm de perceber que o FC Porto está numa transição»

Reportagem A BOLA, em Riade «Os adeptos têm de perceber que o FC Porto está numa transição»

INTERNACIONAL25.09.202407:01

As memórias do que viveu no FC Porto estão bem vivas em Vitór Pereira, mas o regresso a Portugal não está nos planos traçados pelo técnico. Momento da carreira? O golo de Kelvin ao Benfica que deu o título aos dragões

Saudades dos tempos de Futebol Clube do Porto?

Sim. Não há dúvida nenhuma que emocionalmente eu sou muito fraco. Tenho uma memória emocional muito forte e há coisas que, de facto, me marcaram. Ficaram para a vida. Eu estive oito anos no FC Porto e sinto-me realizado como aquilo que fiz. Agora, a vida depois do FC Porto é um mundo.

Gostava de regressar ao FC Porto ou a Portugal?

Sinceramente, não faço disso uma bandeira. Faço questão de regressar ao meu país é para viver. De facto, viver aqui é viver com boas condições, mas, os dias são sempre iguais. Os dias são sempre iguais. Não mudam. Acordo de manhã, preparo o treino, vou um bocadinho ao ginásio, faço o almoço, não sei cozinhar muito bem, mas faço sempre alguma coisa. Depois vou para o treino, venho à noite e ou faço alguma coisa de comer ou dá-me a preguiça e não faço nada. Por isso é que começo logo a emagrecer. Os dias acabam a analisar ou a ver futebol, se for um futebol que me interessa, ou a analisar o adversário, e a começar a projetar o treino do dia seguinte. Depois vou dormir. E isto é dia após dia, após dia, após dia…Não tenho um dia diferente disto. Passo horas e horas sozinho. O que me vale é a música, porque eu adoro música. Ponho a música e é a minha companhia. E está a família longe, porque nos últimos 12 anos da minha vida não tive oportunidade de acompanhar o crescimento dos meus filhos. Eu tenho saudades de tudo, da comida, de ir ao cinema, de ir à praia, de ir ao café, de falar com os amigos… Eu tenho saudades de tudo. Quando tenho a possibilidade de dar um salto a Portugal, é uma alegria que sinto dentro de mim. Nós, quando estamos fora, damos muito mais valor ao que temos em Portugal. Quando estamos em Portugal, queixamo-nos do que temos.Mas, quando estamos fora, é que percebemos que, de facto, Portugal é o nosso cantinho.Em termos de profissionais, quem sabe? Se surgir a oportunidade um dia… Talvez. Mas, sinceramente, tenho muito mais o objetivo definido na minha cabeça de chegar a uma liga inglesa do que regressar a Portugal. Chegar a uma liga inglesa, a uma liga espanhola. Jogar à Liga dos Campeões outra vez.É aquilo que me motiva.

Como é que tem visto esta mudança no FC Porto? E agora esta nova realidade?

O FC Porto está a tentar com pouco. Não tem muitos recursos. Perderam os dois pontas-de-lança de referência. Mas, estão com uma energia positiva, uma dinâmica que me parece que pode dar frutos. Um conceito também de aposta mais na formação da casa. Os clubes quando apostam na formação tem de ser para lhes dar espaço na primeira equipa e não para fornecer outros clubes. O meu projeto foram cinco anos de formação e esta coisa do ensinar o jogo tem de fazer com que os planteis sejam curtos para dar espaço para seis ou sete jogadores entrarem. O FC Porto percebeu isso claramente e está nessa trajetória que eu acho bonita e acho que deve ser feita. Eu prefiro um investimento forte em 14 jogadores, já com maturidade ou em condições de dar uma resposta rápida, e depois o resto serem jogadores que têm qualidade e só precisam a seu tempo de entrarem. Se o FC Porto fizer assim vai de certeza competir bem.  Os adeptos sabem que o FC Porto está num momento de transição, para se organizar de forma diferente e tem que ter alguma paciência, porque os miúdos precisam de confiança, mas dando essa confiança e tendo essa paciência, quando eles têm qualidade eles acabam mais fortes e é possível fazer uma equipa competitiva para lutar por títulos.

É um FC Porto diferente?

São os tempos naturalmente mudam, os clubes vão evoluindo e as formas de liderar são diferentes. Houve um presidente com um mérito tremendo no clube, conseguindo passar um clube regional a um clube mundial, internacionalmente com méritos, créditos e títulos. Até que naturalmente o presidente que não é nenhuma máquina vai envelhecendo e é natural esta renovação. É a própria vida. Como aparecem os treinadores mais novos, com ideias, é natural fazer esta mudança. Do meu ponto de vista esta transição devia ter sido feita de outra forma, mais pacífica com o presidente a sair da forma correta, e que merecia, e a entrada do André de forma pacífica. Não foi, mas a mudança foi feita como os adeptos decidiram e agora há que dar tempo para o trabalho começar a dar frutos. Mas, os adeptos têm de perceber que neste momento é, de facto, um FC Porto em transição.

Desde que saiu do FC Porto teve alguma proposta concreta para regressar a Portugal?

Houve uma ou outra abordagem, que não chegou a concretizar-se no sentido de haver proposta, porque eu estava a treinar nessa altura.  Nesses momentos nem sequer equacionei. Um dia pode acontecer, mas não é um objetivo que eu tenha. Se eu não tivesse passado num grande, se eu não tivesse ganho títulos, provavelmente teria isso como um grande objetivo. Como já o fiz neste momento quero ir onde ainda não fui, só quero estar onde não estou, como diz a música [Risos]. Eu quero de facto provar-me numa grande liga, liga europeia. Vamos ver se tenho a oportunidade.

Desde que saiu do FC Porto teve alguma proposta concreta para regressar a Portugal?

Houve uma ou outra abordagem, que não chegou a concretizar-se no sentido de haver proposta, porque eu estava a treinar nessa altura.  Nesses momentos nem sequer equacionei. Um dia pode acontecer, mas não é um objetivo que eu tenha. Se eu não tivesse passado num grande, se eu não tivesse ganho títulos, provavelmente teria isso como um grande objetivo. Como já o fiz neste momento quero ir onde ainda não fui, só quero estar onde não estou, como diz a música [Risos]. Eu quero de facto provar-me numa grande liga, liga europeia. Vamos ver se tenho a oportunidade.