O que disse o estágio a Roger Schmidt: Os mais e os menos

Benfica O que disse o estágio a Roger Schmidt: Os mais e os menos

NACIONAL18.07.202300:24

Mais soluções, dores de cabeça à vista para Roger Schmidt. Esta uma das principais conclusões após os dois primeiros jogos de pré-temporada das águias. O Benfica reforçou-se em qualidade, não em quantidade, mas a chegada de três reforços, para já, permite ao treinador alemão gerir com outra disponibilidade a seleção do onze. A chegada de Di María, Kokçu e Jurásek deixam o plantel com mais jogadores capazes de fazer a diferença. E com isso aumentando a concorrência interna. Um lugar entre os titulares vai ser cada vez mais caro.

Após uma semana de trabalho fora de Portugal, as águias estão de volta ao Seixal, preparando os jogos que se seguem no Algarve. Em Inglaterra e na Suíça, Schmidt teve 34 jogadores à disposição, tomou o pulso à equipa e prepara agora as primeiras decisões. Ponto comum com a temporada passada, o Benfica arranca os trabalhos com o plantel muito perto de estar fechado a entradas, sinal de que o trabalho de casa começou cedo a ser feito.

Nesta altura, por exemplo, no que diz respeito a aquisições faltará a entrada de um guarda-redes para concorrer com Vlachodimos. E fruto disso este é um dos setores onde residem algumas interrogações. As águias negoceiam a chegada de Bento, ou outro, para número dois do internacional grego. E quando isso acontecer até pode dar-se o caso de Samuel Soares poder ser emprestado, ficando Leo Kokubo como número 3 (André Gomes está lesionado).

O setor defensivo está fechado a entradas mas não a saídas. Com a novidade de João Victor conquistar um lugar entre as permanências mas para concorrer com Bah na lateral-direita. Victor fez 90 minutos (repartidos pelos dois jogos) à direita e tudo aponta para que seja ele o sucessor de Gilberto. Já quanto ao sucessor de Grimaldo, no lado oposto, não parecem restar grandes dúvidas: Jurásek foi indicado pelo treinador… logo não resta muito a Ristic senão empenho a dobrar para provar que Schmidt também se engana. E a luta, para já, parece renhida: Ristic, 90 minutos, um golo; Jurásek, 45 minutos (chegou mais tarde), um golo. Mas este será um dos grandes desafios para o treinador esta época, fazer com que a equipa não se sinta órfã do estilo que Grimaldo impôs no Benfica.

Ainda pela defesa, promete ser intensa a luta que Morato se prepara para dar a António Silva… ou Otamendi. O capitão, para já, está de fora devido a lesão, e nesse sentido é Morato (um dos 3 únicos a ser titular nos dois jogos) quem parte na frente para formar dupla com Silva. Mas e quando Otamendi voltar? É que o brasileiro foi dos melhores do setor recuado nos dois jogos. Não sobra, assim, muito espaço para a concorrência de Lucas Veríssimo, central que o Benfica quer colocar noutro emblema a título definitivo.

Na zona intermédia, dois jogos bastaram para se perceber que Kokçu traz classe ao setor. Para já não com a mesma influência imediata que Enzo teve, mas o turco é jogador nuclear. A dúvida será quem irá ao lado dele: Chiquinho foi o primeiro a ser testado, seguiu-se Florentino. João Neves também é opção, mas há três candidatos para uma vaga.

Na frente, os primeiros 45 minutos de Di María tiveram efeito imediato: Aursnes e David Neres – dois pesos pesados da época passada – no banco de suplentes. Não será sempre assim, seguramente, mas este é um dos setores que ganha maior concorrência, também porque Schjelderup começa a mostrar argumentos para também ele reclamar mais minutos. Mas entre João Mário, Neres, Aursnes, Rafa e Di María será feita gestão a rodar pela titularidade uma vez que qualquer um deles pode jogar nas três posições no apoio ao ponta-de-lança. E aqui Gonçalo Ramos parece não ter novamente concorrente à altura: 45 minutos um golo, contra nenhum de Tengstedt (90 minutos) e nenhum de Musa (45 minutos).

Apenas uma semana passou com todo o plantel à disposição, mas Schmidt já tem muito em que pensar.

Os destaques

Di María — Já era craque com 22 anos, quando saiu do Benfica rumo ao Real Madrid, voltou ainda com mais futebol nas botas agora com 35 anos. Talvez com menos velocidade, mas com mais experiência em todos os momentos do jogo. Bastaram 45 minutos para o constatar: Foi influente em cada um dos três golos com que as águias venceram o Basileia (3-1) e apenas após quatro dias de trabalho com a equipa. Voltou com alegria e isso nota-se à distância.

Kokçu – O investimento foi elevado, mas o Benfica não teve dúvidas em satisfazer o pedido de Schmidt para trazer o homem que irá assumir a batuta, à imagem de Enzo. Para apresentação, 90 minutos em dois jogos e sempre na qualidade de titular (além dele só mais dois jogadores o foram). Pormenores de classe e estilo de jogo rápido, ao primeiro toque, com segurança. A grande interrogação será: Quem joga ao lado dele?

Rafa – Um dos três a quem Roger Schmidt deu a titularidade nos dois jogos realizados. O que, atendendo ao que se tem dito sobre o futuro do português, tem significado grande nesta altura. Schmidt conta com Rafa e o avançado apresenta-se supermotivado para continuar a ser determinante. Resultado: um golo, ao Southampton, e uma assistência frente ao Basileia. 

Morato – Tirando Rafa e Kokçu, foi ele o único a fazer os dois jogos na condição de titular. Com o Southampton ao lado de Lucas Veríssimo, com o Basileia acompanhando António Silva. E se já tinha dado boas indicações contra o ingleses, no jogo em solo suíço esteve intransponível, jogando com classe. O que seguramente deixa Roger Schmidt a pensar quanto à seleção dos homens para a dupla titular. Morato, recorde-se, foi primeira opção há um ano... antes de surgir António Silva.

A rever

Schjelderup – Não foi ao Europeu Sub-19 a pedido de Roger Schmidt, que quis ver o norueguês partir em igualdade de circunstâncias com a restante concorrência. Ganhou 90 minutos de competição, na segunda parte de ambos os jogos, mas mostrando integração a merecer observação mais atenta. Vai ter seguramente mais minutos. 

Ristic – Arrancou da melhor forma, com 45 minutos produtivos frente ao Sounthampton, culminando exibição com um golo, Como que a mostrar ao treinador que tem de tê-lo em linha de conta na hora de decidir quem será o eleito para a esquerda, agora que Jurásek acaba de chegar. Tem a seu favor o facto de já saber aquilo que Schmidt pretende dos laterais e conhecer bem as rotinas da equipa. Promete, por isso, dar trabalho a Jurásek.

João Victor – Com o setor central hiperlotado, a solução para permanecer no plantel passará por adaptar-se a defesa-direito, setor onde jogou com algum sucesso no Nantes, onde esteve cedido nos últimos seis meses. Começou aí como titular no jogo com o Southampton, repetiu a posição na segunda parte com o Basileia. Embora sem as rotinas de ala, cumpriu e pode ser ele o concorrente de Bah. 

Vida difícil

Meité – Integrado no plantel depois de terminar empréstimo à Cremonese, o médio continua a não entrar nos planos de futuro para Roger Schmidt: Não foi utilizado nem um minuto nos jogos contra Southampton ou com o Basileia. OBenfica tenta encontrar solução para uma saída a título definitivo, mas poderá voltar a ser cedido por empréstimo. Em Itália protagonizou época regular (35 jogos, duas assistências) pelo que o mercado daquele país permanece atento. Esta segunda-feira surgiram notícias dando conta de que estará próximo do Génova. Como ele, também Paulo Bernardo voltará a ser cedido.

Tiago Dantas – Foi um dos jogadores em destaque na Seleção sub-21, findo o empréstimo ao PAOK voltou ao Seixal, mas a concorrência intensa para o setor onde joga não lhe deixa grande margem de manobra. Schmidt não lhe deu minutos e a saída torna-se uma inevitabilidade. Os gregos continuam muito interessados, mas há emblemas com mais dinheiro na corrida, como franceses e até alemães. Venda definitiva é hipótese.

Tiago Gouveia – Renovou contrato poucos dias antes do arranque dos trabalhos, mas a hipótese de voltar a ser cedido é forte (tem mercado em França, por exemplo). Jogou 45 minutos, na segunda parte do desafio com o Southampton mas pareceu fisicamente fora de forma, com dificuldade para acompanhar a equipa. Sem surpresa, não foi utilizado na Suíça. Schmidt aprecia as características dele mas dificilmente começará a época na Luz.