Águia de rapina outra vez

Entrada forte na partida, com uma pressão alta e agressiva, abriu caminho a uma vitória fácil do Benfica, poucos dias depois da derrota na Luz diante do mesmo SC Braga. Segue-se final com o Sporting, porém é certo que estará muito mais em jogo

O Benfica sofre sempre que lhe roubam o espaço e quando não o consegue encontrar através do ataque posicional, algo que já vem de há muito e não se tem conseguido elevar - mesmo com a transferência de poder entre os vários treinadores que foram passando pelo banco - precisa de pressionar bem para condicionar e, de preferência, roubar a bola cedo e atacar com menos obstáculos pela frente.

Em Leiria, a postura afirmativa das águias, bem diferente das apresentadas no dérbi e há dias diante dos mesmos arsenalistas, tornou o jogo de sentido único para os homens de Bruno Lage.

Os minhotos escaparam de boa a uma goleada, confirmando uma temporada de alguns altos e muitos baixos, cujo 4.º lugar na tabela do campeonato ainda assim confirma nesta sua fase um nivelamento por baixo do mesmo em termos de qualidade, algo a que até estamos mais do que habituados.

Bruno Lage puxou dos galões após o apito final, lembrou que a sua equipa, afinal, «sabe jogar bom futebol», não entrando nessa desconstrução entre o que é fazê-lo com espaço e sem este, mas subindo o tom ao ponto de parecer finalmente mais afirmativo e menos fragilizado do que nos anteriores encontros com os jornalistas.

Momento ainda crítico para as águias

Bruno Lage não o disse, porém dizemo-lo nós, que o normal, perante este adversário, é o que aconteceu ontem e não no sábado passado. E acrescento que a fazer do resultado uma mensagem para fora, para os críticos, e para dentro, para os seus jogadores, tal deveria acontecer após uma eventual conquista do troféu diante do Sporting, uma vez que esta de nada significará se não tiver consequência.

Um segundo desaire diante de uns leões ainda à procura de consolidação faria rapidamente crescerem dúvidas onde as certezas não ganharam raízes. E, para isso, terá de ser muito mais dominador do que foi em Alvalade. Não terá outra hipótese, depois de, na primeira, se ter mostrado incapaz de jogar com o momento do grande rival.

Diante dos minhotos, Bruno Lage assumiu o regresso do plano A, o do equilíbrio, que promoveu logo após a saída de Roger Schmidt. Com Florentino a mostrar-se fundamental para encontrar o balanceamento e posicionamento certos, sobretudo no momento da pressão, as águias deram-se ao luxo de ver Schjelderup agarrar a oportunidade para se tornar opção, ainda que integrada numa provável ideia de rotatividade com Akturkoglu. Pavlidis realizou um excelente encontro, mesmo não marcando, tal como Carreras e Tomás Araújo, este último enquanto lateral-direito, abrindo espaço para António Silva somar minutos. Di María esteve em dois dos três golos. Assinou o primeiro e o último, chegando assim aos 13 remates certeiros e seis assistências em 25 encontros esta temporada.

Reis na competição

No sábado, em Leiria vão estar os dois grandes dominadores da competição. O Benfica apresentar-se-á na nona final, com já sete troféus conquistados, embora o último recue até 2015/16, enquanto o Sporting parte para o oitavo encontro decisivo, após quatro taças arrecadadas.

Os dois rivais defrontaram-se a dois dias do novo ano, quando um único golo de Geny Catamo interrompeu um ciclo de maus resultados, roubou a liderança às águias e entregou-a à sua equipa, ainda que, após o empate em Guimarães e sem a realização do Nacional-FC Porto esta seja à condição.