OPINIÃO Taça da Liga, o troféu de que ninguém gosta e todos… querem
O modelo não é, obviamente, o ideal. Não é possível ter sol na eira e chuva no nabal, mas parece-me que é o que todos ambicionam…
A Taça da Liga atingiu a maturidade. No sábado disputa-se a final da 18.ª edição da competição, que, ainda assim, continua como uma espécie de patinho feio do futebol português. Isto embora continue a ser aproveitada cirurgicamente pelos clubes. Pelos grandes, claro. É valorizada quando a conquistam e secundarizada quando a perdem. É assim há 18 anos. Já é mesmo um… clássico.
É louvável o esforço feito pela Liga na promoção da prova. Pedro Proença e toda a sua equipa têm lutado nos últimos anos pela afirmação da Taça da Liga e têm realizado um trabalho bem meritório. Gosto do modelo de final four e também considero que a designação de campeão de inverno foi muito bem conseguida.
A indústria do futebol exige a cada dia mais jogos e não é fácil para ninguém organizar uma competição, por mais pequena que ela seja, até porque vivemos tempos de verdadeira histeria sobre a densidade dos calendários. Os investimentos dos clubes aumentam a cada ano, pelo que há, claro, necessidade de angariar mais receitas, o que, principalmente num país periférico como o nosso, só se consegue com mais… jogos.
O modelo adotado para esta época é discutível. Ruben Amorim até o abordou publicamente, considerando-o injusto desportivamente, mas vejo-o como uma espécie de mal menor. Oito participantes, sete jogos e um vencedor, que terá toda a legitimidade para celebrar, pois a competição até acaba por ser justa e transversal. Os seis primeiros classificados da Liga e os dois primeiros da Liga 2 da época transata.
Para muitos, o modelo foi criado para juntar os quatro grandes na final four, o que acabou por acontecer. Mas também há que referir que tal leitura já vem de há muito e em 18 anos esta foi apenas a terceira vez que tal sucedeu — 2018/2019 e 2020/2021 foram as anteriores —, com Sporting e Benfica a defrontarem-se pela terceira vez na final, com uma vitória para cada um.
O modelo não é, obviamente, o ideal. Não é possível ter sol na eira e chuva no nabal, mas parece-me que é o que todos ambicionam…
A Taça da Liga pode, obviamente, crescer. Contudo, não será fácil. Vejo dois caminhos para tal suceder: dar apuramento para uma competição europeia ou internacionalizar-se. O atual presidente da Liga iniciou o caminho, que todos sabemos que não será fácil nem… rápido. É um objetivo de Pedro Proença, que caso ganhe as eleições para a FPF não o poderá concretizar, mas terá a oportunidade de ajudar a torná-lo real. Acredito que um dia a Taça da Liga poderá disputar-se no estrangeiro e esse será sempre um legado de Proença.
Recordo-me bem das finalíssimas da Supertaça Cândido de Oliveira realizadas em Paris. Curiosamente, em anos consecutivos: 1994 e 1995. Primeiro com o FC Porto a fazer a festa (1-0 sobre o Benfica) e depois o Sporting (3-0 ao FC Porto). Inesquecíveis as festas dos emigrantes no Parque dos Príncipes. E por que não voltar a repeti-las? Outra vez em Paris, na Suíça ou na… Arábia Saudita, aproveitando o fenómeno Cristiano Ronaldo.