SC Braga «O discurso do Conceição motivou-nos para a vitória na Luz»
Dia 18 de dezembro de 2014. Sérgio Conceição começou nesse dia a saborear o gosto especial de ganhar na Luz, um estádio que durante décadas foi maldito para o SC Braga. Uma fortaleza inexpugnável e intimidante mesmo para as versões mais capazes das equipas arsenalistas.
Foi o atual treinador do FC Porto, à época no banco dos bracarenses, quem quebrou um enguiço épico ao conduzir os minhotos ao primeiro triunfo na Luz. Aconteceu num jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal e marcou um ponto de viragem na história dos bracarenses: 2-1, marcou Jonas pelo Benfica, Aderllan Santos e Felipe Pardo pelo SC Braga, confirmando a eliminação das águias da prova.
Na realidade, foi a segunda vitória do SC Braga sobre o Benfica na qualidade de visitante, mas a primeira na catedral encarnada, isto porque em outubro de 1954, quando os minhotos venceram fora o Benfica de Otto Glória por 1-0, com golo do argentino Mario Imbelloni (que também era o treinador), a partida disputou-se no Estádio Nacional - o Estádio da Luz foi inaugurado pouco depois, a 1 de dezembro desse ano.
Seis décadas à espera de sair da Luz de sorriso largo! Foi - soube-se um pouco mais tarde - um ensaio para o SC Braga se tornar mais atrevido nas visitas à casa do Benfica, onde venceu para a Liga em duas épocas consecutivas (1-0, 2019/2020; e 3-2, em 2020/2021). Rúben Micael fez parte do onze que ganhou ao Benfica em 2014, no qual pontificavam outros nomes como Kriticiuk, herói nessa eliminatória ao defender tudo o que era humanamente possível, Danilo, médio que joga atualmente no Botafogo, Éder, herói do Euro-2016, ou Rafa Silva, que por estes dias procura reconciliar-se com os golos no Benfica.
JOGAR SEM MEDO
A BOLA falou com Rúben Micael, que recuperou as memórias daquele jogo da Taça que deixou pelo caminho o conjunto orientado por Jorge Jesus, que pouco tempo antes também havia sido eliminado da Champions.
«Uma das chaves do sucesso do SC Braga nessa partida foi, sem dúvida alguma, o discurso que o Sérgio Conceição teve ao intervalo e que nos motivou para a vitória. Disse-nos para sermos intensos, iguais a nós próprios, sem receio do ambiente das bancadas e muito pressionantes. Na prática, é a imagem do que é atualmente no FC Porto. Agregador e motivador de forças, sempre em prol de um coletivo forte. A verdade é que demos a volta ao marcador em apenas dez minutos. No final sofremos um pouco, devido ao desgaste acumulado, mas a verdade é que nesse ano fomos à final da Taça de Portugal com o Sporting», recorda o ex-jogador bracarense, agora empresário no ramo hoteleiro, dono do Restaurante do Forte, em Câmara de Lobos, na Madeira.
Embora afastado das lides futebolísticas, Rúben Micael segue com atenção a luta pelo título e acredita que este ano o SC Braga pode ser o outsider e vencer a corrida a Benfica e FC Porto.
«O SC Braga tem apresentado um futebol moderno, atrativo e muito atacante. Se mantiver a atitude que nós tivemos naquele ano, creio que pode sair do Estádio da Luz com os três pontos e se isso suceder não tenho dúvidas de que pode mesmo ser campeão pela primeira vez. Agora, se for à Luz com medo, jogar com receio e mudar a sua identidade, dificilmente será bem-sucedido em casa do Benfica», defendeu o ex-guerreiro, que na Madeira fica a torcer pelo sucesso dos minhotos.