Neto emocionado na despedida: «Amei o Sporting desde o primeiro dia»
Central encerra capítulo de cinco épocas; palavras de agradecimento, com lágrimas à mistura, e juras de amor eterno
Luís Neto encerra a sua passagem pelo Sporting. Em entrevista à televisão do canal, o central, de 36 anos, abordou vários episódios dos últimos cinco anos e despediu-se, em lágrimas, realçando que passa a ser «mais um leão a torcer» pelo sucesso do clube.
- Como é que vais sobreviver às saudades desta que é a sua casa?
- É uma pergunta para a qual ainda não tenho a resposta certa. Vesti a camisola do Sporting como se fosse a minha pele desde o primeiro dia que cá cheguei, com muita crença, com muita vontade de fazer as coisas diferentes do que ia acontecer no clube, conseguir encurtar estas gaps a nível temporal de ganhar consistentemente e ganhar mais vezes. E se há algo que me apazigua aqui pouca alma, passados cinco anos, acredito que o clube está num caminho de crescimento contínuo, um clube estruturado, um clube muito, muito forte, robusto, com muitas ideias para ainda evoluir cada vez mais, mas com uma série de recursos humanos muito capazes, quer na liderança quer na estrutura, jogadores com muito potencial, um grande treinador e uns adeptos fantásticos que nestes cinco anos provaram que são o melhor que tem o clube e que colocam o Sporting, parece-me a mim, neste momento, numa rota de forma mais contínua, acho que o Sporting está mais preparado para ganhar e acho que é um bocadinho por aí um orgulho naquilo que acho que deixo cá, a mentalidade, o legado, a exigência, um bocadinho tudo o que era e o que está agora e o que acredito que vai ser, mas claramente com saudade já, ainda tenho alguma dificuldade em digerir, desde o dia da despedida aqui em Alvalade com o Chaves, o próprio significado da Taça de Portugal, essa última semana foi assim um bocadinho forte a nível emocional, é quando se percebe que as coisas estão a chegar ao seu término, por tudo, não só por nós, também pela família. Mas, é assim, temos de seguir. É um ciclo que se fecha, mas é uma história que acredito que não acaba aqui.
- Alguém muito próximo de si escreveu algo que deslumbrou todos os sportinguistas: «Ontem não chegou ao fim o namoro do Neto com o Sporting, começou um casamento que será para a vida toda». O Sporting já está cravado em todos os poros da sua pele?
- Ainda hoje dizia em casa que foi muito intenso, ou seja, aquilo que eu coloquei por esta passagem, que inicialmente era de três anos e que foram cinco, foi algo que transpunha só o racional, era colocar tudo de mim para que eu pudesse, ou seja, sempre imaginei o que seria poder ganhar aqui no Sporting, o que é que seria ser campeão no Sporting, e fui acostumado, mesmo a nível social, a maneira como que era visto o clube, então foi quase um desafio, quase individual, muito egoísta da minha parte dizer e se as coisas correm bem? Tal como disse o mister nesta minha passagem, ou seja, sempre imaginei que seria diferente ganhar aqui, do que ganhar nos outros dois clubes também acostumados a ganhar, que rivalizam com mais a nível de títulos com o Sporting, e conseguir passar um bocadinho disto aos grupos que encontrei, pensarmos que era possível fazer diferente, todo este trajeto, toda esta aventura valeu muito a pena. E olhando para trás, desde o primeiro dia ao dia de hoje é um orgulho imenso poder ver que que estas duas taças, com todo o respeito por tudo o que conquistámos, é o que faz realmente a diferença no clube, não só agora, mas também no futuro.
- Esta foi uma época de tudo ou nada?
- Tivemos muitas conversas em 2002/2023. Tínhamos um grupo muito saudável, mas estava a faltar alguma coisa. Tivemos conversas muito marcantes, mensagens do mister em que o próprio disse que se não ganhássemos nada algo terminava, cada um ia para a sua casa. Toda a gente deu uma grande resposta, conseguimos no desconforto voltar a criar todas as condições para voltar a ganhar. A resiliência do grupo, a consistência e o facto de conseguirmos passar a mensagem que todos os três pontos eram importantes: dizíamos sempre, se hanharmos hoje somos campeões. Jogo a jogo. Existiu uma crença enorme, uma fome enorme, e depois mesmo a nível exibicional toda a gente com prazer a jogar uns com os outros, o nosso sistema, as nossas posições, o nível de exigência, ou seja, o percebermos que podemos ganhar dez vezes, mas se os rivais também o fizermos temos de ganhar onze! Com poucas folgas, é exigente a nível físico e mental, porque depois veio a Liga Europa, a Taça de Portugal, Taça da Liga, a lutar por tudo. Foi a chave deste ano.
A semente ficou cá, as raízes estão aqui. Serei agora mais um leão de fora a torcer por mais vitórias. É como diz a música, juro ser fiel ao Sporting, o meu sangue é verde e branco, corre nas veias
- Do que vai ter mais saudades e a quem tem de agradecer neste momento?
- Vou ter mais saudades do meu trajeto na Ponte Vasco da Gama, as coisas que ia pensando sobre o que é que era bom para melhorar sempre o nosso dia a dia. Vou ter saudades de todas as pessoas que tive o prazer de partilhar muitos momentos, muitas histórias, muitas conversas. Eu sou muito de falar, gosto de saber como é que estão as coisas. Terei muitas saudades de Alvalade, de todas as vitórias, de todos os momentos que me lembro que ganhámos, terei saudades dos adeptos, de fazer parte desta grande família. Vou dizer sempre que serei sempre Sporting, mas o estar cá, caminhar na rua e as pessoas associar-nos ao Sporting, agradeço ter feito parte de algo tão grande. Faltam-me palavras, foi uma grande aventura, foi uma história feliz… Não gosto muito de falar em despedidas, tudo o que é história ficam gravadas na memória e no coração… nunca acaba.
- Cantou no Marquês a plenos pulmões o voto solene do Sporting. Qual é o seu voto nesta despedida?
- Amei o Sporting desde o primeiro dia e, genuinamente, vou ter muitas saudades de toda a gente. A semente ficou cá, as raízes estão aqui. Serei agora mais um leão de fora a torcer por mais vitórias. É como diz a música, juro ser fiel ao Sporting, o meu sangue é verde e branco, corre nas veias.