Moreirense-Chaves: cónegos na crista da onda, flavienses em águas turbulentas
Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas é palco do duelo entre Pevidém e Benfica. (Foto: Moreirense)

ANTEVISÃO Moreirense-Chaves: cónegos na crista da onda, flavienses em águas turbulentas

NACIONAL10.02.202408:00

Formação de Rui Borges está tranquilamente na 6.ª posição da Liga e continua a olhar apenas para cima; equipa liderada por Moreno Teixeira está no penúltimo lugar e precisa urgentemente de pontos para ficar mais perto da 'salvação'

Depois da tempestade vem a bonança. A expressão, tão tipicamente portuguesa, pode, por estes dias, ser utilizada pelos adeptos do Chaves. Afinal, os flavienses precisam de contornar as águas turbulentas onde estão mergulhados para conseguirem chegar a bom porto. 

Do outro lado, não houve qualquer tempestade (antes pelo contrário!) e a bonança parece que veio mesmo para ficar. Porque o Moreirense, recorde-se, regressou esta época ao principal escalão do futebol português e continua, já na elite nacional, a ter uma caminhada tão meritória quanto aquela que conseguiu em 2022/2023 e que permitiu aos cónegos vencerem de forma brilhante a Liga 2, conquistando, inclusivamente, o título de campeão.

Serve esta introdução para dar conta dos estados atuais de Moreirense e Chaves. As duas equipas medem forças esta tarde (18 horas), numa partida relativa à 21.ª jornada da Liga, sendo que as situações dos dois contendores são absolutamente distintas.

O emblema minhoto continua, então, a dar corpo ao que de tão bom fez na temporada passada (com Paulo Alves ao leme), sendo que o novo comandante, Rui Borges, teve o mérito de manter o rumo da nau. Mesmo que numa realidade completamente diferente, uma vez que estamos a falar da Liga 2 (2022/2023) e da Liga (2023/2024). No entanto, o mérito de ambos os treinadores é comparável. Porque ambos elevaram o Moreirense. O clube, a estrutura e os adeptos agradecem.

Centremo-nos, pois, na época em curso. 6.º lugar. É este o posto que ocupa o emblema de Moreira de Cónegos à entrada para esta 21.ª ronda. Situação que, aconteça o que acontecer na receção aos transmontanos, manter-se-á inalterada. Qualquer que seja o resultado, o Moreirense (32 pontos) não conseguirá apanhar o Vitória de Guimarães (39), mas também não será apanhado por Farense e/ou Arouca (ambos 25 pontos). Ou seja, e curiosamente, a distância para o 5.º lugar é, nesta altura, exatamente a mesma do que para o 7.º posto.

Já o Chaves está numa situação perfeitamente díspar. A formação orientada por Moreno Teixeira está no 17.º e penúltimo posto da tabela classificativa (14 pontos) e também sabe que mesmo vencendo esta tarde ainda não é nesta ronda que abandona os lugares de despromoção. Tudo porque o Rio Ave (mesmo jogando apenas amanhã, no caso, diante do Casa Pia) soma 18 pontos e, como tal, mesmo que os flavienses vençam e os riovistas percam, a situação classificativa não se alterará relativamente aos dois clubes.

MOREIRENSE

Os 32 pontos já conquistados pela formação verde e branca de Moreira de Cónegos permitem ao clube ter a garantia quase total de que o objetivo principal delineado para esta temporada está alcançado: a permanência. Se matematicamente ainda é possível uma reviravolta pontual, logicamente, manda o bom senso dizer que esse cenário é praticamente impossível de acontecer. 

A comodidade de estar a navegar em águas tranquilas deve-se, obviamente, ao que de muito bom tem feito a formação de Rui Borges que, curiosamente, até logrou mais pontos fora de casa do que a jogar no seu reduto (18 contra 14).

No Estádio Joaquim de Almeida Freitas, porém, há um facto que apenas tem uma exceção: o Moreirense marca (quase) sempre. Nos nove encontros disputados no seu recinto, os cónegos venceram quatro - Farense (1-0), Vitória de Guimarães (1-0), Portimonense (5-2) e Famalicão (1-0) -, empataram dois - Boavista (1-1) e Benfica (0-0) - e perderam três - FC Porto (1-2), SC Braga (2-3) e Casa Pia (1-4). Significa isto que apenas diante do Benfica, no nulo registado à 12.ª jornada, no passado dia 3 de dezembro, os adeptos do emblema minhoto não tiveram a oportunidade de festejar qualquer golo da sua equipa. Nos restantes oito jogos, equilíbrio bastante presente: 13 golos marcados e 12 golos sofridos.

O Moreirense vem de um desaire fora de portas. Não muito longe de sua casa, refira-se. Em Braga, num dos vários dérbis minhotos da presente temporada, os cónegos perderam por 0-1, no passado domingo. Sendo que apenas por uma vez esta época o conjunto de Rui Borges perdeu dois jogos seguidos para a Liga (2-3 com o SC Braga e 0-3 com o Sporting), ambos na primeira volta.

Ou seja, reza a história que não é (nada) comum que os minhotos escorreguem em duas partidas consecutivas. O que, em teoria, abre boas perspetivas para o jogo desta tarde, diante do Chaves.

Equipa provável (4x2x3x1): Kewin Silva; Dinis Pinto, Maracás, Marcelo e Pedro Amador; Gonçalo Franco e Lawrence Ofori; Kodisang, Alanzinho e Madson; Luís Asué

Lesionados: Alhassane Sylla e Hernâni Infande

Castigados: -

Figura: Alanzinho

O jovem médio-ofensivo brasileiro, de apenas 23 anos - completa 24 no próximo dia 8 de março -, é o principal municiador atacante dos minhotos. Alia a inteligência da leitura de jogo à qualidade de passe e, com esses dois atributos, consegue quase sempre colocar os companheiros em situações vantajosas no último terço. Se a dupla de médios que tem por trás fizer o trabalho de recuperação de forma eficaz, o que, por norma, acontece, então o número 11 está nas suas sete quintas no que concerne ao processo de criação. É o terceiro jogador mais utilizado do plantel, apenas superado, neste particular, por Kewin Silva e Marcelo, sendo que depois da recente saída de André Luís (rumou ao Shanghai Shenhua, da China) passou também a ser o melhor marcador da equipa na presente temporada, com quatro golos (o ponta de lança brasileiro tinha sete).

Alanzinho é o motor de todo o jogo de ataque da formação minhota. (Foto: Moreirense)

A antevisão de Rui Borges:

CHAVES

A situação é preocupante. Falamos, claro está, dos pontos. Ou da falta deles, no caso. Porque os flavienses precisam, urgentemente, de regressar às vitórias para aspirarem a deixar os lugares de despromoção.

A distância para o posto que dá permanência direta (15.º) é, neste momento, de seis pontos (Casa Pia, que tem 20), mas à medida que as jornadas vão passando a probabilidade matemática de recuperação vai diminuindo.

Mas também manda o rigor dizer que os valentes transmontanos estão longe de atirar a toalha ao chão. Antes pelo contrário! Tanto pelas exibições produzidas - principalmente nas jornadas recentes - como também pelas declarações de Moreno Teixeira. Porque a infindável confiança que o técnico deposita nos seus jogadores - algo que, aliás, fica bem patente em cada aparição pública - tem paralelo com a produtividade dos atletas. Mesmo quando os resultados não são os mais desejados. Em Chaves acredita-se piamente na retoma.

Para isso, é preciso a tal relação direta com as vitórias. Porque o último triunfo para a Liga já foi há mais de dois meses: a 1 de dezembro de 2023, na receção ao Vizela (2-1). Jogava-se, então, a 12.ª jornada.

Daí para cá, quatro derrotas - Estoril (0-4), Casa Pia (1-3), FC Porto (0-1) e Sporting (0-3) - e quatro empates - Famalicão (2-2), Rio Ave (0-0), SC Braga (1-1) e Farense (1-1). Sendo que, destes quatro empates, três foram conseguidos nas últimas três rondas. E com exibições bastante bem conseguidas. O que faz aumentar, lá está, a crença no regresso à boa onda...

Equipa provável (3x4x3): Hugo Souza; Vasco Fernandes, Steven Vitória e Júnior Pius; João Correia, Guima, Dário Essugo e Sandro Cruz; Rúben Ribeiro, Héctor Hernández e Raphael Guzzo

Lesionado: Pedro Pinho

Castigado: Ygor Nogueira

Figura: Héctor Hernández

O Chaves tem 20 golos marcados na Liga. Héctor Hernández tem 10. Metade. Só por este registo já se percebe bem a importância do ponta de lança espanhol na equipa flaviense. O número 23 tem um elevado faro pelas balizas adversárias, posiciona-se quase sempre de forma a conseguir desenvencilhar-se das marcações contrárias para pode ficar em situação privilegiada para fazer o gosto ao pé, mas o grande problema é que nem sempre é servido da melhor forma. E quando isso acontece, Héctor Hernández tem a astúcia necessária para sair da sua zona de conforto e procurar outros espaços por forma a dar linhas de passe aos companheiros e permitir a integração de elementos de outros setores em zonas de finalização. É muito por Héctor que passará o sucesso do Chaves. Hoje e nos próximos jogos.

A antevisão de Moreno Teixeira:

Os cónegos querem continuar na crista da onda, os flavienses pretendem sair da zona das águas turbulentas para começarem a nadar mais perto da costa. Quem conseguirá rema(ta)r de forma certeira esta tarde?...