Jonas: «Quero a final da Taça como presente de 40 anos!»
Jonas, antigo ponta de lança brasileiro do Benfica (Alexandre Pona)

BENFICA Jonas: «Quero a final da Taça como presente de 40 anos!»

NACIONAL01.04.202409:30

Ídolo do Benfica, aniversariante esta segunda-feira, antevê dérbis a A BOLA; «Benfica chega sempre forte nestas fases», acredita o ex-ponta de lança

Parece mentira mas Jonas Gonçalves Oliveira, tetracampeão pelo Benfica, completa esta segunda-feira, dia 1 de abril, 40 anos. A A BOLA, o ídolo encarnado faz o balanço da carreira — ou, melhor, da vida até aqui — e deixa recado aos benfiquistas às vésperas de dois dérbis com o rival Sporting, um deles decisivo, para a Taça de Portugal, e outro de importância transcendente, para a Liga.

«O Benfica bem que podia dar-me um presente de aniversário e classificar-se para a final da Taça de Portugal, né? Eu acredito que vai acontecer», afirma, a propósito da partida de terça-feira das meias-finais da prova: «Nós somos sempre muito fortes em nossa casa e a desvantagem não é tão difícil assim de reverter [1-2], estou na torcida aí com todos os benfiquistas nessa meia-final.»

Para Jonas, com a experiência de quem passou cinco anos na Luz e conquistou quatro títulos de campeão, fora uma Taça, duas edições da Taça da Liga e uma Supertaça, entre 137 golos de todas as formas e feitios, «o Benfica chega sempre forte fisicamente e mentalmente nesta fase da temporada, nesta fase de muitas decisões» e antecipa: «Acredito que este ano aconteça mais ou menos a mesma coisa.»

A ONDA VERMELHA

«Ainda há a reta final da Liga, ainda há as meias-finais da Taça de Portugal e ainda há a Liga Europa, onde, convém não esquecer, o Benfica é o único representante de Portugal vivo. São muitas decisões, muitos jogos, mas acho que o clube, pela qualidade do plantel que tem mas também pela própria tradição, sairá por cima, é nestas alturas que se faz sentir a onda vermelha», diz.

Apesar de não ir a estádios com frequência — «vou, raramente, assistir ao Botafogo de Ribeirão Preto, da cidade onde moro, treinado por um português, Paulo Gomes» — o ex-craque benfiquista, cuja queda pelo Corinthians, de António Oliveira, clube onde nunca atuou, é pública, segue com atenção todas as competições que pode: «As do Brasil, a Champions, a Premier League, de que gosto muito, La Liga, claro, e o Benfica, claro também.»

Somos sempre muito fortes em nossa casa e esta desvantagem [1-2] não é difícil de reverter.

E não vê o FC Porto com capacidade, ou melhor, com tempo hábil para se intrometer na luta pelo título entre os rivais lisboetas: «No campeonato, sinto que a luta será entre Benfica e Sporting, acompanho o ótimo trabalho do meu amigo Rúben Amorim no rival, mas volto a sublinhar que nós, na minha opinião, estamos mais bem preparados; entretanto vejo o FC Porto um pouco atrasado demais para esta fase da época.»

ANOS REDONDOS

Além do futebol, Jonas une o trabalho com a família. «Escolhi morar aqui perto dos meus pais e da família da minha mulher, uma vez que o meu sogro faleceu durante a pandemia de covid-19 e a família precisa de suporte, mas ao mesmo tempo ir trabalhando em diversos ramos mas, sobretudo, na área do imobiliário e da agricultura com os meus irmãos, enquanto estudo em cursos de economia e de investimento», conta.

E recorda, aos 40, o Jonas dos 30, a caminho da Luz, e o Jonas dos 20, quando escolheu, de vez, o futebol. «Nestes anos redondos, sempre tomei decisões importantes, aos 30, por exemplo, olhe como o tempo passa, estava a chegar ao Benfica, a melhor decisão da minha carreira, pelos grandes momentos, pelas grandes amizades, pelo grande carinho que recebi, sou muito grato ao clube. Há dez anos, mudei de clube, de Liga, de país.»

O Benfica chega sempre forte fisicamente e mentalmente nesta fase da temporada, nesta fase de muitas decisões.

«E aos 20, na verdade a dois meses de completar 20, tomei a decisão, num almoço em família, de travar o meu curso de farmácia e aceitar o convite do professor Donizetti, treinador do Guarani, de me tornar profissional, ele exigia quatro meses no clube e isso implicaria deixar a faculdade», recorda. «O meu sonho era chegar a um grande do Brasil, cheguei, e ainda cheguei a dois grandes da Europa. Caso não tivesse optado pelo meu sonho no futebol, teria, com certeza, obtido um diploma, de farmacêutico, já que decidi estudar esse ramo porque ajudava o meu irmão, farmacêutico, entregava os remédios na minha cidade, Taiúva, e lia as receitas já e tudo mas nunca gostei muito dessa área, sou mais do futebol ou, no máximo, da economia», diz. «Voltar a uma sala de aula? Hum, não, prefiro os meus cursos rápidos de economia.»

VIDA DE QUARENTÃO

«Jogar futebol? O corpo já não é mais o mesmo aos 40, sobretudo para quem foi profissional», ri Jonas, de cabelo (e às vezes barba) grisalho mas ainda o físico quase igual ao dos tempos de atleta. «Jogo só um pouco, a brincar, porque não posso abusar por causa de dores na coluna. Desporto só na televisão, não só futebol mas também ténis, sou fã do [Carlos] Alcaraz, gosto do [Novak] Djokovic, mas é como eu, temos de dar lugar aos novos...», ri.

«Aproveito também para estar presente em todos os passos da vida das minhas filhas, reuniões na escola, buscá-las no piano e na catequese, sobretudo da mais velha, porque a mais nova ainda é pequenina... Antes eu já procurava estar muito presente mas nem sempre podia por causa da vida de profissional, aos 40, o tempo e as prioridades de um ex-jogador mudam, essa é uma vantagem», explica o ex-internacional brasileiro.

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