Benfica: atormentou Jesus e Schmidt, agora atormenta Bruno Lage

NACIONAL07:30

Lado direito da defesa não dá descanso: condição física de Bah continua a deixar os benfiquistas de coração nas mãos, Kaboré não convenceu; depois de Nélson Semedo, há mais de 7 anos, não houve descanso

Alexander Bah e Issa Kaboré foram dispensados pelas seleções da Dinamarca e do Burkina Faso, respetivamente, com apenas uma partida (de duas possíveis) disputada para a Liga das Nações, mas o regresso antecipado a Lisboa não significa que as dores de cabeça de Bruno Lage, treinador do Benfica, em relação ao lado direito da defesa, estejam resolvidas.

Bah, o teórico titular, regressa com problemas físicos, questões de ordem muscular que o fazem sentir «muitas dores», como explicou o selecionador dinamarquês Brian Riemer, e também Issa Kaboré trará consigo informações de que não estará nas condições ideais, pelo que o Benfica irá fazer a reavaliação dos futebolistas no regresso ao trabalho, esta terça-feira, no Seixal.

O problema em torno do lateral-direito do Benfica é muito mais profundo do que o resultado que sair das reavaliações, que não deverão mostrar gravidade.

No caso de Bah, não há qualquer dúvida em relação à capacidade para jogar no Benfica. É veloz, é ofensivo, sabe defender, mas falha num aspeto: perde muitos jogos por problemas físicos, é apenas o 9.º mais utilizado da equipa e já abandonou dois jogos esta época por lesão: Estrela Vermelha, na Champions, e Farense, para a Liga.

Quanto a Kaboré, há reservas de ordem técnica e tática, se reunirá condições para jogar no Benfica. Chegou perto do encerramento da janela de mercado de verão, emprestado pelo Manchester City, não foi feliz na partida em Belgrado, voltou a deixar dúvidas em Munique, com o Bayern, e já levou Bruno Lage a optar por Tomás Araújo, central, para o lado direito.

No passado, o Benfica tentou devolver vários jogadores emprestados, alguns deles laterais —Bernat, esquerdino cedido pelo PSG, é exemplo recente —, o mesmo poderá tornar-se realidade em relação a Kaboré. Dependerá do Manchester City e da capacidade do Benfica para encontrar nova casa para o jogador até final da época.

Com ou sem o internacional do Burkina Faso, o problema do lateral-direito deve obrigar o Benfica a ir ao mercado. Bah dá garantias de qualidade, mas não físicas, e o Benfica, com campeonato pela frente, não quererá ver-se privado de opções à altura das necessidades. E até final de janeiro também se saberá mais de Taça de Portugal e de Liga dos Campeões: se o Benfica estiver em prova mais razões haverá para investir num lateral-direito. Investir numa compra.

Jorge Jesus, mesmo com Gilberto, André Almeida e Diogo Gonçalves, nunca teve um indiscutível, Roger Schmidt, mesmo com Bah, teve de adaptar Aursnes. Apesar da longevidade na Luz, André Almeida nunca foi unânime, pelo que é preciso recuar até Nélson Semedo (2016/17) para encontrar um lateral-direito que tenha deixado os benfiquistas dormir descansados.