Hassan Nader: «Este Benfica está ferido»
Talocha e Di María no encontro entre Benfica e Farense na 13.ª jornada da Liga. Foto: Miguel Nunes/ASF

Hassan Nader: «Este Benfica está ferido»

NACIONAL20.04.202422:35

Hassan antecipa a A BOLA o duelo entre os antigos clubes; antigo avançado vai estar no São Luís

O Farense-Benfica da 30.ª jornada vai contar com um espectador especial nas bancadas: Hassan Nader, 58 anos, icónico ponta de lança do futebol português que passou pelos dois emblemas. «Neste momento estou em Vilamoura e vou aproveitar para ir ao estádio» revela a A BOLA, na companhia de Barrigana e Raul Barbosa, antigos médio e central com quem partilhou balneário no clube de Faro.

Marcou aos 90’ o golo que deu a última vitória dos leões algarvios contra as águias, em 1998, mas não arrisca, agora, fazer prognósticos: «Uma vitória dará mais tranquilidade ao Farense no campeonato, precisa dos pontos. Joga no seu estádio e poderá estar melhor, mas até já perdeu muitos pontos em casa. De qualquer forma, não nos podemos esquecer que o Benfica está ferido e convém aparecer segunda-feira, porque já saiu de quase todas as competições. Mas o Farense tem todas as condições para ganhar.»

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Foi com a camisola do clube do Algarve que viveu os melhores anos da carreira e recorda a A BOLA «a grande sensação e grande motivação» de jogar no Estádio de São Luís, «um inferno para as equipas que lá iam», frisando que «as equipas sofriam muito quando lá jogavam».

Hassan Nader, ao serviço do Farense frente à Académica de Coimbra, 1998. Foto: ASF

O antigo avançado mostra-se feliz com a atualidade desportiva do clube: «O São Luís voltou a ter mais adeptos e acredito que no jogo contra o Benfica a casa vai estar cheia. Há cada vez mais sócios a apoiar a equipa, que merecia estar sempre na primeira Liga. Está a fazer o seu campeonato e os adeptos enchem quase sempre o estádio. É um dos que têm melhor assistência média na época. É das casas que estão quase sempre cheias e não é fácil jogar aqui em Faro!»

Memórias do Benfica

Nas duas épocas que carregou a águia ao peito, Hassan teve «o privilégio de privar com grandes jogadores, como Michel Preud’homme, João Vieira Pinto, Valdo, Ricardo Gomes, Hélder Cristóvão, Dimas ou Paulo Bento».

Chegou a Lisboa em 1995 com a A Bola de Prata na mala, pelos 21 golos marcados pelo Farense, mas nem tudo correu bem: «Foi um pouco complicado para nós, foi uma época de transição e de mudança no Benfica. As coisas não correram bem, mas tínhamos grandes jogadores.»

Hassan Nader recebe A Bola de Prata em 1995, por ter marcado 21 golos no campeonato. Foto: ASF

Atento à temporada dos encarnados, o marroquino é da opinião de que «não correu como se esperava» e que «os resultados não têm sido os melhores, porque a equipa perdeu muitos pontos em jogos que não se esperava», reconhecendo que «houve muitas críticas à forma como o treinador geriu a época» e lamentando os assobios de que Roger Schmidt foi alvo.

Mas para Hassan já há poucas dúvidas: «Com a diferença de pontos entre Benfica e Sporting, quase podemos dizer que o Sporting já é praticamente campeão e que o Benfica vai acabar a época a zeros. A época acaba por ser uma desilusão.»

Hassan Nader com as cores do Benfica na época 1995/96. Foto: ASF

O antigo ponta de lança percebe qualquer coisa de golos — marcou 99 pelo Farense e nove pelo Benfica. Ainda assim, admite a dificuldade em escolher o nome indicado para o ataque das águias.

Quem joga no ataque?

«No caso do Sporting é fácil, o ponta de lança deles é muito forte, típico ponta de lança à antiga. Para o Benfica as coisas são um pouco diferentes», começa por dizer. E explica: «É preciso ter em conta as qualidades de cada avançado em função do grupo. Depois, é preciso haver condições para receber bolas, criar oportunidades... são coisas que a meu ver não funcionaram muito bem este ano para a equipa, que tinha de jogar mais como grupo. Por isso vemos que o Benfica, nesta questão, falhou um bocadinho. Porque quando se vai buscar um jogador tem de se perceber como o treinador o vai integrar na equipa, para jogar mais e marcar mais golos.»