Exclusivo A BOLA «Gyokeres? Ui, que jogador! Tentei contratá-lo»

Stan Valckx, antigo central leonino, não poupa elogios ao avançado sueco; continua a acompanhar clube de Alvalade e confessa-se leão para sempre

Três décadas depois de ter sido o patrão da defesa leonina, Stan Valckx, antigo central neerlandês, confessou a A BOLA que segue a vida do Sporting. Falou sobre o compatriota St. Juste, o experiente Coates, o promissor Gonçalo Inácio, o virtuoso Edwards e fez uma revelação sobre Gyokeres, que considera ser grande reforço para os leões.    

- Tem acompanhado o percurso do Sporting? Qual a sua opinião sobre como está a correr a atual temporada? 

- Sim, continuo a acompanhar a vida do Sporting, interesso-me bastante, é um clube que nunca sai do coração. Sigo de perto as notícias e, sempre que possível, vejo os jogos. O campeonato em Portugal mantém-se numa luta entre os três grandes.

- Assistiu ao dérbi na Luz, que o Sporting perdeu, por 1-2, com o Benfica, após sofrer dois golos já em tempo de compensação? 

- Claro que sim! Foi um jogo muito intenso, como sempre, gostei do que vi, mas foi pena o resultado. Acho que o mais ajustado teria sido um empate. Sabemos que estes jogos contra o Benfica são sempre diferentes, de incerteza, e nem sempre ganha a equipa que esteve melhor durante os noventa minutos. No campeonato português, ao longo das temporadas, há seis/oito jogos que são de maior exigência, os dérbis são sempre assim. Também acompanhei o percurso do Sporting na Europa, gostei da atitude da equipa. 

O Sporting tem um plantel bastante equilibrado, com jogadores jovens, outros experientes e alguns virtuosos, por exemplo, o Edwards  

- E em relação ao seu compatriota St. Juste, o que diz?

- Foi pena ter-se lesionado. Estava a jogar a titular e bem integrado, foi azar. Julgo que dentro de pouco regressa em grande e pode voltar a ser titular. É um jogador que além de defender bem está confortável com a bola e sabe sair a jogar, isso é muito importante na estratégia da equipa, ter um central que seja seguro a fazer as transições.

- Você era forte fisicamente, um central que defendia bem, saía a jogar e marcava golos. Vê algumas semelhanças em St. Juste?   

- Eu era isso tudo [risos]? Vejo algumas parecenças, sim, embora houvesse alturas em que eu jogava mais subido, a meio-campo. Eu já tinha 29 anos quando joguei no Sporting, ele é mais jovem. Tenho grandes expectativas em relação a ele. Precisa de jogar mais para ligar-se à equipa, tem sido lançado a partir dos setenta, oitenta minutos e tem de aproveitar todas as oportunidades para mostrar que está pronto para voltar ao onze.     

- O que é que St. Juste pode dar a mais à equipa do que Coates,  Gonçalo Inácio ou Diomande? 

- O St. Juste é mais rápido do que os outros. Faz bem as transições para o ataque, quando está do lado direito. É um jogador possante, não é o típico defesa-central, é moderno, mais móvel. Coates é o patrão da defesa, isso é indiscutível, um jogador com muita categoria e experiência. Quanto ao Gonçalo Inácio estou curioso para ver quanto tempo mais é que o Sporting o vai conseguir segurar.

- Que outros jogadores do plantel lhe estão a encher as medidas?

- O Sporting tem um plantel bastante equilibrado, com jogadores jovens, outros experientes e alguns virtuosos. Por exemplo, o Edwards, que teve uma passagem rápida pelos Países Baixos, onde jogou no Excelsior, antes de ir para Portugal [ingressou no Vitória de Guimarães em 2019/2020]. É um jogador muito bom, bastante criativo, mas... falta-lhe qualquer coisa. Precisa de ser mais consistente nas suas atuações e não apenas ter laivos. O treinador precisa que ele seja coeso em todos os jogos, de modo a dar garantias à equipa técnica e confiança aos próprios companheiros.   

- E não inclui o Gyokeres nessa lista de jogadores? 

- Gyokeres? Ui, que jogador! Já o conheço e acompanho há bastante tempo. Quando era diretor desportivo quis, ou melhor dizendo, tentei contratá-lo, há três anos, já jogava em Inglaterra [no Brighton, antes de ser emprestado ao Swansea e depois ao Coventry ], para ingressar no Venlo [onde Valckx se tornou profissional ], mas ficámo-nos pelas conversações. 

- Sabe que é o jogador mais caro da história do Sporting? 

- Sim. É uma grande contratação, não haja dúvidas disso. O Sporting acertou em cheio. É um ponta de lança rápido, muito inteligente nas decisões e tenho a certeza de que ainda vai melhorar.

O Sporting estará para sempre no meu coração. Continuo a ser muito acarinhado pelos adeptos e isso é tão bom, sou mais um leão 

- Acredita que o Sporting pode ser campeão este ano? 

- Tem hipóteses de o ser, mas sabemos que é complicado. A equipa tem de ser forte até ao final do campeonato.

- Continua a ser uma figura querida entre os adeptos do Sporting. A última vez que esteve em Alvalade foi em 2018, aquando do jogo do Sporting com o Qarabag, da Liga Europa. Tem saudades? 

- É sempre bom regressar a casa. O Sporting estará para sempre no meu coração. Tenho saudades de Alvalade, continuo a ser muito acarinhado pelos adeptos e isso é tão bom, sou mais um leão.

- Viveu tempos áureos no Sporting, num plantel que já foi considerado o melhor de sempre, mas há uma mágoa. 

- Não ganhámos nada! Tínhamos uma equipa fantástica, não sei se a melhor, FC Porto e Benfica estavam fortes. Ainda mantenho contacto com alguns deles, principalmente o Balakov, um grande amigo.

- Quer deixar uma mensagem a Rúben Amorim? 

-  Rúben sabe muito bem o que faz, que continue assim que o sucesso aparecerá.