Gonzalo García: «É normal que haja algumas dúvidas se olharmos apenas para os resultados»
Gonzalo García

Gonzalo García: «É normal que haja algumas dúvidas se olharmos apenas para os resultados»

NACIONAL11.08.202419:19

Técnico uruguaio estreia-se como treinador na Liga na receção ao Vitória de Guimarães; deixou elogios ao percurso europeu dos vimaranenses e devalorizou as «dores de crescimento» dos arouquenses na pré-temporada

A nova era do Arouca na Liga, pela primeira vez sob o comando de um treinador estrangeiro, o uruguaio Gonzalo García, tem estreia oficial marcada para esta segunda-feira, na receção ao europeu Vitória de Guimarães. Um duelo difícil aguarda os lobos da Serra da Freita que, em sete jogos caseiros para o campeonato, nunca foram capazes de derrotar a equipa vitoriana.

Perante uma pré-epoca deficitária em termos de resultados (1 vitória, 1 empate e 3 derrotas), Gonzalo García admite como normais as «dores de crescimento» da equipa e apontou baterias para a determinação com que é preciso actuar frente ao poderoso adversário.

«É normal que haja algumas dúvidas se olharmos apenas para os resultados. Mas é certo que temos vindo a provar muitas coisas nesses jogos. Nunca utilizamos a mesma equipa. É a minha experiência em Portugal, uns jogadores saíram, entraram outros, estamos num processo de nos conhecermos e ver qual é a melhor maneira de os jogadores se adaptarem às nossas ideias e que acreditem nas nossa mensagem. Foram jogos realizados em condições duras, e o mais importante é que fomos experimentando diferentes situações e opções. Estou tranquilo, acredito nos jogadores, nesta altura estamos num processo de crescimento. O começo de qualquer campeonato é sempre duro», começou por referir na antevisão realizada este domingo no Municipal de Arouca.

Sem temer a estreia na Liga portuguesa, o treinador mostrou-se satisfeito com o trabalho já feito pelo plantel, embora admitindo alguma vantagem dos conquistadores, que contam só por vitórias os três jogos realizados nas competições da UEFA.

«É difícil começar o campeonato contra uma equipa com valor reconhecido no país e que já realizou três jogos [Liga Conferência] de grande nível competitivo, está com um envolvimento competitivo maior que o nosso, que vamos ter ainda a primeira prova. Essa será alguma vantagem, mas não é algo que seja muito importante. Tivemos momentos bons e menos bons durante a pré-epoca, mas creio que estamos bem, embora em processo de crescimento, pois, como é lógico, precisamos de mais algum tempo para progredirmos física e mentalmente e também em termos de assimilação de ideias. Estou contente com o trabalho dos jogadores e em competição será diferente», acrescentou, frisando a confiança na identidade que a equipa está a construir.

«O sistema [4x3x3, 3x4x3…] não é importante, o importante é a ideia de jogo, aquilo que queremos fazer, a forma como os jogadores trabalham e se adaptam de forma a se sentirem mais cómodos. Analisamos os jogos do Vitória, é uma equipa muito forte, dinâmica e agressiva. Temos que ser uma equipa alegre, unida e organizada, com uma ideia de jogo, com uma identidade em que todos trabalhem na mesma direção e consoante aquilo que o jogo pede. Este é o objectivo do Arouca para todos os jogos», analisou o uruguaio.

«As dinâmicas de ataque dependem dos jogadores. Se tens Mújica, é normal que haja muitas transições, se tens um jogador como o Henrique [Araújo] é mais difícil isso acontecer. Afinal depende da ideia de jogo da equipa e dos jogadores. Temos que nos adaptar a uma ideia de jogo em função dos jogadores de que dispomos. Chegar ao golo pode acontecer de muitas formas», explicou o técnico, que abordou ainda a integração dos oito novos elementos do plantel e o reforço da equipa: «creio que os jogadores que chegaram se adaptaram bem. No Arouca, há um espírito aberto para receber bem quem vem de fora. Sinto desde a primeira hora que as pessoas do clube trabalham muito para ajudar todos os jogadores a obterem a melhor integração.»

A faltar menos de um mês para o fim do mercado, Gonzalo García deu a sua perspetiva sobre a forma como o Arouca o irá encarar, acrescentando que espera que ainda cheguem mais jogadores: «reforçar a equipa é uma decisão da direção do Arouca, mas penso que necessitamos de algumas peças para termos uma equipa ainda mais competitiva. O mercado aberto até ao final do mês de agosto, é para os clubes grandes uma vantagem, para os clubes mais pequenos, isto é, com menor poder económico, é uma desvantagem, porque nunca estás tranquilo quanto à possibilidade de te levarem jogadores», explicou.

Gonzalo García foi ainda claro quanto à estreia do guardião alemão Nico Mantl na liga portuguesa.

«A escolha de guarda-redes é difícil, como o é para outras posições. Temos três bons guarda-redes, com diferentes características. [João] Valido é mais rápido, mais gato, com bons reflexos, Thiago [Rodrigues] tem presença e bom jogo de pés, o Nico [Mantl] é parecido com Thiago e em princípio será o guarda-redes titular», desvendou o treinador dos lobos, que debata-se ainda com algumas dúvidas quando à composição da convocatória face a alguns problemas físicos no seio do plantel, entre os quais está uma das referências da equipa da época anterior, o avançado Cristo González. Certa é a ausência do extremo Lawal, ainda lesionado.