Benfica Fim de uma era: O homem que preferia golfe e revolucionou o futebol
O fim de uma era. Domingos Soares de Oliveira, 63 anos, chegou ao Benfica em finais de 2004, abraçando o desafio de profissionalizar e reestruturar todo o universo empresarial da marca Benfica. Casado, pai de quatro filhos, os estudos dele levaram-no para França onde obteve licenciatura em Informática e Gestão pela Universidade de Paris XI, tendo passado também pelo Institut Européen d’Administration des Affaires (INSEAD), em 1983. Antes, em 1975, esteve no Brasil.
Concluídos os estudos começou a desenvolver a atividade profissional em empresas como a Locapor ou a Unisys. Criou a sua própria empresa, a Cap Gemini, na área dos serviços informáticos, vendida em 1997 a uma multinacional europeia. Ficou responsável em Portugal pela empresa e depois passou mais três anos em Espanha, gerindo a filial do país vizinho, chegando a ter a seu cargo a gestão de mais de três mil pessoas.
No final de 2004 é o escolhido pelo Benfica para liderar a gestão do grupo empresarial. Depois de ultrapassada a desconfiança que o futebol lhe causava, acabou por aceitar o convite endereçado por Luís Filipe Vieira, embora nunca escondendo que o golfe sempre fora o seu desporto de eleição, com vários troféus conquistados em diversos torneios. Assumia-se como sportinguista antes de chegar à Luz - situação que ao longo dos tempos lhe valeu diversos anticorpos a nível interno - embora hoje se garanta convertido ao benfiquismo. Ainda assim, em chegou a ser alvo de convite por parte de Godinho Lopes, presidente do Sporting, para trocar a Luz por Alvalade.
Por Domingos Soares de Oliveira passaram todos os grandes processos estratégicos que catapultaram o Benfica para uma marca que gere milhões de euros e com isso ajudando na revolução que o futebol das águias conheceu: O Kit Sócio foi um dos primeiros, cujo desafio era atingir a marca dos 300 mil sócios; a criação do canal televisivo talvez o mais desafiante e inovador - arrancou em 2008 e poucos anos depois passou a deter os direitos de transmissão dos jogos do Benfica na Luz; a negociação dos direitos televisivos com a NOS, por €400 milhões um dos mais volumosos financeiramente. Mas também foi Domingos Soares de Oliveira quem encontrou nos empréstimos obrigacionistas forma da SAD se financiar.
O cartão de crédito do clube, a Fundação, o naming do centro de estágio no Seixal, a clínica ou a internacionalização da marca foram processos igualmente desenvolvidos. Em 2021, a OPA, que envolvia a participação de John Textor, foi um dos poucos projetos que viu terem insucesso, além do aumento da lotação do estádio, que não saiu ainda do papel. Em mãos tem ainda um desafio antigo, o naming do estádio, que apesar de inúmeras negociações ao longo dos tempos nunca foi fechado.
Desenvolve ainda contactos nesse sentido e este poderá ser o último grande processo a ajudar a fechar. Quase 20 anos depois de ter entrado na Luz. Para trás deixa oito títulos de campeão durante a sua gestão e um legado difícil de igualar.