Treinadora de 35 anos deu uma entrevista à LUSA, onde falou da hegemonia da equipa feminina do Benfica e da nomeação para melhor treinadora do mundo
Filipa Patão garantiu, em entrevista exclusiva à agência noticiosa LUSA, que não perde sono pelo facto de o Benfica ter a hegemonia do futebol feminino em Portugal. A treinadora da equipa feminina de futebol abordou ainda a falta de investimento no futebol português e a nomeação para melhor treinadora de futebol feminino de 2023/2024.
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«Eu, ao contrário das [outras] pessoas, não acho que a hegemonia de um clube seja um mau indicador de evolução. Por vezes é a ideia que dá, não é? Parece que os outros não conseguem acompanhar. Mas não é a realidade, porque o Benfica teve de trabalhar muito e muito melhor para continuar a ser campeão», começou por dizer a treinadora de 35 anos, acrescentando que se o Benfica não estivesse tão bem, o clube poderia até «não ter esta hegemonia», mas a Liga feminina poderia ser nivelada «por baixo».
«Ou seja, nós estamos a nivelar as coisas por cima», considerou.
Ainda assim, Filipa Patão frisou que, embora a equipa feminina do Benfica seja tetra-campeã, a conquista do último campeonato esteve longe de ser fácil: «Todos os campeonatos têm uma história. O Benfica esteve com alguns pontos de vantagem e acabou por ter jogos complicados em momentos complicados. Sem dúvida que o campeonato foi mais competitivo, não podemos dizer que não, e obrigou-nos a lutar até ao final.»
Investimento no futebol feminino (e não só)
Apesar de estar a evoluir no panorama nacional, as condições do futebol feminino estão longe de ser semelhantes para os diferentes clubes. Algo que a treinadora do Benfica considerou ser «um problema cultural», uma vez que há «falta de infraestruturas [desportivas] em Portugal» e que existem «inúmeras equipas da II Liga e até mesmo da I Liga masculinas que não têm as melhores condições».
«Portanto, isto é um problema cultural do país, que a Federação [Portuguesa de Futebol] tem de olhar, que os clubes têm de olhar, que todas as entidades têm de olhar e melhorar as condições de infraestruturas do nosso país, ponto! Não é um problema do feminino, é um problema do futebol», atirou a treinadora.
Prémio de melhor do mundo
Nomeada para o prémio de melhor treinadora de futebol feminino de 2023/2024, Filipa Patão dividiu os méritos e sublinhou que é resultado de um trabalho de «tantas outras pessoas» pelas quais dá «a cara».
«É um prémio individual, mas representa muito o coletivo daquilo que este clube tem feito, que estas atletas têm feito e que o futebol feminino também tem feito em Portugal», explicou a treinadora. «As atletas do Benfica não podem ser melhores se não tiverem outras atletas em Portugal a fazê-las crescer», acrescentou, frisando que «o Benfica não consegue crescer se não tiver todos os outros clubes a caminhar para o mesmo e a serem cada vez melhores».«Isto é um trabalho conjunto que culmina numa pessoa que acaba por dar a cara por tantas outras pessoas que trabalham para o mesmo», concluiu.
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A treinadora, note-se, concorre ao prémio contra a luso-francesa Sonia Bompastor, campeã europeia ao serviço do Lyon (2021/22) e atualmente no Chelsea, o espanhol Jonatan Giráldez, que conduziu o FC Barcelona à revalidação da Liga dos Campeões (2023/24), e os selecionadores do Brasil, Arthur Elias, de Inglaterra, a neerlandesa Sarina Wiegamn e dos Estados Unidos, a inglesa Emma Hayes. Mesmo que não vença, Patão considera que «já é muito importante para o futebol feminino português» e «para o Benfica» constar na lista final.