Vítor Bruno lembrou os seis pontos perdidos e derrota na Taça da Liga contra o Estoril, na época passada; em 2023/2024, os azuis e brancos perderam 22 pontos contra os chamados 'pequenos' da Liga
Dois dias para preparar o jogo com o Estoril é um prazo muito curto, mesmo se o FC Porto está numa boa série e joga em casa, depois de uma passagem por Aveiro, na Taça da Liga, que deixou saudades da atmosfera mágica do Dragão. Vídeos, análises e treinos de entrega máxima, mas de esforço moderado, porque o intervalo entre desafios não dá para muito mais.
Calendário apertado fez com que o treinador do FC Porto aproveitasse o final da conferência da partida contra o Moreirense para antecipar a projeção do próximo encontro da Liga, frente aos canarinhos, domingo
Quando se fala do Estoril é impossível esquecer a tragédia em três atos do FC Porto, na época passada, e de como o futebol é imprevisível. Os canarinhos ganharam os dois jogos da Liga, o primeiro no Dragão, faz este domingo... um ano (!) por 1-0, quando estavam mergulhados no último lugar. Marcou Jordan Holsgrove, que ainda faz estragos na equipa orientada agora por Ian Cathro.
'Canarinhos' regressam ao recinto azul e branco precisamente na mesma data em que alcançaram uma surpreendente vitória; Ian Cathro não valoriza essa particularidade e mostrou-se cauteloso, prometendo «competir»
Segundo tombo, desta vez na fase de grupos da Taça da Liga: 3-1 que retirou o FC Porto da equação e conduziu a turma da linha à ‘final four’ da prova e depois à final, onde perderia contra o SC Braga. Como não há duas, sem três, novo triunfo do Estoril na 2.ª volta do campeonato, também por 1-0, golo de Cassiano, num jogo polémico que ficou marcado pelas expulsões de Diogo Costa e Francisco Conceição.
Só não foi um desastre total porque pelo meio os dragões golearam o Estoril na Amoreira, por 4-0, na Taça de Portugal. Feito o resumo sobre a besta negra (ou amarela) dos portistas na época passada, um dado é certo: Vítor Bruno também viveu essas incidências como adjunto e não tem memória curta. «O Estoril tirou-nos seis pontos para o campeonato e tirou-nos também da Taça da Liga. Isso para nós tem de ser um sinal de alerta», disse, no final do jogo da Taça da Liga diante do Moreirense, que funcionou também como antevisão à partida da 10.ª jornada.
A secção profissional do Conselho de Disciplina da FPF divulgou imagem do processo Disciplinar n.º 83 - 2023/2024 no qual estiveram envolvidos os dois portistas no Estoril-FC Porto, no passado dia 30 de março
Tanto desperdício!
Os avisos, as campainhas a soar e os alarmes todos ligados também formam um lembrete doloroso para os azuis e brancos no que toca aos pontos perdidos na Liga 2023/24 frente a equipas sem aspirações ao título ou coisa parecida: foram 22 pontos que voaram.
Seis pontos da responsabilidade do Estoril, é certo, mas na dança entraram Arouca e V. Guimarães, que derrotaram os dragões, Famalicão, Gil Vicente, Rio Ave, Boavista e, de novo o Arouca, que empataram a vida ao FC Porto. Fantasmas há muitos. Esta temporada Vítor Bruno não se tem cansado de reforçar a importância da equipa manter os níveis de concentração elevados, seja qual for o oponente. No plano interno, tudo corre sobre rodas: na Liga, os azuis e brancos venceram Gil Vicente (3-0), Santa Clara (2-0), Rio Ave (2-0), Farense (2-1), Vitória (3-0), Arouca (4-0), SC Braga (2-1) e Aves SAD (5-0). A derrota com o Sporting constituiu um desfecho que não trouxe ao FC Porto instabilidade. Entre exibições pálidas, umas assim-assim e outras demolidoras, o dragão percebeu quase sempre bem o contexto de cada partida.
O golpe mais óbvio de um pequeno aconteceu na estreia na Liga Europa, contra o Bodo/Glimt. O desaire frente aos noruegueses plantou, aí sim, alguma desconfiança e muito desconforto entre os adeptos. Mas é da Liga que se escreve nestas linhas. Vítor Bruno convidou o plantel a não baixar a guarda. «Há ali um vínculo no Estoril que começa a estar instalado», indicou.
Esse vínculo tem a ver com Ian Cathro, treinador ameaçado de despedimento se não tivesse vencido o Arouca. «Não é por acaso que o Pedro Álvaro junta toda a gente para ir ao banco na comemoração de um dos golos. Isso é sinal de alguma, ou de muita coesão, de uma equipa que está muito metida naquilo que era um momento, que não era tão bom, mas que tem vindo a crescer, que nunca se desviou um momento daquilo que é estrutural e na forma como se apresenta nos jogos, independentemente da valia do adversário.»