Na sequência do parecer da CCDRN
O Património Cultural, instituto público dedicado ao património cultural material e imaterial, ordenou a «suspensão imediata dos trabalhos em curso» nos terrenos onde está previsto construir a academia do FC Porto, na Maia, apurou A BOLA.
A indicação resulta do parecer negativo da Comissão de Coordenação Regional do Norte (CCDRN), que já tinha sido tornado público, e que sustenta que «cerca de 2/3 da área total da 'Unidade de Execução' está abrangida por um 'Perímetro de Proteção Arqueológica'», no qual «já foram identificados quatro monumentos megalíticos e várias áreas de dispersão de materiais de superfície, correspondentes ao uso e ocupação do espaço durante o Neolítico, Calcolítico e Idade do Bronze».
Comissão de Coordenação Regional Norte (CCDRN) sustenta que obra levará à destruição de uma área de materiais pré-históricos; Câmara da Maia aprovou construção do projeto e segue-se a venda dos terrenos em hasta pública; área ainda sem tratores em movimento…
O estudo informa ainda que um monumento megalítico «encontra-se sob a linha perimetral que define a unidade, pelo que é provável que seja afetado por eventuais estruturas de delimitação do parque», enquanto que «outro monumento megalítico encontra-se na área ocupada por um dos futuros campos de jogos, cuja construção implica, seguramente, a destruição total».
Na proposta de decisão, o técnico do CCDR propõe que seja «determinada a implementação das medidas propostas pelo município», «acrescidas de prospeção intensiva e sistemática de superfície em toda a área de intervenção, sendo que os resultados obtidos com tais medidas deverão suportar um projeto devidamente informado e fundamentado que garanta, integralmente, a salvaguarda do património arqueológico em presença».
Polícia no local
De acordo com informações recolhidas por A BOLA, a Polícia Municipal já esteve duas vezes (pelo menos) no local, a averiguar os trabalhos em curso.
A 28 de março não foi encontrado ninguém no local, mas a 2 de abril os dois agentes destacados encontraram um funcionário, identificado no Relatório de Ocorrências como pertencente à empresa A.B.B., que informou que estavam apenas a ser realizados trabalhos de desmatação, e que adiantou que não havia autorização para iniciar as obras, explicando ainda que a máquina vista no terreno estava ali «temporariamente».
Autor do desenho da obra está no Dragão com o homólogo Nuno Lourenço