FC Porto: números no campeonato não justificam assobios

Segundo melhor início na Liga portuguesa da década não chega para evitar alguma contestação no seio do universo azul e branco; adeptos mostram impaciência com o descontrolo nas partes finais dos jogos...

Tal como havia sucedido na reta final da partida com o Manchester United, o FC Porto voltou a revelar descontrolo emocional contra o SC Braga, com o desfecho final a ser imprevisível. Esta situação provocou impaciência aos adeptos, que não se coibaram de assobiar a equipa no momento em que mais precisava de apoio, deixando sobre brasas alguns jogadores e levando mesmo Galeno a pedir às bancadas para que a contestação terminasse.

A verdade é que o desempenho da equipa de Vítor Bruno no campeonato não merece, nem de perto nem de longe, assobios. Senão vejamos: o atual FC Porto é dos melhores da última década na compertição, só superado pelos números feitos no ano de estreia de Sérgio Conceição). Em 24 possíveis, este novo dragão, composto por muita gente jovem, totalizou 21, perdendo apenas três na deslocação a Alvalade e venceu todos os restantes, tanto em casa como na condição de visitante. Em 2019/2020, igualmente na era-Conceição, os azuis e brancos conseguiram idêntico registo na prova mais importante do calendário nacional. Objetivamente, o FC Porto está a fazer o melhor arranque de Liga nos últimos cinco anos e o segundo melhor da década. Mas a boa performance dos atuais segundos classificados no campeonato não se fica por aqui. A nível defensivo, a equipa tem dado uma boa resposta e sofreu apenas quatro golos na 2024/2025 na Liga, o melhor registo defensivo do clube nas últimas cinco épocas. O FC Porto é assim a única equipa da competição com 100 por cento dos golos sofridos no segundo tempo das partidas.

O descontrolo demonstrado nas partes finais do jogo com o Manchester United e agora o SC Braga têm motivado assobios, que acabam por prejudicar o rendimento dos atletas. E disso deu conta Vítor Bruno, apelando à comunhão entre as partes em benefício da equipa. «Sei que os assobios têm uma influência gigante no comportamento e rendimento em campo dos jogadores. São seres humanos, são jovens, precisam de amparo e conforto, numa lógica de reciprocidade, de fora para dentro e de dentro para fora. Às vezes, esses vasos de comunicação podem não estar totalmente alinhados, mas é importante que nos alinhemos todos para ter um FC Porto mais forte no futuro. Os adeptos são o principal motor de um clube e é importante que eles percebam a importância que têm no rendimento de alguns jogadores, que estão numa fase precoce da carreira, a conhecerem um clube, a adaptarem-se, a virem de uma realidade diferente, que não tem o mesmo grau de exigência. Também têm de perceber que o nível de exigência aqui é muito alto, mas se andarmos todos casados e alinhados, torna-se tudo muito mais fácil», contestou.