Ipswich-Man. United, 1-1 Só 80 segundos à Amorim, que o resto ainda foi à... Ten Hag

Primeiro golo da era-Amorim nos 'red devils' surgiu logo aos 80 segundos de jogo. O pior foi depois: equipa amorfa, defesa lenta, pouca velocidade e raros lances de perigo na frente, numa demonstração de que há ainda muito trabalho pela frente para o técnico português

Ruben Amorim dificilmente imaginou melhor arranque de jogo na sua estreia como treinador do Manchester United: aos 80 segundos do duelo em Ipswich, os red devils já venciam por 1-0, na sequência de lance muito bem desenhado por Amad Diallo pela direita e com rápida tabelinha com Bruno Fernandes antes do cruzamento para a finalização de Rashford, em antecipação ao guarda-redes.

Porém, depois da entrada supersónica dos visitantes, o Ipswich não tremeu, foi, inclusive, ganhando confiança e, a pouco e pouco, foi ocupando o meio campo do United, de onde a equipa orientada por Ruben Amorim e arrumada no habitual 3x4x3 do treinador português, ia mostrando dificuldades para conseguir sair...

E a verdade é que, depois do golo e até à meia hora, o grande lance de perigo pertenceu ao conjunto anfitrião, por conta do disparo de Szmodics para enorme defesa de Onana.

Ficava o primeiro aviso para o que viria a suceder pouco antes do intervalo... Perante a pressão cada vez maior do Ipswich, o golo parecia inevitável e aconteceu mesmo num disparo fenomenal de Hutchinson, de fora da área, em arco e a beneficiar de ligeiro desvio na cabeça de Mazraoui antes de se aninhar no canto superior esquerdo da baliza de Onana.

Em suma, a entrada à leão dos homens de Amorim não teve sequência logo depois e, até ao intervalo, o Manchester United foi ficando mais amorfo, mais próximo da imagem daquela equipa treinada por Ten Hag, muito longe do conjunto de pressão alta, de perda e recuperação imediata, que se via com Amorim em Alvalade.

Bruno Fernandes assumiu papel de protagonista neste novo United de Amorim (Imago)

Na segunda parte, houve alguma reação dos red devils, muito por conta de Bruno Fernandes, que puxou para ele o papel de protagonista neste novo United de Amorim. O internacional português vai sendo, de entre o trio de ataque, o que mais pega na bola em zonas recuadas e a tenta conduzir em velocidade para o ataque. Os red devils cresceram mas… o perigo não surgia.

O que surgia, entretanto, era outra grande diferença, além do desenho tático, de Ruben Amorim para Erik ten Hag: percebendo a lentidão na ligação defensiva, o técnico português começou por tirar de campo Casemiro e Evans (dois mal-amados entre os red devils e nos quais o neerlandês tanto insistia...), substituindo-os pelos mais intensos Ugarte e Luke Shaw.

Mais tarde, apostou no recuo de Bruno Fernandes para uma zona mais central, tendo, entretanto, lançado em jogo Zirkzee e Hojlund, na busca de maior profundidade e intensidade no ataque.

E foi Bruno Fernandes quem esteve mais perto de voltar a dar vantagem ao United, na conversão de um livre direto, em posição privilegiada, porém a atirar ligeiramente ao lado… Decorria o minuto 79’, o jogo ia-se perdendo em lutas a meio-campo.

Ruben Amorim e Onana à conversa após o jogo (Imago)

Até final, apenas dois momentos de alguma emoção, primeiro com Onana a salvar uma vez mais o United da derrota, após remate de Chaplin, e mesmo à beira do fim, ao minuto 90+3’, um rasgo de Diallo quase resultava no 1-2. Não foi. E o jogo acabou pouco depois.

Uma certeza: Ruben Amorim tem muito, mesmo muito, trabalho pela frente nos próximos meses. Um trabalho quase de ourives na adaptação de alguns jogadores rumo à perfeição que tanto deseja… Para já, fez o que prometeu: impôs desde o primeiro segundo a sua ideia de jogo e é sobre ela que trabalhará, sem qualquer dúvida. Mesmo que, durante uns tempos, os resultados não sejam os esperados.