Dragões em espiral negativa de resultados, com duas derrotas consecutivas, recebem o Portimonense que venceu os últimos dois jogos como visitante. Zé Pedro vai fazer a estreia como titular na defesa do FC Porto e Paulo Sérgio vai manter a aposta em três centrais.
Não é comum a sequência de duas derrotas consecutivas no FC Porto, mesmo que na lista dos vencedores surjam os oponentes que a determinaram: Benfica, para o campeonato, e Barcelona, para a Liga dos Campeões. Duas derrotas em competições diferentes e que retiraram a equipa de Sérgio Conceição da liderança das duas provas. Nesta edição da liga, o FC Porto marcou e sofreu golos em todos os jogos realizados em casa e não marcou qualquer golo nos dois últimos jogos. Será, pois, um dragão ‘ferido’ que tudo irá fazer para inverter números pouco usuais nas suas campanhas, apanhando um adversário em crescendo, principalmente como visitante.
Com efeito, depois de um começo em falso com duas goleadas sofridas diante do Gil Vicente e Boavista, os algarvios, paulatinamente, foram-se endireitando e nas últimas cinco jornadas só averbaram uma derrota, em casa, com o Benfica. Fora de portas o Portimonense não perde há três jogos, com duas vitórias obtidas nas duas últimas deslocações, em Guimarães e Vizela, com um empate pelo meio, em Arouca. E foi longe de Portimão – a exemplo de épocas mais recentes… - que a equipa amealhou mais pontos: seis dos oito que conquistou até ao momento. Com uma defesa que tem sido permeável, o Portimonense sofreu golos em todas as jornadas…, mas também só não marcou na 1.ª, em Barcelos.
Agora, para o Dragão tentar a sua reabilitação, terá pela frente uma das suas presas prediletas. Com efeito, no histórico de confrontos entre as duas equipas, em 43 ocasiões, a equipa portista conseguiu clara vantagem: 35 vitórias, contra quatro triunfos dos algarvios e outros tantos empates. Em sua casa, o FC Porto venceu os 23 jogos realizados frente ao Portimonense, triunfando ainda nos 17 últimos confrontos entre as duas equipas. A última vez que os algarvios não perderam frente aos portistas, foi a 4 de fevereiro de 1989 – há mais de 34 anos! -, quando se registou um empate a uma bola no Algarve: Paulo Pereira colocou o FC Porto em vantagem aos 60 minutos e Nivaldo restabeleceu a igualdade, cinco minutos depois. A história regista ainda 31 golos sofridos pelo Portimonense nas 10 últimas deslocações ao Dragão, números inflacionados pela goleada de 7-0, encaixada a 16 de abril de 2022, num jogo que gerou muita polémica. Os algarvios também não festejaram qualquer golo, nos quatro últimos jogos realizados em que os dois emblemas se encontraram.
FC Porto
Para o embate com o Portimonense, Sérgio Conceição debate-se com problemas no centro da sua defesa, devido às lesões de Marcano e de Pepe e à expulsão de Fábio Cardoso, no jogo com o Benfica, na passada jornada. Por isso, o treinador deverá promover a titularidade de Zé Pedro, central de 23 anos da equipa B e que já se estreou no campeonato, precisamente no Estádio da Luz, para colmatar a saída precoce de Fábio Cardoso do jogo. Zé Pedro terá a seu lado David Carmo. Com o Benfica e Barcelona, Sérgio Conceição apresentou dois onzes idênticos consecutivos, o que aconteceu pela primeira vez nesta temporada, mas tal não se irá repetir frente ao Portimonense. Na frente, os azuis e brancos ainda esperam pelo melhor Taremi na finalização, dado que o avançado iraniano tem somente um golo apontado no campeonato. (... e outro na Liga dos Campeões)
Sistema: 4x3x3
Onze provável: Diogo Costa; João Mário, Zé Pedro, David Carmo e Wendell; Eustáquio, Varela e Iván Jaime; Pepê, Taremi e Galeno
Lesionado: Zaidu, Veron, Marcano e Pepe
Castigado: Fábio Cardoso
Figura: Galeno. Só o guardião Diogo Costa tem mais minutos que o extremo, nos dez jogos oficiais que a equipa azul e branca já efetuou. Em grande forma, Galeno viu premiada na sexta-feira essa performance, com a primeira chamada de Roberto Martínez aos trabalhos da seleção nacional, para a dupla jornada com a Eslováquia e Bósnia-Herzegovina, de apuramento para o Euro'2024. Será pois, se tal fosse preciso…, um reforço na confiança de um jogador que, jogo após jogo, tem conquistado os exigentes adeptos do FC Porto e, nesta época, com números (3) que o colocam à frente na lista total (todas as competições) de melhores marcadores da equipa, somando ainda duas assistências.
Roberto Martínez elogiou Galeno, que reconheceu estar na sua lista de convocáveis; entre Cristiano Ronaldo e Gonçalo Ramos, o selecionador destacou haver «soluções»
Treinador: «O Portimonense é uma equipa com um treinador que, depois de mim, está há mais tempo no clube. Não começou tão bem o campeonato, mas nas últimas deslocações ganhou ao Vitória (Guimarães), em Vizela, e empatou em Arouca. Sente-se confortável fora, tem jogadores rápidos nas transições defesa-ataque. Mas temos de estar preparados, assumir as despesas do jogo, a responsabilidade, e ganhar, que é o que queremos. Não estamos habituados a perder, duas vezes seguidas só aconteceu uma ou duas vezes nestes sete anos. Fizemos coisas positivas nos jogos em que perdemos, mas também coisas não tão boas. Mesmo com a derrota, parece-me que é obrigatória essa responsabilidade de perceber o que é o FC Porto. O empenho e dedicação na responsabilidade em que há 50 por cento da possibilidade de ganhar, é diferente da responsabilidade de um jogo, onde há 100 por cento de obrigação de ganhar. Se derem o máximo contra o Vilar de Perdizes e contra o Barcelona, estarei aqui para defendê-los. Não sentindo isso, não posso fazê-lo.»
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto
PORTIMONENSE
Gonçalo Costa, expulso em Vizela nas comemorações do terceiro golo dos algarvios por ter respondido a insultos racistas, é baixa certa na defesa, assim como o guardião Kosuke Nakamura, que continua em recuperação de lesão no ombro direito. Vinícius vai, por isso, continuar na baliza e Seck rende o lateral formado no Sporting. Nos últimos três jogos, Paulo Sérgio esquematizou a sua equipa com três centrais e deverá mantê-lo no Dragão, até por ser habitual utilizar essa estratégia frente aos grandes. Os movimentos ofensivos vão passar muito pela velocidade de Jasper e Hélio Varela, abertos na frente, numa tentativa de aproveitamento da velocidade de ambos nas transições, como aconteceu no jogo com o Benfica, com a dupla a fabricar o golo de Hélio Varela.
Sistema: 3x5x2
Onze provável: Vinícius Silvestre; Pedrão, Alemão e Relvas; Igor Formiga, Dener, Paulo Estrela, Carlinhos e Seck; Jasper e Hélio Varela
Lesionado: Kosuke Nakamura
Castigado: Gonçalo Costa
Figura: Carlinhos. O médio brasileiro de 29 anos atravessa uma das melhores fases da sua carreira, aliando o estatuto de melhor marcador da equipa algarvia - com cinco golos - quatro no campeonato e um na Taça da Liga. Nessa matéria, Carlinhos bisou duas vezes nas únicas vitórias dos algarvios, obtidas nas duas últimas deslocações da equipa, em Guimarães e Vizela. O médio contabiliza ainda uma assistência para o golo de Hélio Varela, no empate (1-1) em Arouca. Em remates certeiros, em nove jogos oficiais (sete para a Liga e dois para a Taça da Liga), já igualou a sua melhor época em Portugal, quando esteve no V. Setúbal (2019/2020), mas aí foram concretizados em 36 confrontos. Com 810 minutos é líder da tabela dos mais utilizados nos algarvios, sendo um dos imprescindíveis para o treinador Paulo Sérgio.
Defesa foi expulso nas comemorações do terceiro golo dos algarvios por ter respondido a ‘bocas’ de adeptos do Vizela.
«No Dragão são sempre jogos com um grande grau de complexidade. Não concordo quando dizem que o FC Porto mostrou fraquezas nestes dois últimos jogos. Sabemos que vamos ter um jogo muito difícil pela frente, contra uma equipa que é sobejamente competente e a história demonstra isso mesmo. Nós, uma vez mais, vamos tentar de tudo para conseguir trazer algo positivo do jogo. Temos de estar alertas desde que o árbitro apita, até que que a partida termine. Qualquer desconcentração, distração ou passo errado que provoque uma transição, pode-nos penalizar bastante. A equipa tem que estar com todas as atenções redobradas porque, quiçá contra adversários que não têm esta qualidade que o FC Porto tem, o erro por vezes é perdoado, agora contra estas equipas, normalmente não são e fazem-nos pagar caro. Foi nesse sentido que a equipa foi preparada, para estar muito atenta, procurar saber desfrutar da bola nos momentos que a conseguirmos ter, mas com muita concentração naquilo que é a manobra e que são os posicionamentos do FC Porto, e depois não inventarem. Jogar simples, fácil e jogar seguro, porque estas equipas em transição, são fortíssimas.»
Paulo Sérgio, treinador do Portimonense