Contas do FC Porto: «Filme de terror que parece não ter fim»

Carlos Abreu Amorim alerta para o agravamento da situação financeira do FC Porto e aponta que a SAD está a condicionar o futuro

Conhecido adepto do FC Porto, o professor universitário de Direito e antigo deputado do PSD reagiu com criticismo às contas negativas do último relatório e contas apresentado pelos dragões. Aponta que a SAD, com esta gestão, está a condicionar o futuro e sublinha são necessárias mudanças profundas na composição desta, apontando desde logo o dedo a... Fernando Gomes.

«O relatório e contas agora conhecido revela uma situação muito má, na linha dos anos anteriores. Penso não estar a exagerar se considerar que é a continuação de um filme de terror que já dura há quase uma década e que parece não ter fim à vista. As contas confirmam que o FC Porto agravou a sua aflitiva situação financeira e que continua a ser pessimamente gerido nessa vertente», aponta Carlos Abreu Amorim a A BOLA.

«Para além do panorama geral negativo, há situações incompreensíveis: 

1 - Primeiro, as remunerações milionárias dos administradores, as mais elevadas dos clubes portugueses. A esse propósito, a justificação que foi dada aos adeptos de que os administradores se limitaram a cumprir aquilo que a Comissão de Vencimentos determinou é de bradar aos céus. Numa situação financeira que ameaça a continuidade do FCP como um clube poderoso no contexto nacional e europeu os administradores deveriam dar o exemplo e auto limitarem as suas remunerações sumptuosas, desrazoáveis e sem motivo; 

2 - Depois, o acumular do passivo agora mais elevado do que no ano transacto: €532 M!!! Como vamos conseguir pagar quantia destas nos próximos anos? Repito, a atual Administração está a condicionar fortemente o futuro do FC Porto!; 

3 - O mesmo sucede com os capitais próprios negativos que orçam em 175 milhões de euros! Faço notar que os nossos rivais diretos, Benfica e Sporting, neste momento, têm ambos capitais próprios positivos! Ou seja, o FC Porto está a cortar as suas próprias pernas devido à incapacidade de quem o dirige…», elenca Carlos Abreu Amorim, que salienta o papel de Sérgio Conceição em evitar males ainda maiores.

«Salva-se aquilo que não consta do relatório: a gestão desportiva da responsabilidade de Sérgio Conceição. Estou convicto de que se não fosse o treinador do FCP a fazer omeletes sem ovos nos últimos 6 anos a parte desportiva estaria no mesmo patamar de desgraça da gestão financeira», defende, não vendo qualquer saída à vista sem alterações profundas na composição da SAD.

«Como sair deste filme de terror? Não é fácil. Uma coisa é certa: com a atual Administração as coisas só irão ficar piores. Por exemplo, a continuação do administrador Fernando Gomes após tantas e tão concludentes provas de inépcia é a demonstração cabal de que já não há nada de minimamente razoável a esperar dali. O esforço de mudança deve estar concentrado na alteração da Administração nas próximas eleições», assenta, deixando, todavia, advertência: 

«Mas isso também é muito difícil. Por duas razões: as alternativas sérias ao atual estado de coisas tardam em se afirmar claramente; e, sobretudo, porque muitos sócios do FC Porto persistem em equacionar o futuro exclusivamente através da gratidão do passado que devem a quem já foi um grande presidente.»