Emblema lisboeta, já com a permanência (mais do que) garantida, tanto pode subir como descer na tabela classificativa; formação minhota precisa apenas de uma vitória nas duas últimas jornadas para garantir posição que ocupa (e pode até nem ser necessário)
Se estivéssemos a falar do ramo imobiliário, estávamos, pode dizer-se, na presença de um prédio com uma altitude interessante. A metáfora serve para lançar o que (ainda) pode acontecer a Casa Pia e Moreirense, as duas equipas contendoras do duelo desta tarde (18 horas), no Estádio Municipal de Rio Maior.
Afinal, os gansos, que têm a permanência na Liga já garantida, partem para as duas últimas rondas dentro de um autêntico elevador. Entenda-se, numa posição que tanto pode dar para subir alguns andares (perdão, lugares) como também para descer.
O Casa Pia está na 11.ª posição - à hora que esta peça foi escrita ainda não começou o duelo entre o Gil Vicente e o Farense (15.30 horas) que, em caso de triunfo dos minhotos, permitirá a ultrapassagem aos casapianos, que só entram em campo às 18 horas -, com 35 pontos, mas o pecúlio pode ainda melhorar. Rio Ave (que já jogou nesta ronda e soma 36 pontos) e Farense (37) ainda são adversários matematicamente ao alcance dos gansos, mas também Gil Vicente e Estoril (ambos 33) e Boavista (31) podem ainda terminar o campeonato à frente da formação orientada por Gonçalo Santos.
Já o Moreirense, que está a realizar uma campanha a todos os títulos notável na época 2023/2024, está a apenas uma vitória de garantir o 6.º lugar, posição onde se encontra, com 49 pontos, e que só poderá ser alcançada pelo Arouca (46). Os lobos da Serra da Freita entram em campo à mesma hora do que os cónegos - jogam na Luz, diante do Benfica -, mas terão de fazer melhor resultado que os minhotos para poderem aspirar a esse lugar. Porque além de ter 3 pontos a mais que o Arouca, o Moreirense tem também vantagem no confronto direto com os arouquenses (venceu os dois jogos por 1-0).
Além de ter ainda a possibilidade de galgar posições na pauta classificativa, o Casa Pia tem mais um dado interessante para as duas últimas jornadas: conseguir duas vitórias consecutivas e igualar o registo alcançado nas duas primeiras partidas da era Gonçalo Santos.
O jovem técnico, de 37 anos, assumiu o cargo a meio do mês de fevereiro e a sua entrada teve tremendo impacto na equipa: dois jogos... outros tantos triunfos. Os gansos derrotaram Arouca (1-0) e Vitória de Guimarães (2-0) e, percebeu-se, o grupo tinha recebido da melhor forma o novo treinador - o terceiro da temporada, depois de Filipe Martins e Pedro Moreira.
Os casapianos vêm de uma derrota no reduto do SC Braga (3-4), num jogo espetacular e no qual o resultado poderia ter caído para qualquer um dos lados. O facto de já não ter de preocupar-se com as contas da manutenção (entretanto já encerradas) também terá ajudado a que os jogadores de Gonçalo Santos pudessem apresentar-se com um maior conforto emocional, algo que, no fundo, é expectável que também aconteça esta tarde, diante do Moreirense, e na última ronda, no terreno do Famalicão.
O extremo japonês tem brilhado nesta reta final de campeonato. Se, ao longo da época, foi demonstrado alguma irregularidade exibicional - ainda que, quando em boa forma, tenha deixado água na boca... -, mas a verdade é que nas últimas rondas tem sido sempre a... Soma(r): três golos e uma assistência nos últimos quatro jogos. O cartão de visita está apresentado e o registo promete deixar em alerta a defensiva dos cónegos. Porque se a velocidade do nipónico já era bem conhecida dos adversários, agora tem-se também juntado a veia goleadora. Pode haver problemas para os minhotos...
A antevisão de Gonçalo Santos (treinador do Casa Pia):
Técnico dos gansos lembrou a amizade que o liga ao seu antigo treinador, mas negou estar de saída de Pina Manique; espera igualar o registo pontual da época passada e para tal necessita de vencer o Moreirense, este domingo
Os méritos da época realizada pela formação orientada por Rui Borges são indiscutíveis. O Moreirense esteve sempre na parte superior da tabela, nunca passou por problemas no que concerne à permanência (aquele que, em teoria, é sempre o principal objetivo do clube em cada temporada), mas, além dos pontos que foi conquistando, há também que salientar a forma como os conquistou. Com exibições, muitas vezes, superlativas.
E chegar à 33.ª e penúltima jornada a apenas uma vitória de selar o 6.º lugar é a maior prova da competência apresentada pelos cónegos ao longo da época. Mas, em bom rigor matemático, pode até nem ser preciso esse triunfo aos minhotos. Porque há a tal vantagem no confronto direto com o Arouca.
Mas há outro desafio para o Moreirense: conseguir quatro vitórias consecutivas na presente edição da Liga. Algo que seria inédito.
Os cónegos conseguiram a melhor marca (três vitórias seguidas) entre outubro e novembro - triunfos sobre Arouca, Vitória de Guimarães e Estrela da Amadora (todos por 1-0) - e agora estão num momento suportado por dois triunfos nos dois últimos jogos - Portimonense (2-0) e Vizela (1-0). O que significa que mais momentos felizes diante de Casa Pia (hoje) e Estoril (na última ronda) potenciarão a mais bem sucedida página da época.
O extremo é um dos principais agitadores do ataque da formação minhota e chega a esta reta final em grande forma. Tanto joga à direita como à esquerda, sendo nas alas que mais gosta de fazer uso de duas das suas principais caraterísticas: a velocidade e o um para um. Mas, além disso, o madeirense também tem golo. Soma quatro tentos esta temporada e pode aspirar a terminar a época como melhor marcador da equipa. André Luís apontou sete (mas já não está no clube) e Madson tem cinco. Pelo que João Camacho tem também essa legítima aspiração individual para os 180 minutos que faltam jogar nesta Liga.
A antevisão de Rui Borges (treinador do Moreirense):
Treinador do Moreirense abordou o tema na antevisão ao jogo com o Casa Pia
Os principais objetivos de ambas as equipas estão alcançados, mas ainda há outras metas por alcançar. Algo que, no plano teórico, deixa antever uma tarde de bom futebol em Rio Maior. Assim os artistas de Casa Pia e Moreirense estejam (como se espera...) inspirados. Os gansos querem continuar a subir no elevador, os cónegos pretendem fechar, em definitivo, a porta do sexto andar.