Benfica: joga quem mais corre
Schmidt recordou a sua máxima e A BOLA foi tentar perceber se os quilómetros percorridos de Neres, João Mário e Aursnes corroboram as palavras do treinador
David Neres correu menos quatro metros por minuto que João Mário e menos 21 que Aursnes na Liga dos Campeões da época passada, o que equivale a dizer que percorreu menos 200 metros que o português e menos 1, 89 quilómetros que o norueguês em 90 minutos (média) nas partidas da prova milionária.
O total de quilómetros percorridos na Champions disponibilizados pela UEFA podem ajudar a alimentar uma das discussões do momento no universo encarnado sobre os motivos que levam Roger Schmidt a não dar a titularidade a Neres e manter João Mário no lugar do brasileiro — e tendo em conta que Di María e Rafa são indiscutíveis para o treinador.
Partindo do pressuposto de que os registos de cada jogador se mantêm na presente época, é crível que João Mário e Aursnes continuem a estender-se mais no campo, o que para o técnico germânico é condição essencial para o coletivo funcionar — e decidir se joga A em vez de B.
Na intervenção que teve na Thinking Football Summit, o congresso que a Liga Portugal organizou na cidade do Porto, o treinador do Benfica afirmou que com ele é «impossível» haver jogadores que não tenham a capacidade de defender, mesmo se forem avançados.
O exemplo do PSG
«Se todos não fizerem nada na procura da bola e se não estiverem orientados sempre para a pressão ao adversário, então teremos um problema. No futebol moderno, precisamos que os 11 jogadores sejam muito fiáveis no cumprimento tático, todos têm de fazer a mesma coisa, mas dois níveis acima consoante a posição que ocupam: os defesas têm de defender mais, os atacantes têm de atacar mais. Mas todos têm de estar envolvidos», afirmou Schmidt.
Sem que soasse a recado, o líder dos campeões nacionais deu o exemplo de três estrelas do futebol mundial para consubstanciar as suas palavras: «O PSG, que defrontámos na Liga dos Campeões, tinha Messi, Neymar e Mbappé na frente de ataque, mas os três não fazem nada para recuperar a bola. Dá para ganhar a liga francesa, mas não para ganhar no futebol internacional. O Manchester City venceu tudo porque todos estão à procura da bola, os avançados deles não são preguiçosos, e depois têm qualidade individual [para resolver].»
Brasileiro sempre no banco
David Neres tem reclamado mais tempo de jogo nesta época, mas o extremo brasileiro só fez 79 minutos distribuídos por quatro jogos (todos para o campeonato), contra os 242 minutos de João Mário em outras tantas partidas (Supertaça e três na Liga).
Apesar de ter estado menos tempo em campo que o internacional português, o esquerdino de 26 anos já fez duas assistências, ambas na receção ao Estrela da Amadora, jogo em que o futebolista contratado ao Shakhtar entrou aos 69’ ainda com o marcador a zero e dando duas bolas de golo a Tengstedt (79’) e Rafa (90+3’).
Após a partida frente aos triciolores em que foi, consensualmente, eleito o melhor em campo, David Neres foi suplente utillizado nas vitórias frente a Gil Vicente (27’) e V. Guimarães (25’). Quem mais corre mais perto está do onze de Schmidt.