A BOLA falou com Francisco Vieira de Carvalho, autarca socialista, sobre o imbróglio do processo da academia portista; recurso ao tribunal só em última instância; primeira ação é convocar os seus pares para reunião urgente de Câmara; fala de falsificação de documentos e crime público.
A BOLA falou com Francisco Vieira Carvalho, vereador do Partido Socialista, sobre a polémica que envolve a academia do FC Porto. António Silva Tiago, líder da autarquia, terá assinado o despacho para publicação em Diário da República sobre a venda dos terrenos ao FC Porto a 22 de março, ou seja, três dias antes da obrigatória votação na Assembleia Municipal sobre a hasta pública das 18 parcelas de terrenos que pertenciam à autarquia. O caso foi revelado pelo Expresso.
Confrontado com os documentos sobre o processo, a que A BOLA teve também acesso e publica nesta peça, o autarca socialista não tem dúvidas em afirmar que está perante vários delitos. «Desde o início que achei estranho a celeridade do processo. O que está em causa aqui são várias coisas graves», começou por constatar. «Falsificação de documentos, uma vez que o despacho do presidente da autarquia foi assinado dia 22 de março e a Assembleia Municipal realizou-se dia 25 de março, o que o torna num ato nulo», indica Francisco Vieira de Carvalho.
Despacho assinado por António Silva Tiago, líder da autarquia, tem de facto data de 22 de março, quando a Assembleia Municipal para aprovar a hasta pública dos 18 lotes de terreno ao FC Porto so aconteceu três dias depois, na noite de 25 de março
«Há outra questão: é um crime público e sendo um crime público o Ministério Público poderá agir. Não sei se o vai fazer, não faço ideia, mas enquanto autarca local tenho a obrigação de denunciar todo este processo. Agora, posso fazê-lo de várias formas: através de uma ação em tribunal, mas essa será em última instância. Estamos a ver o modus operandis. O que pretendo fazer é escrever um texto aos onze autarcas para agir, através da convocação de uma reunião urgente de câmara que, sendo possível fazer, torne aquele ato nulo, porque o é. Anular tudo e se for nulo, a Câmara só tem de pedir desculpa ao FC Porto e devolver as verbas já pagas», defendeu.