«Aos cinco meses disse bola e aos cinco anos já assistia a jogos de futebol!»

Sporting «Aos cinco meses disse bola e aos cinco anos já assistia a jogos de futebol!»

NACIONAL25.07.202314:00

Foi em Olhão, a poucos quilómetros de onde o Sporting está concentrado, que Mateus Fernandes deu os primeiros pontapés. Curiosamente, o local onde agora o jovem algarvio, de 19 anos, tenta convencer Rúben Amorim a permanecer no plantel.

E foi aqui que A BOLA encontrou Rui Fernandes e Adriana Espanha, pais do médio leonino, que deram a conhecer um pouco mais da sua história. Idêntica a muitas outras, mas sem capítulo final. Sem pressões ou ambições desmedidas, ambos destacam o facto de ver o filho realizado. E feliz. A fazer o que sempre sonhou.

«O normal dos filhos, a primeira palavra que dizem é mamã… ele disse bola! Fiquei muito triste, mas isso passou [risos]. Ele realmente desde pequeno que tinha paixão por bolas. Com cinco meses disse bola. Depois foi cão e só no fim mamã…», começa por contar Adriana Espanha, dando conta daquele que foi o ponto de partida: «No quarto dele tinha uma piscina insuflável cheio de bolas. Levantava-se ia lá para dentro o dia todo! E aos 3 anos, a minha mãe ofereceu-lhe um kit do Olhanense, uma mochila com equipamento e caneleiras e botas. E esperou até aos cinco anos para jogar em Olhão.»

O pai, mais tímido com as palavras, interrompe para contar um episódio que o marcou. «Onde comecei a notar algo fora do normal foi nos restaurantes. Enquanto os outros miúdos, mesmo gostando de futebol, iam brincar se estivesse a dar um jogo na televisão, o Mateus, se estivesse a dar um jogo ficava por ali… Com 5 anos já fazia isso. Até hoje…», sublinha.

A ligação ao futebol começou na sua data de nascimento. «Ele era para nascer no dia 4 de julho de 2004, data da final do Europeu, em que perdemos com a Grécia. Acabou por nascer dia 10 de julho, curiosamente a data em que Portugal se haveria de sagrar campeão europeu», lembra a mãe.

«Nunca foi a barra de ouro»

O sentimento aperta quando a distância se torna tema. «Dos 13 aos 17 anos deixámos de ser encarregados de educação dele», dizem. A mudança para Alcochete foi tremenda. A todos os níveis.

«Quando estava na academia era complicado porque, por vezes, íamos com saudades de estar com ele, mas as coisas não corriam tão bem, e quando vínhamos para baixo ainda vínhamos pior. Parecia que faltava qualquer coisa. Vínhamos vazios por vezes», recorda Rui Fernandes, que opta por não olhar para o futuro. «Não gosto de pensar nisso. Um momento de cada vez. Tentamos não valorizar muito a situação. Há pais que pressionam… mas não somos pessoas de andar assim. É bom ter sonhos, ser valorizado, mas não vivemos obcecados com o seu sucesso. Sentimos que está realizado. Se pudesse voltar atrás ele faria tudo igual», garante, numa ideia comungada pela mãe:

«O normal seria um filho sair para a universidade aos 18 anos. E a nossa expectativa para ele era escola…. Ele não era a nossa barra de ouro. A salvação. Faz o que gosta e isso é o mais importante. Está a lutar por aquilo que quer. Tem de ter é oportunidade que é o que lhe falta. O sucesso dele deve-se muito ao foco que tem. Pode não dar em nada, mas ele não quer dizer que não conseguiu por culpa própria. Faz o que tem a fazer e foca-se muito nisso.»