André Serra: «Segredo estava na mentalidade, agia como profissional mesmo na distrital»
É o único jogador do plantel que acompanhou o Belenenses em todas as divisões; realizou o 100.º jogo pelo Belenenses frente ao Leixões; promete que há mais por contar numa «bonita história»
«Uma prova de resiliência e superação». É assim que André Serra resume os 100 jogos ao serviço do Belenenses. O centésimo ocorreu no último sábado, na visita ao Leixões, em jogo da 8.ª jornada da Liga 2. Apesar da derrota (0-1), o defesa-central assume o «orgulho» de ser o único jogador do plantel, que acompanhou os azuis do Restelo no trajeto desde a última divisão da AF Lisboa aos campeonatos profissionais.
«Confesso que foi um jogo especial por essa simbologia. É verdade que fiz a travessia do deserto sozinho, mas não posso esquecer quem me ajudou a estar aqui. De 2018 para cá, conseguimos cinco subidas de divisão consecutivas, onde a adaptação foi a palavra-chave. Jogámos em campos pelados ou sintéticos sempre com um objetivo em mente: colocar o Belenenses no mais alto patamar. Depois, época após época, o clube ia reformulando o plantel e eu sempre fui convidado a ficar. Penso que o segredo estava na minha mentalidade, ou seja, agia como profissional de futebol mesmo estando na distrital [risos]. Sou alguém que trabalha não só dentro de campo, mas também como fora. Tenho cuidado com o meu corpo, com a alimentação, essas coisas essenciais na profissão. O que me distinguiu dos restantes foi a minha vontade em não querer ficar por ali, testar os meus limites enquanto jogador. Olho para trás e tenho a sensação de que a história é bonita, mas que há algo mais para contar», destacou o jogador de 25 anos em declarações a A BOLA.
Depois do sucesso alcançado nas épocas anteriores, o Belenenses ocupa, neste momento, o penúltimo lugar da Liga 2, com 6 pontos. Questionado sobre o atual momento da equipa, André Serra responde: «É uma fase menos feliz em termos de resultados, mas acredito que vamos dar a volta por cima. Este é um campeonato muito competitivo e estamos numa fase ainda precoce da temporada. Há muito para jogar e vamos jogo a jogo.»
O próximo jogo dos azuis da cruz de Cristo será no sábado, na receção ao Vilaverdense, último classificado, com apenas um ponto somado. Questionado se este será um bom jogo para regressar às vitórias, o central, autor do golo do único triunfo dos azuis na prova, frente ao Tondela (1-0), joga à defesa: «Será mais um jogo difícil na nossa caminhada. Queremos os três pontos porque vamos jogar em casa, com o nosso público e queremos vencer também por eles. O Vilaverdense também está num momento menos bom e vai fazer de tudo para ganhar.»
Sobre o futuro, o número 13 da formação do Restelo, habitual escolha de Bruno Dias, assume que jogar a 1.ª Liga com o Belenenses «seria um sonho.»
Elogios a Pedro Gonçalves
Desafiado a relembrar algumas memórias do percurso desportivo, o defesa lembra o duelo com Pedro Gonçalves, jogador do Sporting, a contar para a 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, em 2021/22 (vitória dos leões por 4-0): «O Pote foi o jogador mais complicado de marcar. Na altura, estávamos no Campeonato de Portugal e notou-se a diferença de ritmo. Ele é muito irreverente nas suas ações e tem uma qualidade técnica diferenciada. Foi difícil marcá-lo, mas hoje acredito que seria capaz de dar uma resposta diferente.»
Rúben Dias é a referência
«A olhar para os melhores é assim que se aprende». A frase é de André Serra, que assume ser fã das qualidades de Rúben Dias, internacional português ao serviço do Manchester City. «É a minha referência. É um dos melhores na sua posição a nível mundial e é alguém que também fora de campo mostra ser um profissional de eleição. Identifico-me muito com isso.»