9 maio 2024, 15:10
«Temos o modelo para voltar à 1.ª Liga; os sócios do Belenenses decidirão!» (vídeo)
Patrick Morais de Carvalho, presidente dos azuis do Restelo, faz balanço de dez anos de liderança e aponta ao futuro
Novo treinador dos azuis pretende apostar na formação para atacar uma Liga 3 repleta de emblemas históricos. Treinador dos juniores do Restelo por várias épocas, incluindo na última, recorda os jogadores que ajudou a projetar e comenta o momento atual do clube
— Como é que viu esta ida do Belenenses às distritais e todo o renascimento que tem feito desde então?
— Foram momentos conturbados, o presidente Patrick foi para a luta e entendeu que este era o melhor caminho para a o Belenenses, e se assim entendeu e teve a concordância dos adeptos, quem sou eu? Na altura, apenas vi de fora o que foi esse crescimento notório do clube. Pegar no clube e conseguir subir desta forma. Às vezes encontrava o presidente e só lhe dizia: “Força e bom trabalho”. É claro que sempre houve problemas, até que apanhou ainda mais problemas na Liga 2, o que é normal. Agora na Liga 3, é este o caminho para continuar e espero que o presidente tenha forças para continuar no clube de mangas arregaçadas e a trabalhar da forma como ele tem feito.
E que os adeptos também estejam com a equipa, que é fundamental. Quando se está bem é fácil, agora quando as coisas correm mal, é aí que todos precisam do 12.º jogador. Eu senti isso como jogador e isto é muito importante. Todos temos de remar para o mesmo sentido. Isso é que é o segredo, não tenho dúvidas.
9 maio 2024, 15:10
Patrick Morais de Carvalho, presidente dos azuis do Restelo, faz balanço de dez anos de liderança e aponta ao futuro
— A sua experiência como treinador passa muito pelas camadas jovens e não treina uma equipa principal desde o Vilafranquense em 2016/17. Quando Jorge Silas foi apresentado como treinador do Belenenses, em 2018, dizia que um jogador com 22 anos de carreira não podia ser inexperiente; como é que vai usar a sua experiência como jogador para abordar agora este desafio?
— O Jorge é muito meu amigo, mas eu tenho outra frase: “Nem todo o antigo jogador pode dar grande treinador”. E o facto de nunca ter sido jogador não quer dizer que não vá singrar como treinador. Tudo se complementa. Ter sido treinador ajuda na compreensão da postura do jogador. Agora sobre a conceção do treino, como jogador não tenho a perceção de alguém que estudou isso uma vida inteira. Tenho na equipa técnica pessoas que estudaram, mesmo que nunca tenham jogado, para podermos todos aprender uns com os outros.
Na vida de treinador, as malinhas estão sempre à porta, a todos os níveis. Mas se há coisa que não estou preocupado é isso. Quero ser sempre a solução e nunca vou ser o problema.
A minha paixão pelo treino é enorme. Eu entro nos juniores do Belenenses com o Marco Paulo e depois faço um trabalho de crescimento. No primeiro ano como treinador dos juniores, quase vamos à fase final do campeonato, no ano seguinte fazemos uma fase final digna de um clube como este, assim como na projeção de jovens, que é aquilo que eu gosto: identificar talentos e fazê-los jogadores.
Olhar para o Heriberto Tavares, aquilo que era quando era meu jogador e ver o patamar que atingiu. O Pedro Marques, avançado que está no Chipre, passou pelos Países Baixos e pelo Sporting, o André Franco, que está na equipa principal do FC Porto. Olho sempre para o futebol assim: que jovens jogadores posso apanhar, para os fazer crescer e evoluir. É o que mais me identifico como treinador. É o que vou procurar fazer no Belenenses.
No Vilafranquense, conseguimos a manutenção, que era o objetivo, fiz um plantel de muitos jogadores que saíram para patamares muito interessantes, mas houve incompatibilidade da direção com o meu trabalho, o que me fez zangar também um bocadinho com o futebol. E esta época, foi fantástico sentir tudo novamente. Houve dificuldade em recrutar e em reter jogadores e ficámos a dois pontos de ir à fase final do campeonato e acabámos em 1.º na fase de manutenção. Tudo isto é crescimento. Esta época, tínhamos treinos às 16.30 horas, chegávamos ao Restelo às 11.00 horas em dias de treino e saímos às 20.00 horas. Treinamos o sub-19 e se calhar dedicámos tanto tempo como nas equipas profissionais. Às vezes os resultados não aparecem. Quem gosta do treino e de tudo isto, tem de abdicar de muitas coisas.
— Na próxima época, a Liga 3 terá clubes como Covilhã, Sporting B, Académica, Vitória de Setúbal, SC Braga B, Atlético, Trofense e Varzim. Como é que antevê este campeonato, com tantos históricos do futebol português?
— É fantástico. Nada é melhor do que ver equipas históricas a fazerem o seu trajeto. Pondo-me no lugar do adepto, ver um Belenenses-Atlético é histórico, tem um peso diferente. Eu olho para isso de uma forma… não há nada melhor do que ter um estádio cheio, ou muito bem composto. Sei que quando as coisas correrem bem, vamos ser ovacionados, é tudo fantástico, e em momentos em que correm menos bem as coisas, vamos ter os adeptos, como é óbvio, insatisfeitos. Mas isso é bom. É sinal de que o adepto vive o clube e é exigente. E isso completa o crescimento de toda a equipa. Eu quase que vou dizer que sou viciado nisto. Sempre gostei de ter pressão. Assim sentimo-nos vivos e não há coisa melhor na vida do que isso. Que os adeptos cobrem, isto é o bom do futebol, ao sentirmos a paixão dos adeptos damos sempre o nosso melhor.
31 maio 2024, 08:00
Primeira entrevista do novo treinador dos azuis do Restelo, que quer levar o clube à Liga 2 apostando também na formação do mesmo. Isto após uma época em que treinou os juniores daquele que diz ser o clube da sua carreira
— O Belenenses teve seis treinadores nos últimos três anos. Imagina-se a ficar neste lugar por mais do que uma época e qual é o legado que quer deixar enquanto treinador do clube?
— Na vida de treinador, as malinhas estão sempre à porta, a todos os níveis. Se fizer um bom trabalho, é possível ir para outros voos. Se fizer um mau trabalho, a saída do treinador é o mais normal. Se há coisa que não estou preocupado é se as malas estão à porta. Só estou preocupado em constituir uma boa equipa que apresente um futebol de qualidade, em que os adeptos se deliciem com o que estão a ver. Isso é o fundamental, é vermos os adeptos com um sorriso. É esse o legado que quero deixar. Enquanto treinador, quero ser sempre a solução e nunca vou ser o problema.