Juventus «Acusações ao clube parecem-me genéricas»
Verdadeira lenda das balizas, o guardião internacional italiano Gianluigi Buffon, de 45 anos, agora no seu primeiro clube de sempre, o Parma, mas com 20 épocas e recorde de 685 jogos pela Juventus na sua extraordinária carreira, comentou neste dia a ‘Operação Prisma’ e o caso em que a ‘velha senhora’ poderá mesmo ser penalizada com a subtração de 15 pontos na sua classificação da Serie A (campeonato italiano) na presente temporada, por alegada fraude contabilística, mostrando-se confiante de que tal não venha a acontecer, face ao seu entendimento das acusações e da prova produzida e do conhecimento público até à data.
«Ficarei surpreso [se vierem a retirar 15 pontos à Juve], parecem-me falhas bastante genéricas», afirmou esta quinta-feira o 176 guarda-redes de Itália, pela qual se sagrou campeão do Mundo há 17 anos (Alemanha-2006), em entrevista ao ‘Il foglio de San Siro’, citado pela La Gazzetta dello Sport.
Depois de ter visto, a 5 de fevereiro de 2022, o Parma, seu primeiro e atual clube (Serie B, segunda divisão italiana), como prémio pela longevidade e ímpar carreira, anunciar a renovação do vínculo até ao verão de 2024 – sim, irá continuar a defender as balizas aos 46 anos, mesmo se, na Serie A, é já o profissional mais velho a tê-lo feito, com 43 anos e 103 dias -. ‘Gigi’ Buffon passou em revista uma carreira rica de êxitos, desde o seu clube atual, entre 1995 e 2001 (e agora desde 2021), à Juventus (2001 a 2018 e de 2019 a 2021), Paris Saint-Germain (2018/19).
«O PSG é… como um amigo; a Juventus parece um pai para mim, enquanto o Parma é… uma mãe compreensiva, que sabe como te fazeres sentir bem», foi como descreveu, de forma sumária e lapidar, todos os clubes que conheceu na carreira.
E quanto ao caso da Juventus, que será decidido em audiência marcada em tribunal agora para o próximo dia 22 do corrente mês, mostrou desconfiança quanto à alegada alteração premeditada dos montantes de transferências nas contas do clube.
«Estou surpreso, só conheço algumas coisas superficialmente, e não gostaria de cometer erros ou de me pronunciar em falso. Pelo que depreendi do que me foi dado conhecimento, parece-me que as falhas [contabilísticas apontadas à Juve e seus antigos dirigentes] são bastante genéricas», é a opinião transmitida pelo lendário guardião italiano, que conquistou dez ‘scudetti’ pela Juve, oito deles em nove épocas, entre 2011/12 e 2019/20 (mais 2001/02 e 2002/03), além de cinco Taças de Itália e seis Supertaças de Itália pela ‘velha senhora’: só não conseguiu vencer a Champions pelo clube, apesar de ter disputado três finais da prova em campo.
«O meu sonho de ainda jogar outro Mundial, esse desapareceu», acrescentou o incontornável ‘número um’ no coração dos adeptos de futebol italianos, e que no total dos escalões de formação, represento a ‘squadra azzurra’ em… 200 jogos!
«Tenho de me render ao facto de os anos passarem por todos nós. No papel, até poderia ter tido duas hipóteses de ter jogado mais Campeonatos do Mundo, mas a Itália não se qualificou (Rússia-2018 e Catar-2022)», recordou Buffon, de quem se aventa que, com a sua inestimável experiência, deverá, a breve trecho, juntar-se ao corpo técnico da seleção italiana.
«Eu ir ajudar Mancini ao leme da seleção, num papel como tinha Gianluca Vialli [já falecido]? Vamos ver, não sei se estaria à altura, e não quero cometer os mesmos erros. Para já, estou focado no Parma, onde voltei mais de 20 anos após ter partido, em 2001. Vivo com ligeireza certas situações, que pesariam sobre a maioria dos meus colegas. Procuro novos sonhos para realizar e faço muita autocrítica, para entender onde estou em cada caminho», disse ‘Gigi’.
«O objetivo é tentar divertir-me novamente, pois os últimos anos da minha carreira têm sido um pouco como os primeiros: voltou o divertimento são, puro, a paixão e a vontade de mostrar o meu talento aos fãs», concluiu este icónico gigante das balizas, que nem hesita em nomear os seus mais dignos sucessores na atual geração entre os postes: «[belga Thibaut] Courtois [Real Madrid], Mike Maignan [francês, AC Milan], Donnarumma [italiano, PSG] e [Jan] Oblak [esloveno, Atlético de Madrid e ex-Benfica] são os meus preferidos».