Liga 3 Acusa dirigente e colega no Moncarapachense de agressões e salários em atraso (vídeo)
O Moncarapachense vive dias difíceis desportivamente, disputando nesta altura o grupo de Despromoção da Liga 3, mas agora também socialmente, com um jogador, Rafael Busqueti, a acusar o diretor desportivo Rui Loja, e o filho, Afonso Loja, atleta do clube, de agressões.
Rafael filmou-se com o telemóvel no balneário do clube, reclamando salários em atraso, e com a boca em sangue, acusando ambos de lhe terem batido, um deles pelas costas.
«Em todos os lugares, sonhamos em começar pelo pé direito! Esse mesmo que me abriu as portas em clubes pelo mundo e me fez ser respeitado por onde passei, mas o pé não foi o protagonista dessa história, mas sim as costas. Foi uma época aterrorizante para mim; lesões, atrasos salariais de 9 meses, humilhações, agressões físicas e psicológicas! Referente a tudo isso, pedalava cerca de 40 km por dia trabalhando com entregas, fora o que pedalava para ir aos treinos, pois era o único emprego que conseguia conciliar com a rotina de treinos e jogos. É muito difícil me expor assim, mas é necessário! Quantas e quantas vezes pedi ajuda, muitas vezes meus companheiros presenciaram isso, e solícitos, me ajudavam como conseguiam. Fui constantemente humilhado e deixado de lado sem explicações e nenhum diálogo! Perseguido a todo momento. Existem tantas coisas que prefiro nem mencionar, coisas de embrulhar o estômago. Cheguei num estado de depressão profunda e minha fé foi meu combustível para me manter vivo e resiliente! A todo momento cobrava meus direitos, pedia ajuda e nunca era ouvido! No fim, eu sabia que não cumpririam com as obrigações e nem me ajudariam em nada, por isso, só queria terminar meu tratamento, que eu pagava e ir embora! Mesmo assim, a minha humilhação era combustível para alguns indivíduos ali… Que não contentes para as agressões psicológicas, partiram para as agressões físicas! Um episódio que o Sr. Diretor desportivo, Rui Loja e seu filho, atleta do clube, Afonso Loja, me agrediram de forma covarde e violenta. O filho, teve a audácia de me agredir enquanto estava sendo segurado pelos meus amigos dentro do vestiário, pelas costas! Cerca de 15 socos no meu rosto, enquanto todos não percebiam os golpes, por conta do tumulto. E é assim que termina minha história nesse clube, que após as agressões dos mesmos, optou em deixar pai e filho trabalhando e não estiveram ao meu lado! Afinal, cobrar 9 meses de salário e levar socos e pontapés por isso, é algo normal que não merece uma conduta disciplinar? Se encerra um ciclo tóxico em minha vida, onde um clube virou-me as costas e onde faltou hombridade e respeito do diretor esportivo Rui Loja e seu filho Afonso Loja», acusa num comentário ao vídeo.
Ao site Zerozero, Rui Loja deu a sua versão: «Naquele dia, eu já estava um pouco exaltado com outras situações porque a nossa posição [no campeonato] não é boa. E ele virou-se para mim e começou a ofender-me. Há coisas que uma pessoa muitas vezes não consegue engolir... e eu, que se calhar dei-lhe um tratamento especial que não dei a mais nenhum, ao fim ao cabo, acabei mal tratado. Disse-lhe que o queria fora do balneário e ele fez-se a mim: avançou de uma maneira bastante agressiva com o telemóvel a filmar. Eu voltei para trás, fui direto a ele e depois... as coisas escalaram. Logo de seguida, os jogadores agarraram-nos, se não a situação poderia ter sido pior.»
Rafael acabou por chamar a GNR, que identificou pai e filho.
Rui Loja tem por seu lado, uma versão dos factos que levaram a este confronto, também relatados ao Zerozero: foi o pai de Rafael, jogador brasileiro, quem colocou o filho no clube, prometendo investir no clube algarvio, pagando os salários ao filho. Rui Loja defende mesmo que o pai enganou o clube e o filho, pois este nem saberia do combinado.
«No ano passado (…) foi-me pedido para colocar um jogador. O tal investidor pagava para o Busqueti ser inscrito, para jogar e fazer parte do plantel. E, enfim, o miúdo já tinha estado no Mónaco e em alguns sítios, mas depois vamos a ver... só esteve lá, mais nada, não jogava. (…) O pai dele pediu-nos para o acompanhar e queria mandar dinheiro para pagarmos o seu ordenado. Coisa que nunca aconteceu. Nós tivemos aqui despesas com o jogador que acabou por nunca se integrar no grupo... nem fazia parte da folha salarial, porque não estava contemplado isso», prosseguiu o diretor-desportivo, sendo que Rafael acabou por estar parte do tempo lesionado. O jogador diz que optou por não receber salário enquanto estivesse lesionado, mas que acabou por nunca receber nada.