Marco Pedroso, videoanalista que trabalhou com Jorge Jesus 8 anos e 13 no Benfica, recorda episódio polémico de 2015
Marco Pedroso, de 45 anos, tem uma carreira sólida como videoanalista no futebol português e nos últimos anos também como técnico-adjunto. O gosto pela videoanálise surgiu muito cedo e até em contexto familiar (o irmão Samuel Pedroso trabalhou como analista para a Federação Portuguesa de Futebol), mas foi desde 2007/2008, com Jorge Jesus, no Beleneneses, que começou a trabalhar em contexto de clube.
Mudou-se com o treinador do Restelo para o SC Braga e dali para o Benfica; passou oito anos integrado na equipa ténica de Jesus e depois, em 2015, ficou nos encarnados no momento em que o seu futuro ficou indefinido depois da mudança de Jesus para o Sporting.
Nesse verão intenso, com Jesus a ir para Alvalade e Rui Vitória a assumir o cargo na Luz, foram vários os episódios controversos e num deles Jesus queixou-se de o Benfica lhe ter sonegado informação. «Dentro do disco do meu computador estavam seis anos do meu trabalho, que ficou lá. Ficaram com o meu trabalho», disse Jesus numa conferência de imprensa.
Marco Pedroso fez trabalho de videoanálise e mais tarde de campo, esteve na Luz com Jesus, Rui Vitória, Bruno Lage e Veríssimo e conta como foi
A acusação tocou também em Marco Pedroso, que, entrevistado por A BOLA, aceitou recordar o que se passou. «Havia a informação no computador que o mister diariamente utilizava, e era o clube que fornecia esse equipamento, e houve realmente essa polémica em torno da informação que teria ficado no clube, na minha posse, informação que não era nada de mais, o normal, as rotinas que tínhamos no clube. E essa informação, relatórios de análise, observações dos jogos e adversários, era sempre entregue ao mister em todos os finais de época…», começou por explicar Marco Pedroso, que colocou em perspetiva o momento e desvalorizou a queixa do treinador.
Não faria sentido falarmos sobre quem é que iria ficar com a informação visto que eu próprio tinha conhecimento das ideias e da forma como o mister via o jogo.
«Depois de oito anos integrado nas equipas técnicas de Jesus, isso permitia-me também ter eu próprio conhecimento da forma de jogar do mister e era também eu que elaborava o documento orientador do modelo de jogo do mister, que íamos revendo de ano para ano, eu o meu colega Miguel Quaresma, fazíamos esse trabalho... portanto, não faria sentido falarmos sobre quem é que iria ficar com a informação visto que eu próprio tinha conhecimento das ideias e da forma como o mister via o jogo. Mas esse trabalho, a informação, foi todo entregue ao mister quando ele regressou de férias, os discos com a informação… a ligação que mantinha com o mister manteve-se. No regresso dele em 2020 passei-lhe os últimos anos das minhas experiências mais de campo, porque antes com ele tinha sido mais de gabinete, mas ele entendeu não ser necessário integrar mais nenhum elemento na equipa técnica — e a verdade é que depois foram integrados dois analistas na equipa técnica dele a fazer o trabalho que eu fazia — e permaneci ligado ao Benfica. A questão do computador... ele próprio também já o tinha… essa questão foi mal explicada porque o computador no fundo até era do clube, mas ele já o tinha e a informação toda também lhe foi passada por mim.»