Tudo o que Cristiano Ronaldo disse no arranque da operação Liga das Nações
Cristiano Ronaldo gesticula durante um jogo de Portugal pelo Euro 2024 em futebol. Foto: Fabio Ferrari/LaPresse
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Tudo o que Cristiano Ronaldo disse no arranque da operação Liga das Nações

SELEÇÃO02.09.202418:22

Confiante sobre as suas capacidades, capitão luso garante estar determinado em ajudar Portugal enquanto se sentir útil; não se sente incomodado com a crítica e considera-a «normal»

Após o Euro 2024, passou-lhe pela cabeça deixar a Seleção?

Isso é tudo da Imprensa. Nunca me passou pela cabeça que o meu ciclo tivesse chegado ao fim. Antes pelo contrário: ainda me deu mais motivação para continuar, para ser sincero.

Que motivação há para vir à Seleção depois de ter ganho um Europeu? Conquistar um Mundial?

A motivação é a de vir à Seleção para ganhar a Liga das Nações. É a nossa próxima competição, por isso estamos cá para preparar os treinos da melhor maneira para ganhar esta prova que já ganhámos por uma vez e é para repetir – é essa a nossa motivação. Se calhar vou repetir muitas vezes a mesma palavra, mas não penso a longo prazo, é sempre a curto prazo.

Quando revelou os convocados, Roberto Martínez falou num «novo ciclo» para a Seleção Nacional. Pensa que pode ser importante para os jovens que o veem como um exemplo?

Acho que faz parte, a Seleção sempre foi assim, com a vinda de jogadores, integrar aqueles que estão há mais tempo. Para mim, isso é uma situação normal, obviamente que desde que estou na Seleção – e já vão bastantes anos (risos) –, a integração dos novos jogadores é normal e são sempre bem recebidos. O meu papel será sempre o mesmo, de ajudar quem vem, mas acho que os jogadores mais velhos na nossa equipa têm-no feito bem e vejo com bons olhos estas experiências que o mister tem feito.

Os mais novos que chegam olham para si como um pai. O que lhes diz?

Muitos deles têm vergonha de falar comigo (risos)
Há bocado estava a subir para o quarto e vi o menino novo, de 17 anos, o Quenda, fui ter com ele e disse-lhe: ‘então jogador, estás recuperado do jogo?’. Vi que ficou envergonhado. Não digo que sou um pai, mas um irmão mais velho, um pai pode ser para alguns e, como disse anteriormente, já passei pelo mesmo que eles e a Seleção é uma família. Focamo-nos na Liga das Nações, que é uma competição divertida e que Portugal quer ganhar.

Sempre foi muito autocrítico. Como funciona na Seleção para que sejamos melhores na próxima competição?

Faz parte, a vida de um futebolista é isto. Há momentos bons, menos bons, maus…e é bom que aconteça, no meu ponto de vista é bom porque só podemos aprender numa derrota, ou num mau momento. Quando as coisas correm bem, é difícil poder evoluir e acho que é isso, essas ilações que devemos tirar, não só no futebol, mas também na vida em si. Acho que devemos ter essa capacidade de poder encarar os momentos menos bons vom otimismo, com leveza.

A expectativa que as pessoas puseram à volta da Seleção foi demasiado alta e acabam por perder-se nos seus pensamentos. Se ganhas nos penáltis, estarias na meia-final e já ficavam todos contentes, encarávamos a Espanha e poderia dar para o bem e para o mal, não se sabe. Parece que houve uma desilusão e, no meu ver, não houve desilusão, foi parte de um processo de crescimento de uma seleção, novos jogadores, nova estrutura e um novo selecionador. No meu ver, sinceramente (ndr: o
Euro 2024) foi positivo, não foi um fracasso e para mim foi uma vitória, temos de estar orgulhosos.

Está preparado para continuar a vir à Seleção, mesmo que um dia possa deixar de ser titular?

Isso é o que vocês pensam. Até ao final da minha carreira, terei sempre o pensamento que serei titular. Respeitarei sempre as decisões, não só do selecionador, mas nos clubes em que joguei sempre as respeitei… uma ou outra vez, também se portaram mal comigo (risos). Mas, falando sério, sempre que houver ética profissional, sempre respeitarei as decisões dos treinadores. Quando foge da ética profissional, pode sempre haver controvérsias, mas isso é à parte.

O que sinto neste momento, e as palavras do mister também o demonstram, é que eu continuo a ser uma mais-valia para a Seleção e serei o primeiro (ndr: a assumi-lo) se isso não acontecer, se não for uma mais-valia serei o primeiro a ir-me embora. Mas a ir, vou de consciência tranquila, como sempre, porque sei o que sou, o que posso fazer, o que faço e o que vou continuar a fazer.

Encaro o presente de maneira muito positiva porque para mim o mais importante é encararmos cada momento, cada ciclo, e o ciclo é bom, sinto-me feliz. Temos o exemplo do Pepe, que fez uma carreira excelente na Seleção, foi um exemplo para todos nós e saiu pela porta grande. Todos aqueles que representam a Seleção devem pensar que sairão sempre pela porta grande.

Fica magoado com algumas críticas? Sente que o seu legado é sistematicamente atacado?

Isso é ótimo. A crítica é ótima porque, se não existir, não há evolução e é normal. Sempre foi assim, vai ser agora que vai mudar? Não vai ser, por isso tento fazer o meu caminho, ser o máximo profissional possível, ajudar o clube da melhor maneira com o meu profissionalismo e não só com golos, com assistências, com disciplina, com exemplo, porque o futebol vai muito mais além de jogar bem ou marcar um golo.

As pessoas que opinam nunca estiveram dentro de um balneário, acho normal até e muitas vezes até me rio porque é a mesma coisa que eu falar de Fórmula 1. Como vou opinar sobre Fórmula 1, se não percebo de pneumático, de jantes, não sei o peso do carro... É normal e por isso para mim a crítica é boa e faz parte, não tem problema nenhum.