A recusa de favoritismo, o elogio a Martínez e a construção de algo especial: tudo o que disse Rúben Dias
Rúben Dias foi o porta-voz da vontade portuguesa (foto Miguel Nunes)

A recusa de favoritismo, o elogio a Martínez e a construção de algo especial: tudo o que disse Rúben Dias

SELEÇÃO17.06.202419:37

O porta-voz da Seleção na antecâmara da estreia foi o experiente central do M. City: «Continuamos frescos e com energia, mesmo depois de longa e extenuante época»

Rúben Dias afasta favoritismo na véspera do arranque de Portugal neste Euro 2024. Com um discurso adulto e consciente, prefere destacar a união que se vive, a frescura e energia que se sente, a facilidade de comunicação e entendimento das ideias de Roberto Martínez. A Chéquia não será fácil, mas a Seleção Nacional está pronta para tudo.

- Pode confirmar-nos que Pepe está apto para jogar amanhã?

- Eu acho que está tudo bem, portanto…

- Já sabe com quem vai fazer dupla?

- Não, ainda não sabemos.

- Vai ser num esquema com dois ou com três centrais?

- Isto hoje é só sim ou não [risos]. Ainda não sei…

- Como se sentem agora que finalmente vai começar o Europeu?

- Sentimo-nos prontos. Temos um bom mix de experiência com jogadores mais jovens. E, além da experiência desportiva nos clubes, temos de sublinhar também o tempo que temos juntos a passar por competições como estas. Passar por dificuldades juntos, ano após ano, competição atrás de competição, torna-nos melhores, ajuda construir cada vez mais o espírito que temos de ter numa prova como esta.

Tudo pronto para o arranque em Leipzig (foto Miguel Nunes)

- Muitos vos apontam como favoritos à vitória no Euro. Têm uma das melhores seleções, têm Ronaldo, um dos melhores do Mundo. Sentem que são um alvo a abater?

- Não gosto de me fixar em favoritismos. No final de contas, sabemos todos da qualidade que temos e das condições que temos para fazer algo especial. Mas depende sempre muito da capacidade que temos para nos juntar outra vez em cada momento. Como aconteceu em setembro, em novembro, em março. Cada novo estágio exige algo novo, é quase tudo novidade, não pelo contexto em que estamos, mas no sentido em que é um momento e que temos de juntar-nos novamente. E é importante essa capacidade que temos de nos ligar sempre outra e outra vez. E isto vai ser o resultado dessa capacidade, a de continuarmos frescos, com energia mesmo depois de longa e extenuante época e de, perante as dificuldades,  termos capacidade de lidar e de continuar a crescer durante a competição e isso é o mais importante.

- Disse que a derrota com a Croácia foi um abre olhos. O que falaram entre vós para mudar o que de mal aconteceu?

- Foi um momento importante para observar, refletir e para abordar diversos pontos em que temos de melhorar. Preferia que tivesse acontecido exatamente ali. Estamos prestes a começar a competição e, em parte, devido ao que aconteceu nesse jogo e às coisas que deviam ter acontecido e não aconteceram, estamos muito mais preparados.

- Suçek, da Chéquia, disse que gostava de repetir o chapéu de Poborsky em 1996 (1-0 contra Portugal, no Euro-96). E Portugal o que tem de repetir da vitória por 4-0 em 2022 na Liga das Nações?

- Passou algum tempo, as circunstâncias são diferentes. É importante ter presente esse jogo porque, mais do que o resultado, foi a abordagem e o feeling como equipa. Amanhã defrontaremos uma equipa diferente, embora muitos jogadores continuem lá. Ter vencido esse jogo na Liga das Nações é fator de confiança.

- Qual a chave para o Rúben estar sempre ao mais alto nível?

- A consistência é o mais difícil de conseguir em futebol: chega-se bem a um alto nível, outra conversa é ficar lá. Como equipa, para construir algo especial, temos de crescer juntos.

- O que trouxe Martínez de diferente à Seleção?

- Mais do que na parte táctica, apontaria o foco mais para a pessoa com quem trabalhamos, quer no dia a dia quer no modo como abordamos a ideia, a análise dos adversários. É fácil para nós porque ele tem uma maneira fácil de comunicar.

- O que representa Cristiano Ronaldo para o resto do grupo?

- Representa o futebol, o sonho que se pode realizar. É um prazer tê-lo connosco. Estar com ele neste momento da carreira… representa querer ganhar sempre. É o nosso capitão e segui-lo até ao fim, haja o que houver.

Começa hoje o último Europeu para Pepe e Ronaldo (foto Miguel Nunes)

- Já se sente como uma referência, um líder?

- Por consequência natural da minha carreira, sou um dos mais experientes do balneário. É consequência do que é a carreira, as conquistas e a personalidae. Sou dos mais experientes, num mix de idade e futebol e tento passar para toda a equipa isso e usar esse ativo para o sucesso de todos nós.

- Na Chéquia, quem pode causar mais problemas à defesa portuguesa?

- Podia dizer nomes, mas não gosto de fazê-lo. Nunca é só um jogador que causa problemas, é a equipa toda, o modo como joga, como pode atacar com perigo. A Chéquia é perigosa e tudo faremos para vencer.

- Portugal é apontado como um dos favoritos, muita gente espera que ganhem. Isso dá pressão?

- É antecipado dizer que somos os principais favoritos. Não acho que sejamos. Somos bons. Podemos ser perigosos, mas tudo depende de como crescemos. Temos talento, qualidade, experiência (um bom mix), mas há que encontrar o melhor ritmo e mentalidade para chegar o mais longe possível.

- Segundo novas regras só mesmo os capitães podem falar com os árbitros. Pepe vai conseguir conter-se, sendo Ronaldo o capitão?

- Por mais que façamos tudo para respeitar as leis e os árbitros, há momentos e momentos e alguns não são fáceis, é difícil manter o controlo. O que a UEFA mais quer é que sejamos respeitosos, mesmo que no calor do momento queiramos reagir. Há modos de consegui-lo. Há formas de encontrar um equilíbrio e conseguir isso.

- A Chéquia é muito física e alia isso ao perigo das bolas paradas. Como se prepararam?

- Faz parte do nosso trabalho conhecer bem a Chéquia. Há pouco vi um comentário sobre serem altos e fortes e nós não. Podemos ter alguns mais baixos do que o costume mas temos um bom equílíbrio no que toca à capacidade física. Temos noção de contra quem vamos jogar e estamos preparados.