André Villas-Boas à saída do Tribunal São João Novo, no Porto, após ter sido ouvido no âmbito da Operação Pretoriano
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Villas-Boas não é réu

OPINIÃO23.03.202510:00

Narrativa dos arguidos e dos seus advogados tenta descredibilizar o presidente do FC Porto, imputando-lhe culpas pelos incidentes da Assembleia Geral de 2023. Os argumentos são enviesados

Após longas semanas de espera, começou finalmente o início do julgamento do processo Operação Pretoriano, sendo o primeiro dia destinado à audição de Fernando Madureira, o único arguido que se encontra em prisão preventiva. O ex-líder da claque Super Dragões atacou o atual presidente do FC Porto, culpabilizando-o pelo facto de a sua máquina de campanha ter criado um ambiente hostil que redundou nas agressões ocorridas na famigerada Assembleia Geral, numa narrativa usada também por Fernando Saul, antigo OLA (Oficial Ligação aos Adeptos) do FC Porto.

Na mesma linha, os advogados dos arguidos seguiram a linha de raciocínio e, no depoimento do atual líder dos dragões, tentaram passar a ideia de que os seus apoiante, com o recurso às redes sociais, apelavam a uma presença maciça, o que foi um facto, mas, ao contrário do que insinuam e das mensagens do WhatsApp dos grupos dos Super Dragões, sem qualquer incentivo à violência gratuita que se veio a verificar na reunião manga dos dragões, naquela que foi uma das páginas mais negras da história do FC Porto.

Ninguém me contou. Vi com os meus próprios olhos várias pessoas, jovens e com mais idade, a saírem em autêntico pânico, com o terror que viram dentro de um espaço que devia ser democrático e não o foi. Fiquei perplexo na altura com a passividade dos agentes de autoridade que estavam numa carrinha, impávidos e serenos, com o cenário que observaram. Argumentavam, perante as queixas dos jornalistas, que não tinham ordens do comissário-chefe para intervir, tendo em conta que era um evento privado e não tinha sido pedida a intervenção das forças da ordem por quem liderava a Assembleia Geral do FC Porto, na circunstância Lourenço Pinto.

Vi pessoas a chorar, idosos a tremer das pernas e também posso dizer que fui ameaçado fisicamente por um elemento dos Super Dragões, não me restando outra alternativa que não fosse fugir para não ser levado numa enxurrada de agressões que esteve a um pequeno passo de alastrar para fora Dragão Arena.

Esta semana, novamente no pleno exercício da minha profissão, estive presente no Tribunal São Novo para cobrir a terceira sessão do julgamento, depois de já ter seguido com particular atenção as duas anteriores. E fiquei estupefacto com algumas frases dos depoimentos de alguns arguidos que mais pareciam ficção científica. Dizer que as agressões foram palmadas de amor e cachaços na defesa de Pinto da Costa é algo impensável e um desrespeito para aqueles que viverem momentos de verdadeira agonia apenas porque defendiam uma mudança nos destinos do clube. Quem assistiu à audição de André Villas-Boas até ficava com a dúvida se não estaríamos na presença de um arguido, tal a forma como foi bombardeado com questões sobre a sua responsabilidade naquilo que se passou na Assembleia Geral de 2023.

Seguindo à risca aquilo que prometera durante a campanha, o presidente do FC Porto voltou a ser implacável com aqueles que, no seu entender, lesaram o FC Porto. Cabe à justiça, depois de ouvidas todas as testemunhas, decidir em conformidade e penalizar aqueles que agrediram adeptos comuns que queriam uma mudança no clube que amam. Mas uma coisa é certa: neste Processo Pretoriano, André Villas-Boas não pode ser visto como réu, como querem fazer crer...