Opinião Vencedores e vencidos em 2019
Mercado europeu recupera lentamente dos ‘saldos’ no final do ano passado
No mercado europeu, no 1.º semestre, abrandamento nas vendas de carros novos, pela 1.ª vez desde 2014. Na comparação com o mesmo período de 2018, -3,3%, para 8,8 milhões de registos. Os números da Associação de Construtores (ACEA) contrastam com a redução da taxa de desemprego e o recorde no nível de confiança dos consumidores: protocolo novo, mais exigente, para homologação de consumos e gases de escape, que impos certificação até 1 de setembro do ano passado, originando corrida aos… saldos dos carros desconformes (logo, antecipação anormal de compras).
A agressividade das estratégias comerciais penalizou muitas marcas e, por isso, os problemas mantêm-se. O ano passado, melhor junho de sempre! Em 2019, no mesmo mês, as vendas travaram 7,8%. Nos cinco mercados mais importantes do Velho Continente, crescimento no alemão (+0,5%). Nos outros quatro, nas matrículas de automóveis novos, menos em vez de mais: Grã-Bretanha (-3,4%), França (-1,8%), Itália (-1,8%) e Espanha (-5,7%). Portugal regra, não exceção, com -4,8%.
A ACEA monitoriza 32 marcas e, no 1.º semestre de 2019, apenas 12 progrediram nas vendas, no frente a frente com o período homólogo de 2018. Surpreendentemente, em 1.º na tabela, Lancia/Chrysler, dupla sem expressão fora de Itália – Ypsilon n.º 2 no mercado doméstico, atrás do Fiat Panda –, com progresso de 27%! Atrás, Mitsubishi (14%) e Lexus (11%). Os fabricantes nipónicos beneficiaram do investimento na eletrificação do automóvel, ambas privilegiando a fórmula híbrida com tecnologia plug-in para recarregamento externo das baterias.
Outros motores de crescimento nos primeiros seis meses de 2019, ordenando-os do mais para o menos bem-sucedido comercialmente: Dacia (10%), Citroën (6,5%), Seat (6,3%), Jaguar (4,4%), Volvo (2,4%), Jeep (2%), Kia (1,6%) e smart (1,1%). A Alpine vende apenas o A110, mas foi a marca que mais acelerou. No 1.º semestre de 2017, a subsidiária da Renault registou 636 exemplares. Este ano, de janeiro e junho, as entregas aumentaram 305% (!), para 2575 automóveis. Vale o que vale…
Entre as marcas premium, Mercedes 1.ª, à frente de BMW e Audi, mas todas piores do que o mercado, com resultados aquém da média. Na comparação 2018-2019, a primeira perdeu 1,8%, a segunda 0,3% e a terceira 6,0%. A VW manteve-se no topo das vendas na região, com 936.348 carros, mas perdeu 0,4% de quota, de 11,5% para 11,1%, devido a quebra de 6,5% nas vendas. Mas, muitas marcas perderam mais, vide Ford (-7,8%), Fiat (-10%), Honda (-15%), Porsche (-20%), Nissan (-24%) ou Alfa Romeo (-42%).
O mercado europeu recuperará muito lentamente dos saldos no final do ano passado.