Vasilhame: entre a saudade e a necessidade
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A BOLA DE BERLIM Vasilhame: entre a saudade e a necessidade

OPINIÃO26.06.202409:00

HAMBURGO — Bem me lembro do tempo em que acumulávamos vidro lá por casa. Depois, ao fim de semana, acompanhava o meu pai até ao supermercado e tinha a responsabilidade de colocar as garrafas, uma a uma, no depósito do vasilhame, com direito a talão de crédito para aplicar na próxima compra. Quantas mais as garrafas no saco, mais animado ia eu. Nem tanto pelo valor a receber - que a comida comprada depois não saía do meu bolso -, mais pela repetição daquele gesto de colocar a garrafa na plataforma e vê-la rodar até cair para parte incerta, lá trás, com estrondo. Essa velha rotina perdeu-se com práticas alternativas de reciclagem, mas deu para recordá-la aqui na Alemanha, onde continua a ser prática comum, maioritariamente entre pessoas de mais idade. A ponto de estarmos constantemente a ver gente a recolher latas ou garrafas na rua. Sobretudo de bicicleta, com sacos a tiracolo ou caixas atreladas. A rua é espaço privilegiado para a recolha, sobretudo perto das fan zones do Euro, mas também já fui abordado por uma senhora que veio ter comigo à mesa do restaurante e, educadamente, perguntou se podia levar a garrafa de que já nada me servia. Para muitos este Campeonato da Europa pode bem ser uma festa, para outros é uma ajuda suplementar para ter sustento.