VAR na Liga 2

OPINIÃO12.07.202206:31

Jogos da Liga 2 são muitas vezes arbitrados por jovens juízes, mais propensos ao erro

R EGRESSO a este tema, na sequência de notícias que vieram a público esta semana. Pelo que foi dado a perceber, Liga Portugal e Federação Portuguesa de Futebol parecem não estar em sintonia quanto à data (e possibilidade) de termos videotecnologia na segunda liga portuguesa.
A implementação de VAR numa competição oficial requer, de facto, um conjunto de pressupostos que não se definem de um dia para o outro. Não se trata apenas de colocar um conjunto de árbitros numa sala cheia de ecrãs, filmar todos os jogos e esperar que eles intervenham sempre que surja um lance protocolado.
A FIFA impõe (e bem) um conjunto de certificações para que uma prova possa usufruir oficialmente dos benefícios da ferramenta. É necessário credenciar pessoas, adaptar os estádios à nova realidade e fazer um conjunto de diligências técnicas e operacionais imprescindíveis à sua implementação. Isso exige recursos e leva tempo, obviamente. E convém não esquecer que esta medida implica avultado investimento financeiro, nunca tendo ficado claro, para o exterior, quem deve suportar o quê. Será essa uma obrigação exclusiva da casa-mãe ou da entidade que tutela o futebol profissional? Será que devem ser os clubes a suportar os custos do serviço premium que exigem ou será esta uma responsabilidade partilhada? Se sim, como? De que modo? Porquê? Era giro percebermos o racional.
Sem prejuízo dessa e de outras interrogações (que legitimam dúvidas a quem tem que tomar decisões), o importante é que todos percebam que este é um tema urgente para o nosso futebol. Hoje em dia, parece claro para toda a gente que o jogo precisa de meios credíveis, que ajudem a apurar a verdade desportiva de forma mais eficaz e célere.
Atualmente ninguém duvidará que a videoarbitragem é sinónimo de maior integridade desportiva. Ela não pode nunca deixar de ser opção quando é a única opção que o futuro exige.
É importante recordar que o VAR, ainda que com muitas arestas para limar, já salvou centenas e centenas de decisões erradas na Primeira Liga portuguesa. O VAR devolveu justiça a vários lances que foram erradamente analisados em campo e isso é indiscutível. Sem prejuízo de análises mais discutíveis ou de situações cinzentas (onde, em boa verdade, não é suposto haver intervenção de quem está em sala), a verdade é que, ao longo das últimas épocas, houve um sem número de golos, agressões, cartões e penáltis bem corrigidos, após indicação oportuna dos videoárbitros.
Muitos desses instantâneos alteraram positivamente o resultado dos jogos e, porventura, o rumo de várias equipas na classificação final. Isso é verdade e é disso que tudo isto se trata: de melhor e maior apuramento da verdade desportiva.
Para os árbitros, a videoarbitragem é um apoio fundamental porque, em campo, erram em algumas avaliações e porque são humanamente incapazes de competir com as imagens que a transmissão oferece aos adeptos. Não é justo que esses disponham, no sofá, de mais meios do que aqueles dispõem em campo. Também para os clubes da Liga 2, a tecnologia é imprescindível.
Não faz sentido o tratamento diferenciado a que estão sujeitos, até porque os seus jogos são muitas vezes arbitrados por jovens juízes, naturalmente mais propensos ao erro.
Era importante que houvesse um acordo rápido (e justo) para todos. O futebol precisa... e agradece.